Como escritora, pesquisadora, analista da vida, lidando com leituras pesadas de informações que causam mais pesar que alegria, sobretudo, como pensadora, eu tenho uma necessidade quase viceral de aliviar a tensão mental da minha consciência analítica.
Nestes intervalos, que são para mim como recreios do sério pensar, gosto de pensamentos fluidos e leves, quando possível que me provoquem o riso inesperado próprio das comédias da vida privada ao estilo de Shakespeare, que eram tanto do agrado da rainha Elizabeth I, a qual sabia que até mesmo a mais severa seriedade merece um instante de alívio para melhor pensar.
Minha cabeça sempre foi uma caixa de Pandora, ao melhor estilo de Atena que, enquanto esteve dentro da cabeça de Zeus, só dava dor de cabeça, e exasperado um dia ele a arrancou de si e criou a deusa grega da sabedoria, estratégia em batalha, artes, justiça e da habilidade, a formidável Palas Atena, eu do mesmo modo tenho que tirar da minha mente os pensamentos. Pois meu pensar só sossega quando encontra sua forma na realidade. Alguns chamam este tormento de inspiração, eu chamo de reflexão focada continuada, quase obsessiva, que obriga-me a expressar o processo criativo em pensamentos racionais, os traduzindo para a mais fácil compreensão. Pensamentos, que podem ser um tanto transcendentes para o momento, mas que sempre se provam plausíveis com a passagem do tempo.
Por isso, um dos meus maiores prazeres é viajar na cabeça de outras pessoas, ou ler o que está se passando na cabeça delas. Eu sou uma leitora voraz, isto porque para escrever um texto eu tenho que ler no mínimo uns cinquenta artigos e outras tantas notícias sobre o assunto que pretendo analisar. E não leio com mera passagem de olhos como muitos fazem, eu leio com atenção e respeito que o mensageiro da informação merece. Para mim, aqueles que compartilham seu saber, são generosos e merecem o meu “Deus lhe pague” direto. Leio de Fernando Gabeira ao Jamil Chade, pois pensadores não tem idade, fazem do pensar um ofício e servem à Humanidade, com um desapego de suas mentes, algo que só acontece raramente entre os seres humanos, principalmente nos dias atuais em que a estupidez virou mercadoria de consumo ávido e o achismo é generalizado, a ponto de praticamente calar a sabedoria, de sorte que ela por ser luminosa, se deixa achar num terreno sombrio e hostil digital da Internet e suas redes sociais, nem tão sociais assim, a bem da verdade.
Por vezes, eu tenho que agradecer aos algoritmos que traçam incansáveis o meu perfil, eles que se espelham nas mentes dos perfiladores das agências de inteligência, do tipo CIA, FBI, MI 5 e MI 6, grandes especialistas de espionagem, que sabem a importância de traçar o perfil de um indivíduo, seja ele criminoso ou não, para atingir algum propósito de interesse da agência do governo. É isso que acontece nas redes sociais, seus membros tem suas personalidades analisadas e a exposição de suas atuações nas redes sociais são manipuláveis conforme a tendencia do momento e os interesses políticos e comerciais dos donos destas redes. Mas, eu acho que por vezes até os responsáveis pela manipulação dos algoritmos, sejam eles coisa ou gente, se cansam desse joguinho sórdido de fogueira de vaidades e oferecem uma inesperada jóia de sabedoria no seu feed de notícias, a qual mais parece ter escapado de uma outra realidade paralela para fazer ao menos, se não o seu, o meu dia melhor.
Foi assim do nada, quando dava uma espiada rápida no meu feed do Instagram, que eu me deparei com um simpático homem barbudo sorridente com os olhos, passeando pela bela cidade italiana de Perugia, falando com uma voz de locutor de rádio linda dizendo: “– Hoje eu encontrei com Deus sentado num café…”
Ao ouvir isto, eu abri um sorriso de reconhecimento de um padrão de semelhança comigo mesma. Explico, no ano passado nesta mesma época, eu comprei um livro no supermercado Carrefour, chamado “Café com Deus Pai”, escrito pelo pastor da Igreja Reviver, Júnior Rostirola, uma espécie de agenda com mensagens diárias de Deus, que terminei sua leitura cotidiana em 12 de novembro último. Acontece que eu tinha comprado este livro porque eu tinha acabado de ler o livro “Um café com Sêneca — Um guia estóico para a arte de viver” do escritor norte-americano, que decidiu viver em Saravejo com a esposa e o filho, de nome David Fideler. Sendo que, eu sou uma praticante da filosofia estóica há muitos anos, e encontro uma similaridade entre o estoicismo e os ensinamentos de Jesus, o Nazareno. Ao meu ver, ambos ensinamentos são complementares orientando à evolução pessoal, oferecendo conhecimento aos seus seguidores de como terem mais poder sobre si mesmo e em relação às circunstâncias em vivem, a fim de que possam alcançar não só a realização pessoal como também encontrar a felicidade existencial. Porquanto, as circunstâncias adversas sempre existirão, o que importa é como são enfrentadas e como se pode sair mais forte delas, além do que, é fato que a maior causa de infelicidade são as más escolhas e decisões que tomamos, ou seja, na maioria das vezes nós somos a causa de nossa própria infelicidade.
Não acredito em coincidências, coincidências ao meu ver são uma anomalia, acredito em padrões similares, ou seja, eu posso perceber padrões onde os outros estão muito distraídos para os ver. Para mim, estes padrões podem ser como sinais a dizer para eu prestar atenção em algo que eu preciso ter conhecimento, uma espécie de orientação da direção a seguir. Assim, quando aquele estranho disse: “Hoje encontrei com Deus sentado num café, aliás, que eu costumava ir sempre…” Eu parei e prestei atenção ao reel. Como não quero dar spoiler e vou colocar o link abaixo em Referências, eu vou transcrever aqui apenas algumas frases da conversa que essa pessoa de nome Romulo Carvalho (@romulo_nomade) teve com Deus:
“Ele (Deus) olhou tão fundo nos meus olhos (…)
( Deus) – O que você tem a perguntar?
(…) Respirei e comecei:
– Por que a vida dói tanto se há beleza em tudo?
(Deus) – Porque vocês olham para dor como inimiga, não como parte do caminho que amadurece a percepção.
– E a alegria?
(Deus) – Não é prêmio, é estado de consciência.
– E a saudade?
(Deus) – Saudade?
(…) (Deus) – Saudade é a prova que algo foi verdadeiro, só sente falta quem amou com presença.
(…) – Por que tantas perdas?
(Deus) – Porque permanência é um mito humano. Vida é movimento disfarçado de formas. (…)
– O que é viver bem?
(Deus) – É perceber o milagre do instante, sem o sequestro da expectativa. (…) “
Este é um exemplo perfeito de um pensar fluido, profundo mas leve, que é maleável em sua dialética, que permite ao pensamento relaxar e refletir como a contemplar a beleza do céu ao amanhecer.
“Deus lhe pague” Romulo Carvalho, Nômade! Sempre tenho a impressão que tudo chega quando mais preciso, ou ainda, tudo de bom chega quando se está pronto para receber com boa vontade, quando se está aberto para o improvável e o inimaginável.
Eu também já tive minhas experiências místicas e transcendentais, a ponto da presença de Deus na pessoa de Jesus ser, não um caso de esquizofrenia, mas sim de manifestação na realidade prática, meus encontros foram quase uma realidade fora da realidade, um intervalo temporal e físico. Só posso dizer que após um encontro com Deus ou com Jesus, há um antes e um depois, torna-se um ser transmutado, o que éramos não somos mais, o que somos é, e o que viremos a ser já o é. É uma experiência que toca alma, um êxtase que desperta a visão dos olhos da alma, que permite ver a presença de Deus permeando a tudo e a todos.
Todos somos viajantes da grande jornada da existência, transeuntes, nômades e mesmo que não se vá a lugar nenhum, se está em todos lugares, mesmo que se esteja só, se está com todos. Este é o grande mistério da vida, fazer parte de algo muito maior que nós, quer sejamos como gotas no oceano ou como grãos de areia numa praia, pertencemos à eternidade e nunca, jamais, nós estamos sós.
Referências
Hoje conversei com Deus…
@romulo_nomade
https://www.instagram.com/reel/DRUWVD9jOx5/?igsh=MWVjbTJmNWNzMjN1eQ==
Perfil LinkedIn de Romulo Carvalho (nômade)
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