O PAPEL DA MULHER NA IGREJA CATÓLICA DO SÉC. XXI
Bia Botana
Ao ouvir o papa Francisco em
sua entrevista ao jornalista da Globo, Gerson Camarotti, confirmando a decisão
impiedosa do papa João Paulo II de
fechar as portas de maneira definitiva ao sacerdócio feminino, eu senti o peso
misógino milenar da Igreja Católica Apóstólica Romana da pesada cruz que a
moral judáica-cristã coloca sobre as mulheres desde que Satã seduziu
maldosamente Eva, a mãe de todas as mulheres, com a fim de que o Homem caísse
em desfavor aos olhos de Deus, seu Pai e Criador. Novamente, em pleno século
XXI, Satanás consegue o seu intuíto de humilhar a mulher, apesar dos fatos
históricos que corraboram que é exatamente essa “mulher”, tão desprezada pelos
Senhores da Igreja Católica que é a responsável pelo sustentação dessa mesma
Igreja por séculos e séculos.
Disse o papa Francisco que
Jesus não tinha mulheres como discípulas, faltando nisso com a verdade. O que
eram então sua mãe Maria, Maria de Cleófas, Maria Madalena, Marta e Suzana,
para citar só algumas das mulheres constantemente instruídas por Jesus e
responsáveis por seu bem-estar até após a sua morte? Se não estavam na ceia da
Páscoa judáica é porque esse era o costume dos judeus daquela época, famosos
pelas humilhações que submetiam as suas mulheres, as quais eram consideradas
sem alma, assim como as crianças, situações essas fortemente combatidas por
Jesus em todos os seus ensinamentos. Ora, a importância das mulheres na vida de
Jesus é tão grande que são elas que o acompanham em seu momento de total
sofrimento e dor, são elas que estão ao seu lado no seu martírio e em sua
morte. Serão elas que envolverão seu corpo com a mortalha, e talvez em razão
desse amor tão profundo e incontestavel à ele, que Jesus, em sua imensa
misericórdia, escolheu justo uma mulher, Maria Madalena, para se manifestar em
sua ressurreição, incumbindo-a de dar a boa nova aos discípulos, os quais não
acreditaram no testemunho de uma mulher.
Como pode, então, um papa em
pleno século XXI, dizer que não sabe estabelecer o papel da mulher na Igreja
Católica? Diga-me, nunca leu a Segunda Epístola de São João? Se não leu eu faço
questão de transcrevê-la:
“O ancião à Senhora
eleita e a seus filhos, que amo na verdade. Não somente eu, mas também
todos os que conheceram a verdade., por causa da verdade que permanece em nós e
que ficará conosco eternamente. Estejam convocco, na verdade e no amor: graça ,
misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, Filho do Pai.
Muito me alegrei por ter achado
entre teus filhos alguns que andm na verdade, conforme o mandamento que temos recebido
do Pai. E agora rogo-te, Senhora,
não como quem te escreve um novo mandamento, mas sim o que tivemos desde o
princípio: que nos amemos uns aos outros. Nisto consiste o amor: que vivamos
segundo seus mandamentos. É este o mandamento que tendes ouvido desde o
princípio e segundo o qual deveis viver.
Muitos sedutores têm saído pelo
mundo afora, os quais não proclamam Jesus Cristo que se encarnou. Quem assim
proclama é o sedutor e o Anticristo. Acautelai-vos, para que não percais o
fruto de nosso trabalho, mas antes possais receber plena recompensa. Todo
aquele que caminha sem rumo e não permanece na doutrina de Cristo, não tem
Deus. Quem permanece na doutrina esse possui o Pai e o Filho. Se alguém vier a
vós sem trazer essa doutrina, não o recebais em vossa casa, nem o saudeis.
Porque quem o saúda toma parte em suas obras más.
Apesar de ter mais coisas que vos
escrever, não quis fazer com papel e tinta, mas espero estar entre vós e conversar
de viva voz, para que a vossa alegria seja perfeita.
Saudam-te os filhos da tua irmã, a escolhida.”
Nessa curta epístola o
evangelista São João deixa inteiramente claro o papel da mulher nos primórdios
da cristandade, um papel de honra e respeito bem distante daquele defendido
pelo disidente fariseu Saulo de Tarso, conhecido como São Paulo e responsável
pela formatação legal religiosa da Igreja Cristã em seu período de formação.
Por mais de vinte séculos
será essa epístola de São João que sustentará a firmeza da fé feminina em Jesus
colocando-a ao serviço da Igreja Católica, que como uma instituição humana de
soberania masculina esteve sujeita a todos desmandos e desvios morais, a ponto
de poder-se pensar que em dados momentos tornara-se essa mais um reduto do
próprio Satanás do que uma instituição destinada a promover os ensinamentos de
Jesus. Nesses momento tenebrosos, a Igreja Católica recorreu ao socorro do
culto mariano, buscando na mãe de Jesus a “proteção” para seus males, trazendo
para si com esse culto milhares e milhares de mulheres crentes e fiéis com seus
filhos dispostas a serem o sustento da fé católica.
A pergunta que o papa
Francisco deve se fazer é se a mulher contemporânea, extremamente
esclarecida, inclusive em questões
teológicas do cristianismo, até muito mais que muitos homens e dos próprios cléricos,
elas estariam dispostas a continuarem a ser humilhadas como as gerações
femininas passadas. Sinto informar papa Francisco é que a resposta é NÃO !!!!
Não é mais possível mais
aceitar essa discriminação contra a mulher em seu relevante papel na Igreja
enquanto o senhor mesmo parece defender uma moral sexual desviada dos preceitos
dados por Jesus, cuja prática abusiva, tem afetado principalmente as crianças,
nossos filhos. Como escreveu São
João, quem desvia da doutrina que nos foi dada por Jesus não deve ser recebido,
para que não se tome parte em suas obras más. Ainda segundo as palavras de São
João é dever da mulher guardar os ensinamentos de Jesus e assegurar que aqueles
que os seguem também vivam segundo eles, assim como devem as mulheres terem a
necessária cautela com os “sedutores” que queiram afastar os cristãos da
doutrina de Jesus, afinal ninguém melhor que a mulher conhece a Satanás, seu
constante perseguidor.
Portanto, papa Francisco, não
venha nos seduzir com belas palavras e atitudes bem estudadas, para nos
apunhalar em seguida na esperança dos nossos corações, revelando os traços
amaldiçoados do perseguidor que tanto combatemos em nome do nosso Senhor Jesus.
Dessa vez não !!! Nós mulheres estamos muito atentas, papa Francisco, e sabemos
que a Igreja nos fez perder já muito do fruto do nosso trabalho e prejudicou
por demais o avanço dos designos de Deus, Nosso Pai.
Fica aqui um conselho, dessa
mulher que já viu passarem cinco papas no trono de Pedro – sendo sua santidade
o sexto; não diga jamais que algo não pode ser mudado, que é uma decisão
definitiva, que é “uma porta fechada e ninguém poderá abrir” isso é coisa
humana, isso é coisa de “fariseu”, pois para Deus o impossível é possível.
Deus muda o que acha justo
ser mudado, e se Deus e Jesus estão colocando nos corações das mulheres que se
rebelem contra a Igreja Católica Apostólica Romana, e devorem a sua carne, é
porque basta de humilhações e tanta injustiça, essa revolta é tão justa quanto
aquela que nestes dias sua santidade conclamou nossos filhos, chamando-os a
fazerem uma “revolução” e a irem às ruas e protestarem contra o atual sistema
econômico-social mundial.
Não desafie a Deus, Nosso
Pai, nem a Jesus, papa Francisco, pois Eles podem não estar mais do lado da
Igreja, mas sim da mulher desprezada, aquela prometida, a verdadeira e única “esposa”
do Cordeiro, a qual a Igreja arroga-se indevidamente em ser e tem demonstrado
por séculos e séculos que não o é, pois foi e é tão adúltera ou até mais que
todas as mulheres que condenou e atirou pedras em toda a sua história.
Espero não morrer enquanto
não ver com meus próprios olhos um papa pedir perdão em praça pública em alto e
bom som por todos os males que a Igreja Católica Apostólica Romana fez cair
sobre as mulheres do passado e do presente. E que eu possa também ver essa
porta impiedosa – dita “fechada definitivamente” – vir a ser escancarada, para
que todos sem discriminações possam passar por ela, pois Jesus veio para salvar
os “pecadores” do pecado – e quem estando no mundo não pecou que atire a primeira
pedra, lembrando-se que nem o próprio Jesus pegou numa pedra para atirá-la!!!!