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domingo, 31 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR 7 FÉ - 39. JESUS, O MESSIAS OCULTO E A FESTA DA COLHEITA

JESUS, AMOR & FÉ *

39. JESUS, O MESSIAS OCULTO E A FESTA DA COLHEITA

A Festa dos Tabernáculos, ou Festa da Colheita, é uma festa móvel que ocorre ao fim da colheita, em memória do tempo em que o povo judeu vivia em tendas no deserto. Essa festa poderia ocorrer ao que corresponde no nosso calendário entre o final de setembro e o início de novembro, já que o final do ano e início do ano judeu varia conforme o ano lunar.
Ora, Jesus estava em Betânia hospedado na casa de Maria Madalena, e era o tempo da Festa da Colheita. E os irmãos de Jesus disseram a ele:
- Vá a Jerusalém para que todos vejam as suas obras. Pois, quem deseja ser conhecido em público não faz coisa alguma ocultamente. Já que fazes estas obras milagrosas, revela-te ao mundo.
Mas, Jesus aborrecido respondeu:
- O meu tempo ainda não chegou! Mas, para vós parece que a hora é sempre favorável. O mundo não vos pode odiar, mas odeia-me, porque eu dou o meu testemunho contra o mundo e digo que as obras dos homens são más. Vão vós para a festa, quanto a mim, eu não irei, porque ainda não chegou o meu tempo.
Dito isso, Jesus os dispensou e ficou em casa com Maria Madalena, na companhia de Marta, Lázaro e sua mãe Maria. Contudo, mais tarde, depois que seus irmãos tinham partido, Jesus resolveu ir de maneira oculta para Jerusalém, pois queria saber o que os judeus falavam dele sem que ninguém o percebesse.
Ele se juntou ao povo que ia ao Templo e ouviu que os judeus o estavam procurando e se perguntavam: “Onde está ele?” E na multidão se discutia a respeito dele. Ouviu uns dizerem: “É um homem de bem.” Outros, porém, diziam “Não é! Ele seduz o povo.” Contudo, ninguém ousava falar dele abertamente, para não se comprometer e não ser considerado seu seguidor, para não vir a ser perseguido caso Jesus caísse em desfavor junto a autoridade dos sacerdotes do Templo.
Passando pela porta das Ovelhas (Jo 5:2), junto ao tanque de Betesda, que acreditava-se que tinha águas milagrosas agitadas por anjos que curavam os enfermos, Jesus viu um enfermo de paralisia há 38 anos, que pedia que alguém o ajudasse a colocá-lo no tanque, mas ninguém o ajudava. Vendo-o Jesus lhe perguntou:
- Queres ficar curado?
O homem lhe respondeu:
- Senhor, eu não tenho ninguém que me coloque no tanque, quando tento me aproximar do agito da água outro enfermo já tomou a minha vez.
Jesus então ordenou ao homem:
- Levanta-te, toma o teu leito e anda!
No mesmo instante aquele homem ficou curado, tomou o seu leito e saiu andando. Ora, era sábado, e todos que viram o homem curado lhe falaram assim:
- Não lhe é permitido carregar o teu leito em dia de sábado.
O homem curado respondia para aqueles que o acusavam de desrespeitar a Lei do descanso do sábado:
- Aquele que me curou, me disse: “Toma o teu leito e anda.”
E perguntaram-lhe:
- Quem é o homem que te disse: “Toma o teu leito e anda”?
Mas o homem curado não sabia dizer quem era Jesus, porque ele já havia se ocultado outra vez no meio da multidão. 
Depois de caminhar por entre o povo e ouvir tudo o que se murmurava sobre ele, chegando ao meio da festa, Jesus subiu ao templo e pôs-se a ensinar. Os judeus de Jerusalém que ainda não o tinham ouvido se admiravam e se perguntavam:
- Este homem não fez seus estudos aqui no Templo, com os sacerdotes. Donde lhe vem esse conhecimento das Escrituras?
Ouvindo o que diziam, Jesus lhes falou:
- A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quiser cumprir a vontade de Deus, distinguirá se a minha doutrina é de Deus, ou se falo de mim mesmo. Quem fala por própria autoridade busca a própria glória; mas quem procura a glória de quem o enviou, é digno de fé, e nele não há impostura alguma. Acaso não foi Moisés que vos deu a Lei? No entanto ninguém de vós cumpre a lei!..
E continuou de onde tinha parado de falar ao povo. Mas, algumas pessoas comentavam:
- Por ventura reconhecerão as autoridades que ele é o Messias?
Outros responderam:
- Mas, este nós sabemos donde vem. Do Messias, porém, quando vier, ninguém saberá donde seja.  
Falavam assim porque não sabiam interpretar as profecias e se confundiam, e pouco sabiam na verdade de Jesus.
Ouvindo a estes, Jesus exclamou:
- Ah! Então, vós me conheceis e sabeis donde eu sou!… Entretanto, não vim de mim mesmo, mas é verdadeiro aquele que me enviou e vós não o conheceis. Eu o conheço, porque eu venho dele e ele me enviou.
Então, Jesus vendo o homem que havia curado entre aqueles que o ouviam no Templo, disse a ele:
- Eis que ficaste são! Portanto, já não peques mais, para que não te acontecer coisa pior. Pois, foram teus pecados que te deixaram doente, e agora estás livres dos pecados, eles te foram perdoados.
Ouvindo isso de Jesus, perplexo, o homem que Jesus tinha curado, saiu para contar quem o havia curado àqueles que o tinham acusado de violar a Lei do sábado. (Jo 5: 1- 17)
Os fariseus ouviram os murmúrios que estavam circulando entre o povo a respeito de Jesus ser o Messias, Então de acordo com eles, os príncipes dos sacerdotes enviaram guardas para prenderem Jesus. Vendo os guardas do Templo, Jesus disse:
- Por que procurais tirar-me a vida?
Alguém respondeu gritando do meio daqueles que ouviam os ensinamentos de Jesus:
- Tens o demônio! Quem procurar tirar-te a vida?
Jesus replicou:
- Faço apenas uma obra e todos vós vos maravilhais! Moisés vos deus a circuncisão ( se bem que ela não é de Moises, mas dos patriarcas), e até nos sábado circuncidais um homem! Se um homem recebe a circuncisão em dia de sábado, e isso não é violara a Lei de Moisés, por que vos indignais comigo que tenho curado um homem em todo o seu corpo em dia de sábado? NÃO JULGUEIS PELA APARÊNCIA, MAS SIM CONFORME A JUSTIÇA.
Jesus também lhes disse:
- Ainda por pouco tempo eu estou convosco e então eu vou para Aquele que me enviou. Buscar-me-eis sem me achar; nem podereis ir para onde vou.
Ouvindo isso, os judeus diziam entre si:
- Para onde vai ele que não o possamos achar? Por ventura irá para o meio dos gregos para tornar-se um doutor dos estrangeiros, esses não são dignos das nossas revelações messiânicas…
- O que significam essas palavras? “Buscar-me-ei sem me achar, e onde estou não podes ir”?
E falou Jesus à multidão que o ouvia:
- SE ALGUÉM TIVER SEDE VENHA A MIM E BEBA. Quem crê em mim como diz a Escritura: “Do seu interior manarão rios de água viva.” (Is. 58:11 e Zac. 14:8)
Jesus dizia isso referindo-se às graças do Espírito Santo que todos que acreditavam nele recebiam.
Muitos que estavam entre aqueles que o ouviam acreditaram nele e diziam:
- Este é realmente o Profeta que nos falou Moisés.
- Este é o Messias.
Mas outros protestavam:
- É por acaso da Galiléia que há de vir o Messias?
- Não diz a Escritura que o Messias virá da família do rei Davi e que nascerá na aldeia de Belém, onde vivia Davi?
E assim havia divisão entre as pessoas por causa dessas coisas.
Os guardas enviados pelos sacerdotes do Templo, com ordem de prendê-lo, não conseguiram deitar-lhes suas mãos, porque ainda não era chegada a sua hora. Voltaram os guardas para junto dos sacerdotes e fariseus que perguntaram a eles, quando os viram de volta sem o prisioneiro:
- Por que não o trouxestes?
Os guardas responderam:
- Jamais homem algum falou como este homem!…
Replicaram os fariseus:
- Por ventura também vós fostes seduzidos? Há por acaso alguém dentre as autoridades ou fariseus que acreditou nele, para lhe seguir o exemplo? Esse povoléu que não conhece a Lei é amaldiçoado!…
Mas, replicou-lhes Nicodemus, aquele sacerdote que fora ocultamente conversar com Jesus em Cafarnaum:
- Condena acaso a nossa Lei algum homem, antes de ouvir e conhecer o que ele faz?
Respondeu-lhe seus pares:
- Porventura, és também tu galileu? Informa-te bem e verás que da Galiléia não saiu profeta… - pois eles não conheciam as origens de Jesus, e o conheciam superficialmente de ouvir falar de apenas, de como o povo se referia a ele.

  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 38. JESUS, O PROTETOR DAS MULHERES E DAS CRIANÇAS

JESUS, AMOR & FÉ *

38. JESUS, O PROTETOR DAS MULHERES E DAS CRIANÇAS.

Saindo de Jericó, Jesus e sua comitiva se dirigiu à Jerusalém, pegando a estrada que passava pelo deserto da Judéia, a que era habitualmente usada por todos que iam e vinham de lá. Estava quase ao final do caminho e já avistava Jerusalém quando aproximaram-se dele alguns fariseus, que eram seus amigos e disseram a Jesus:
- Vai-te daqui, porque Herodes te quer matar.
Disse-lhes ele:
- Ide dizer a essa raposa: eis que expulso demônios e faço curas hoje e amanhã; e ao terceiro dia terminarei a minha vida. É necessário, todavia, que eu caminhe hoje, amanhã e depois de amanhã, porque não é admissível que um profeta morra fora de Jerusalém.
Depois, com olhos marejados Jesus soltou seu lamento sobre a cidade santa:
- Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os enviados de Deus, quantas vezes quis ajuntar os teus filhos, como a galinha abriga a sua ninhada debaixo das asas, mas não o quiseste! Eis que ficará deserta a vossa casa. E ficando deserta, digo-vos que não me vereis novamente até que digais: BENDITO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR! (Lc. 13:31-35 e Mt. 23: 37-39).
E Jesus seguiu o seu caminho indo até uma pequena aldeia chamada Betânia, que distava apenas três quilômetros de Jerusalém e ficava próxima ao Jardim da Oliveiras, pois ficaria hospedado na casa de Maria Madalena, de sua irmã Marta e de seu irmão Lázaro. Quando Jesus chegou, Marta veio recebê-lo e ficou inteiramente ocupada com a lida da casa, enquanto Maria assentou-se aos pés de Jesus para poder ouvi-lo falar. Enquanto seu irmão Lázaro recebia e acomodava os acompanhantes de Jesus. Todos que chegaram com Jesus se assentaram para descansar da viagem enquanto Marta os servia cheia de préstimos e preocupada em agradar a todos. Revoltada por ter toda trabalheira sozinha perguntou a Jesus, enquanto olhava para Maria Madalena com reprovação:
- Senhor, não te importas que minha irmã me deixe só a servir? Diga a ela que me ajude.
Jesus, sorrindo para Marta disse-lhe:
- Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muita coisa; no entanto uma só coisa e necessária. Maria escolheu a boa parte, aquela que não lhe será tirada. (Lc. 10:38-42) Diga-me Marta, podem os amigos do esposo afligir-se enquanto o esposo está com eles? Dias virão em que lhes será tirado o esposo. Então eles se afligirão. (Mt. 9:15).
Ouvindo o que Jesus dizia, um fariseu que estava entre os que o tinham seguido até ali perguntou a Jesus:
- É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?
Respondeu-lhe Jesus:
- Não leste que o Criador no começo fez o homem e dele a mulher e Adão disse: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mãe mulher; e os dois formarão uma só carne? (Gen. 2:24) Assim já não são dois, mas uma só carne. PORTANTO NÃO SEPARE O HOMEM O QUE DEUS UNIU.
E perguntaram a Jesus:
- Por que, então, Moisés ordenou dar um documento de divórcio à mulher ao rejeitá-la (Deut. 24:1)?
Jesus respondeu:
- Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés tinha tolerado o repúdio das mulheres; mas no começo não foi assim. Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita sua mulher, exceto no caso de matrimônio falso *(só de aparência ou não consumado) e esposa uma outra, comete o adultério. E aquele que esposa uma mulher rejeitada comete também adultério.
Seus discípulos disseram:
- Se tal é a condição do homem a respeito da mulher é melhor não se casar!
Jesus lhes disse:
- Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente àqueles que foi dado. Porque há circuncidados *(1. refere-se a vontade de pecar em seus corações, um coração circuncidado que faz a vontade de Deus e 2. o emprego da palavra ‘eunuco’ possivelmente se deveu em razão dos romanos não terem adotado a prática da circuncisão) que o são deste o ventre de suas mães; há circuncidados tornados tais pelas mãos do homem *(que cortam o prepúcio em obediência à Lei, Êxodo 4:24-26); e há os circuncidados que fizeram a circuncisão por amor ao reino dos céus. *(aqueles que fazem seus corações circuncisos, sem pecados) Quem puder compreender, compreenda.
Outro perguntou ainda mais a Jesus:
- Mestre, Moisés disse; Se um homem morrer sem filhos, seu irmão se case com a sua viúva e dê-lhes assim uma posteridade (Deut. 25; 5). Tinham, pois, sete irmãos e um após outro se casou com a mulher do primeiro irmão que sempre enviuvava, por fim até ela morreu. Na ressurreição para a vida eterna de quem será a mulher, já que todos a tiveram?
Jesus olhou para quem perguntava aborrecido e disse-lhe:
- Errais não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus. Na ressurreição, os homens não terão mulheres, nem as mulheres terão maridos, mas serão como os anjos dos céus, pois não terão vontade de pecar, pois não estarão na carne como vocês conhecem, e terão espíritos contritos de devoção à Deus. Quanto à ressurreição dos mortos como pensais, não lestes o que Deus vos disse: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Êxodo 3:6)? Ora, Ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos, porquanto eles eram vivos quando o conheceram, e não estavam mortos. (Mt. 22:23-32)
E foram trazidas as crianças do lugarejo para que Jesus as abençoasse, e Jesus colocou suas mão sobre elas e orou as abençoando. Os discípulos porém, começaram as afastar, e Jesus os repreendeu severamente dizendo:
- Deixai vir a mim essas criancinhas e não as impeçais. Porque o Reino dos Céus é para aqueles que se assemelham a elas. (Mt. 19;13-15) Em verdade vos declaro, se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino do céu. Aquele que se fizer humilde como esta criança, será maior no Reino dos céus. E o que recebe em meu nome uma criança como esta, é a mim que recebe. Mas, se alguém fizer cair em pecado um desses pequenos que crêem em mim, melhor fora que atasse ao pescoço uma pedra de mó e se lançasse ao fundo do mar. Aí do mundo por causa dos escândalos! Eles são inevitáveis; mas, aí do homem que os causa! Por isso se tua mão ou seu pé te fazem cair em pecado, corta-os e os lança longe de ti; é melhor entrares na vida coxo ou manco, que tendo dois pés e seres lançado ao inferno. Se teu olho te leva ao pecado, arranca-o e lança-o longe de ti, é melhore entrares na vida cego do que seres jogado com dois olhos ao inferno. Guardai-vos de menosprezar um desses pequeninos! Porque eu vos digo que seus anjos do céu contemplam sem cessar a face de meu Pai que está nos céus. Porque o Filho do Homem veio Salvar o que estava perdido. E assim é a vontade do vosso Pai celeste, que não se perca um só desses pequenino (Mt.18:1-14).
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domingo, 24 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 37. JESUS, A SALVAÇÃO DE TODOS NÓS

JESUS, AMOR & FÉ *

37. JESUS, A SALVAÇÃO DE TODOS NÓS

Então Jesus chegou com a sua comitiva à Judéia, chegaram à Jericó, e depois de passarem pela entrada da cidade a atravessaram sendo seguidos pelo povo local. Morava em Jericó um homem de nome Zaqueu, que era muito rico e chefe dos recebedores de impostos, logo um publicano. Ele procurava ver Jesus, mas sendo de baixa estatura ele não conseguia por causa da multidão. Então, ele correu adiante na rua em que Jesus iria passar e subiu em cima de um árvore frondosa de figo sicômoro para poder ver Jesus quando ele passasse por ali. Zaqueu empoleirou-se num dos galhos da árvore e ficou aguardando cheio de ansiedade. Jesus chegando próximo da figueira levantou os seus olhos e abrindo um largo e feliz sorriso disse a Zaqueu:
- Zaqueu desce depressa dai, porque é preciso que eu fique hoje em tua casa.
Zaqueu tomou aquele susto ao ouvir a voz de Jesus a falar com ele, tanto que quase despencou do galho da figueira caindo na cabeça de Jesus, mas ágil logo retomou seu equilíbrio e a toda pressa desceu e recebeu a Jesus com toda sua alegria, pois Jesus entre tantas casas para se hospedar ter escolhido justo ser seu hospede em Jericó. Mas, o povo que ouviu o que Jesus dissera a Zaqueu começou a murmurar, dizendo entre si:
- Que escândalo! Ele disse que vai ficar hóspede na casa de um pecador…
- É porque ele come com publicamos e pecadores… Ele até fala com mulheres!!!
Entretanto, Zaqueu, de pé diante de Jesus, disse-lhe:
- Senhor, por esta graça recebida de ti, eu vou dar a metade dos meus bens aos pobres e- lançando seu olhar ao povo que o acusava de pecador, continuou dizendo -, se eu tiver defraudado alguém, que venha me cobrar, que eu restituirei o quadruplo!
Feliz com as palavras de Zaqueu, quando já chegava à porta da casa de seu anfitrião, Jesus disse-lhe:
- HOJE ENTROU A SALVAÇÃO NESSA CASA; porquanto Zaqueu também é um filho de Abraão. Pois, O FILHO DO HOMEM VEIO PROCURAR E SALVAR O QUE ESTAVA PERDIDO. (Lc. 19:1-10) Porque não são as pessoas com boa saúde que precisam de médico, mas as doentes. Do mesmo modo, não vim para chamar à reconciliação e à conversão os justos, pois estes já estão salvos, mas sim aos pecadores. (Mt. 9:11 ; Mr. 2-17 e Lc. 5:32).
Então, Jesus estando já à mesa de Zaqueu a conversar, ele começou a contar uma parábola a respeito daqueles que se julgavam justos e se vangloriavam enquanto desprezavam os outros:
- Subiram dois homens ao templo para orar, um era fariseu e outro era publicano. O fariseu em pé, orava no seu interior desta forma: “Graças te dou. ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicado que está ali. Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros.” O publicano, porém, mantendo-se a distância não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito dizendo: “Ó Deus, tende piedade de mim, que sou pecador! “Eu vos digo: este voltou para casa justificado, e não o outro. POIS TODO O QUE SE EXALTAR SERÁ HUMILHADO, E QUEM SE HUMILHAR SERÁ EXALTADO. (Lc. 18:9-14)
E ouvindo isso, Zaqueu se sentiu consolado intimamente, pois sabia que Jesus falava dele.
Entre os convidados também estava um jovem de posição e rico, e perguntou a Jesus:
- Bom Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?
Jesus respondeu-lhe:
- Por que me chamas de bom? NINGUÉM É BOM SENÃO DEUS. Conheces os mandamentos: não cometerás adultério; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honrarás pai e mãe.
Disse o jovem a Jesus:
- Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade.
Ao ouvir essas palavras, Jesus respondeu:
- Ainda te falta uma coisa; vende tudo o que tens e dás aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois vem e segue-me.
Mas, ao ouvir isso o jovem ficou com a fisionomia entristecida, estava abatido porque possuía muitos bens e um status difícil de abandonar e vendo-o entristecer-se Jesus disse:
- Como é difícil a um rico entrar no Reino de Deus!!! É mais fácil o camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus, tal é seu apego às coisas materiais!
Perguntaram-lhe os ouvintes:
- Quem então poderá salvar-se?
Respondeu Jesus:
- O QUE É IMPOSSÍVEL AOS HOMENS, É POSSÍVEL A DEUS.
Pedro então perguntou a Jesus:
- Vê, mas, nós abandonamos tudo e te seguimos…
Jesus respondeu:
- Em verdade, vos declaro, ninguém há que tenha abandonado, POR AMOR AO REINO DE DEUS, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais, ou seus filhos, que não receba já neste século cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras neste mundo, mas com perseguições, e no mundo vindouro possuirá a vida eterna. Muitos dos primeiros serão os últimos, e muito dos últimos serão os primeiros. (Lc. 18: 18-29; Mt. 19:16-29 e Mr.10: 17-31)
Jesus vendo que muitos não entenderam suas últimas palavras, contou-lhes uma outra parábola:
- Com efeito o Reino de Deus é semelhante ao um pai de família, que saiu ao romper da manhã, a fim de contratar operários para a sua vinha. Ajustou com eles um denário por dia e enviou-os para a sua vinha. Cerca da terceira hora *(as horas eram contadas a partir das 6 horas da manhã, então eram 9 horas da manhã), saiu ainda e viu alguns que estavam na praça sem fazer nada. Disse-lhes ele: “Idê também vós para a minha vinha e vos darei um salário justo”. E eles foram. A sexta hora *(meio-dia) saiu de novo, e igualmente pela nona hora *(três horas da tarde) e fez o mesmo. Finalmente pela undécima hora *(cinco horas da tarde) , encontrou ainda outros na praça e perguntou-lhes: “Por que estais todo o dia sem fazer nada? Eles responderam: “Por que ninguém nos contratou.” Disse-lhes então: “Ide vos também para a minha vinha.’ quando chegou o final da tarde o senhor chamou o feitor e ordenou que pagasse começando pelos últimos até os primeiros. Vieram aqueles da undécima hora, e receberam cada qual um denário. Quando chegou a hora do pagamento dos primeiros, acharam eles que iriam receber mais que os outros, mas receberam também um denário e ficaram murmurando contra o senhor da vinha, dizendo: “Os últimos só trabalharam uma hora… e receberam o mesmo que nós que trabalhamos todo o dia embaixo do calor.” O senhor da vinha os ouvindo disse: “Meu amigo não te faço injustiça. Não contrastaste comigo um denário por um dia de trabalho? Toma o que é teu e vai-te. Que te importa se eu quero dar ao último tanto quanto a ti. Ou não me é permitido fazer dos meus bens o que me apraz? Por ventura, vês com maus olhos que eu seja bom?” Assim pois, eu vos digo, os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos! MUITOS SERÃO OS CHAMADOS, MAS POUCOS OS ESCOLHIDOS (Mt. 20:1-16).
Essa passagem de Jesus sempre despertou muita controvérsia, mas recordemos que o Reino de Deus, é um reino de sabedoria, que se manifesta pela FÉ. Vimos quão difícil é a princípio se ter uma Fé genuína, e que muito se deve trabalhar para se fortalecer a Fé. Contudo, com o tempo essa Fé se torna fácil e rápida de ser obtida, não exigindo tanto esforço. Jesus é o senhor da vinha. Os trabalhadores são aqueles que ele chama para segui-lo. Os primeiros trabalhadores contratados são aqueles que receberam a “boa nova” de Jesus em primeiro lugar, nada tiveram que esperar para serem chamados, e se alegraram pela boa sorte que tiveram, pois não precisaram fazer uso da Fé para receberem a graça de Deus. Contudo, eles teriam que trabalhar muito para obtê-la. Depois vieram os outros a serem chamados até que vieram os últimos que tinham passado todo o dia esperando para serem chamados e já tinham perdido a confiança que conseguiriam tal graça, contudo permaneceram esperando com Fé, mesmo que desalentados. Por isso Jesus, sabendo da angústia que os últimos tinham passado até serem chamados, deu a eles o mesmo pagamentos que os primeiros. Ou seja, a justiça do Reino de Deus, está muito além do conceito de justiça dos seres humanos. E a graça de Deus é o pagamento igualitário segundo a Fé de cada um, que todos recebem não importando o tempo que sirvam à Deus. Ou seja, não importa quanto tempo de vida tenhamos, importa, sim, como, de que maneira servimos à Deus. Por isso, se somos chamados a servir à Deus por toda uma vida ou por apenas pouco tempo de vida, isso não é de importância, o que é importante para Deus é como manifestamos a nossa Fé, pois estamos todos aqui para servir à Deus quando Ele nos chama para servir. Portanto, quando Ele nos chama, devemos abandonar tudo e atender ao seu chamado, feliz daquele que serve à Deus com alegria, pois a essa pessoa chegou o Reino de Deus.

  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 36. JESUS E A SAMARITANA PURA DE CORAÇÃO

JESUS, AMOR & FÉ *

36. JESUS E A SAMARITANA PURA DE CORAÇÃO.

Então chegou Jesus a Sicar, no território de Samaria, junto das terras que Jacó dera a seu filho José. Ali estava o poço de Jacó, na terra que ele comprara naquela região em seu tempo chamada Siquem (Gen. 33:18-20). E Jesus fatigado da viagem e estando só - pois os discípulos tinham ido à cidade comprar mantimentos-, sentou-se à beira do poço. E era por volta do meio-dia. Veio uma mulher samaritana tirar água do poço. Pediu-lhe Jesus:
- Dá-me um pouco da água para eu beber.
A mulher sendo samaritana lhe disse:
- Sendo tu judeu, como pedes para beber a mim, que sou samaritana?
Ora, os judeus não falavam com os samaritanos que diziam ser impuros e os tratavam como se não fossem judeus mas como pagãos, porque como vimos os samaritanos eram os judeus que não tinham sido levados para o cativeiro na Babilônia e tinham permanecido na Terra Santa convivendo com os assírios, por isso os judeus proibiram os samaritanos de participar da reconstrução do templo, apesar que a disputa entre os judeus e os samaritanos vinha de muito antes, por conta do estabelecimento do Monte de Sião de Jerusalém como Monte Sagrado, desconsiderando o monte de Gerezim na região de Samaria.
Respondeu por isso Jesus à samaritana:
- Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: Dá-me de beber, certamente lhe pedirias tu mesma e ele te daria água viva.
A mulher replicou:
- Senhor, tu não tens como tirar água do poço e o poço é fundo…, donde pois tirarias essa água viva?
És por ventura maior que o nosso pai Jacó, que nos deu esse poço como herança, do qual ele mesmo bebeu e também os seus filhos e seus rebanhos? - dizia isso pois no tempo de Jacó era um tesouro se possuir um poço e este era garantia de sobrevivência e prosperidade.
Respondeu-lhe Jesus:
- Todo aquele que beber desta água tirada do poço, tornará a ter sede. Mas, o que beber da água que eu lhe der jamais terá sede, pois a água que receber de mim virá a ser nele fonte de água pura, que jorrará até a vida eterna.
A mulher pensando na felicidade de não ter mais sede e não ter mais de buscar por água e nem mais a necessidade de buscá-la naquele poço, suplicou à Jesus:
- Senhor, dá-me dessa água, par eu não ter mais sede e nem precisar mais de vir aqui tirá-la!
Disse-lhe Jesus:
- Vai lá, chama o teu marido e volta cá.
A mulher respondeu:
- Não tenho marido.
Disse-lhe Jesus:
- Tens razão em dizer que não tens marido. Tiveste cinco maridos e o homem que agora está contigo não é teu. Nisso disseste a verdade.
Espantada, disse a mulher a Jesus:
- Senhor, vejo que és o Profeta *(pois a samaritana se dá conta que Jesus seja o Profeta prometido por Moisés, pois os samaritanos só seguiam as escrituras do Torá). Nossos pais adoraram a Deus nesse monte de Gerezim, mas vós judeus dizeis que é em Jerusalém que devemos adorar a Deus.
Jesus respondeu, tentando esclarecer essa velha divergência que havia entre os samaritanos e os judeus:
- Mulher, acredita-me , vem a hora em que não adorareis o Pai, nem neste monte, nem em Jerusalém. Tu adoras o que não conheces, eu adoro o que eu conheço, vós samaritanos adorais o que não conhecem, mas nós judeus adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus, pois o Salvador é judeu. Mas, vem a hora, e esta hora já chegou, em que os verdadeiros adoradores, hão de adorar o Pai em Espírito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja. Deus é Espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em Espírito e verdade.
Respondeu-lhe a mulher, sentindo uma revelação em seu intimo, querendo provar da verdade:
- Sei que deve vir o Messias, quando pois ele vier ele nos fará conhecer todas as coisas.
Disse-lhe Jesus que escutava ao anseio de seu coração:
- Eu sou o Messias. Sou eu, quem fala contigo.
Nisso seus discípulos estavam a se aproximar de onde Jesus estava a conversar com a samaritana e eles o vendo a conversar com a mulher samaritana, admiraram-se, tanto por ele conversar daquela maneira intima com uma mulher como por conversar com uma samaritana impura e pagã. Contudo ninguém teve coragem de perguntar-lhe nada, nem porque conversava ele com ela. Por sua vez a mulher, assim que ouviu a revelação que Jesus lhe fizera, deixou seu cântaro ao lado do poço e sou apressada até a cidade e chegando lá disse aos homens tudo o que ouvira de Jesus sobre a sua vida e perguntou-lhes:
- Será ele o Messias?
Os homens a ouvindo a seguiram para ir ter com Jesus no poço.
Quando seus discípulos se aproximaram e ofereceram-lhe a comida que tinham ido comprar, Jesus lhes disse:
- Tenho um alimento para comer que vós não conheceis.
Ouvindo isso os discípulos ficaram murmurando entre si perguntando-se se alguém teria trazido alimento ao Mestre deles, e Jesus ouvindo-os disse:
- Meu alimento e fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra. Não dizeis vós, que semeada a semente passam-se quatro meses e vem a colheita? Eis que vos digo: Levantai os vossos olhos do chão, e olhai ao longe os campos, porque já estão dourados para a ceifa. O que ceifa recebe o salário e ajunta frutos para a vida eterna; assim o semeador e o ceifador juntamente se regozijarão. Porque eis que se pode dizer com toda a verdade: Um é o que semeia e outro é o que ceifa. Vós estais a colher onde não plantaram, tomam de onde não trabalharam e outros trabalharam, e assim tomais parte no mesmo trabalho.
Como muitos acreditaram nas palavras da mulher samaritana que disse que Jesus lhe dissera tudo que tinha feito em sua vida, muitos foram os samaritanos que foram ter com Jesus, e pediram que Jesus fosse hóspede deles com seu discípulos. E assim, Jesus ficou com eles por dois dias e diziam à mulher, já não é mais por causa de sua declaração que cremos, mas nós mesmos ouvimos e sabemos ser este verdadeiramente o Salvador do mundo (Jo 4: 1-42).
E assim Jesus dava prosseguimento ao seu ministério de reconciliação de Deus com a Humanidade, buscando atrair a todos para se unirem ao seu redor, tal mesmo como um pastor o faz com suas ovelhas.
  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

domingo, 17 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 35. JESUS, A MISERICÓRDIA QUE NOS SALVA E DÁ VIDA

JESUS, AMOR & FÉ *

35. JESUS, A MISERICÓRDIA QUE NOS SALVA E DÁ A VIDA.

Jesus saiu de Magdala e iniciou a sua jornada em direção a Jerusalém, no seu trajeto não passou nem por Tibireríades onde vivia Herodes Antipas e nem passou por Nazaré, mas tomou a direção da cidade de Naim. Com ele iam diversos discípulos e muitas pessoas o seguiam em comitiva. Ao se aproximar da porta da cidade, eis que levavam um defunto para ser sepultado. Jesus soube que era o filho único de uma viúva e muita gente acompanhava a cerimônia fúnebre. Vendo a viúva que chorava a morte de seu único filho amado, Jesus sentiu profunda compaixão por ela, pensando em sua própria mãe que viria a ter que sofrer a mesma dor, e disse-lhe:
- Não chores!
E dizendo isso, Jesus tocou na padiola, e os que carregavam o cadáver pararam, então Jesus falou com voz firme e autoritária:
- Moço, eu te ordeno, levanta-te!
E no mesmo instante, o morto desvencilhou-se da mortalha e sentou-se na padiola e começou a falar, e Jesus o entregou à sua mãe, dizendo:
- Eis aqui o seu filho, estava morto e agora vive.
Todos que ali estavam e testemunharam o milagre de ressurreição do jovem que Jesus fizera e foram tomados de de grande temor e reverência, e glorificaram a Deus dizendo:
- Um grande profeta surgiu entre nós: Deus voltou seus olhos para o seu povo! (Lc. 7: 11-16)
A notícia desse acontecimento correu como um rastilho de pólvora precedendo a chegada de Jesus à Judéia.
Assim Jesus saiu da região da Galiléia e entrou na região de Samaria cujo território tinha sido dado pelo Império Romano a Herodes, o Grande, e que com sua morte passara a ser administrado por seu filho o Tetrarca Herodes Arquelau, contudo este faleceu em 18 d.C. , e desde então a região da judéia ficara sem ter um rei, ficando sob administração da representação de Roma em Jerusalém. Porém, na região da Samaria se dera a mesma coisa, mas os samaritanos não se consideravam “judeus”, mas sim hebreus, descendentes dos filhos de José, Efraim e Manasés. Se antagonizaram com os levitas, principalmente quando o Monte da Benção, o Monte Gerezim considerado o monte Santo desde que Josué entrara com as tropas israelitas na Terra Prometida de Canaã,  e este fora preterido em favor do Monte SIão de Jerusalém. A discórdia entre os judeus e os samaritanos aprofundar-se-ia com o retorno do cativeiro da Babilônia no século V a. C., porquanto o território de Samaria tinha sido invadido pelos assírios e os samaritanos remanescentes conviveram com o povo invasor, e os judeus vindos da Babilônia passaram a discriminar todos os israelitas e judeus que não tinham ido para o cativeiro, dizendo que eles eram “impuros”. Contudo, os samaritanos ao tempo de Jesus eram observantes severos do Torá e dos ensinamentos de Moisés, limitando sua devoção aos estudos dos cinco livros mosáicos e desconsiderando todos os outros. Foi por esse motivo que quando Jesus entrando na região da Samaria, ao enviar diante de si mensageiros, eles ao entrarem num povoado dos samaritanos para lhe arranjar pousada, receberam um categórico “não” como resposta. Pois, já se espalhara a notícia de que Jesus ia em direção a Judéia, para Jerusalém. E ao saberem desta negação, Tiago e João, os irmãos Trovões, para honrar o apelido que Jesus lhes tinha dado, perguntaram:
- Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma?
Perguntaram isso, pois estavam cheios de si por conta dos poderes que Jesus tinha lhes dado. Mas, Jesus voltou-se para eles e repreendeu-os severamente:
- Não sabeis de que espírito sois animados. O Filho do Homem não veio para perder as vidas dos homens, mas para salvá-las.
Jesus foi então para outro povoado, mas enquanto caminhavam, um homem que queria seguir a Jesus, lhe disse:
- Senhor, seguir-te-ei para onde quer que vás.
Jesus alertou-o do destino sem descanso e incerto que abraçaria se o seguisse:
- As raposas tem covas, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde descansar a cabeça.
Então, a outro Jesus disse:
- Segue-me.
Mas, o homem pediu a Jesus:
- Senhor, permita-me ir primeiro enterrar meu pai.
Mas, Jesus lhe disse em reprimenda por não atender ao chamado de Deus:
- Segue-me e deixe os mortos enterrarem seus mortos. Você está vivo, e Deus é Deus dos vivos. É tempo do anúncio do Reino de Deus.
Outro veio e pediu a Jesus:
- Senhor, seguir-te-ei, mas primeiro permite que eu me despeça dos que estão em minha casa.
Mas, Jesus lhe disse:
- Aquele que coloca sua mão para arar um campo e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus. Quem quiser me seguir tem que renunciar à sua vida e vir após mim.
E assim aqueles que seguiam a Jesus, eram os capazes de renunciar às suas “necessidades” e renunciando a elas eram também capazes de renunciar ao passado de suas vidas, livres de amarras para o seguirem em direção de uma nova vida. (Lc. 9:51-61)
Caminhava Jesus em sua jornada pela Samaria, na terra de Canaã, da Terra Prometida a Abraão por Deus, quando uma mulher cananéia, gritava o seguindo:
- Senhor, Filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio.
Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma, guardando silêncio. Seus discípulos vieram ter com ele e disseram:
- Despede-a. Ela nos persegue com seus gritos.
Mas, Jesus rompendo seu silêncio falou quase a se desculpar com a mulher por não atender a seu pedido:
- Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel .*(Da casa de Jacó, dos filhos de Jacó,e não da casa de seus netos).
Mas, ela ao ouvir isso, prostrou-se diante de Jesus, dizendo:
- Senhor, ajuda-me!
Jesus respondeu:
- Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não fica bem tomar o pão dos filhos e lançá-los aos cães. *(Pois os judeus chamavam de “cães” aos pagãos, os que não eram judeus e que não se submetiam e não pagavam impostos ao templo de Jerusalém.)
Mas, ela erguendo seus olhos para Jesus ainda prostrada aos seus pés, disse-lhe:
- É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa dos filhos, da mesa de seu dono…
Disse-lhe Jesus, cheio de júbilo:
- Ó mulher, grande é a tua Fé! Seja feito como desejas.
Quando, então, a mulher cananéia voltou para a sua casa, ela encontrou a filha curada e sentada na cama, o demônio tinha saído dela. (Mt. 15:21-28 e Mr. 7:24-30)

A Terra Santa no Tempo de Jesus

Enquanto caminhava, em dado momento um fariseu se aproximou de Jesus e perguntou;
- Mestre o que eu devo fazer para ter a vida eterna?
Jesus achou graça da pergunta vinda de um doutor da Lei, e respondeu com outra pergunta:
- Que está escrito na Lei? Como é que a lês?
O fariseu respondeu:
- Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração , de toda a tua alma, de todas as suas forças e de todo pensamento (Deut. 6:5) e a teu próximo como a ti mesmo (Lev. 19:18).
Jesus gostou da resposta e lhe disse:
- Respondeste bem; faze isso e viverás.
Mas, o homem queria compreender a quem segundo Jesus ele deveria julgar ser seu próximo, e então perguntou:
- E quem é o meu próximo?
Jesus então sorrindo começou a contar uma parábola:
- Um homem descia de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote; viu o pobre homem caminho e passou adiante. Igualmente também um levita, chegando aquele lugar, viu-o e passou também adiante. Mas, um samaritano que viajava por aquele caminho, chegando àquele lugar , viu o pobre homem ferido e moveu-se em seu coração de compaixão. Aproximou-se dele cuidou de suas feridas, deitando nelas azeite e vinho e colocou ataduras nelas, Colocou o homem ferido na sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: - Trata dele e, quanto passar a mais em gasto eu te pagarei na volta quando passarei por aqui. Diga-me, qual destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?
Respondeu o doutor da Lei a Jesus:
- Aquele que usou de misericórdia para com ele.
Jesus sorriu ao fariseu e lhe disse:
- Vai, e faze tu o mesmo.
Disse-lhe o fariseu feliz pode ter compreendido:
- Perfeitamente, Mestre, amar o próximo como a ti mesmo excede todos os holocaustos e sacrifícios.
Disse-lhe Jesus:
- Não estás longe do Reino de Deus e da vida eterna. (Mt. 22:34-40, Mr. 12:28-34 e Lc.10:25-36)

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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 34. JESUS E MARIA MADALENA - UM AMOR SEM MEDIDAS

JESUS, AMOR & FÉ *

34. JESUS E MARIA MADALENA - UM AMOR SEM MEDIDAS

Na época de Jesus, duas condições eram lamentáveis: a das crianças e a das mulheres. Só uma condição possuía dignidade a do homem, a contar de quando saia da dependência de sua mãe até o final de seus dias o homem com as oportunidades certas seria digno de um status superior na sociedade. No passado o poder da mulher foi perdido quando o homem descobriu que ele era o responsável pela gravidez da mulher e pela geração de novos seres para perpetuar a espécie. Não seria errado dizer que a partir desta descoberta o órgão sexual masculino, o “falo” subiu à cabeça do homem, e com prazer desmedido passou a usar seu membro sexual para dominar a mulher, tal como a “serpente” enganara a Eva, o falo masculino levaria a mulher à perdição, à servidão, à escravidão e por ele seria dominada e subjugada à força. Não é por acaso que a principal arma criada pelo homem, a espada, em tudo remete a idéia do falo masculino e assim seria até a descoberta da pólvora, quando seria substituída pelas armas de fogo, às quais também possuem a forma do membro sexual masculino, tal como as bombas e foguetes contemporâneos. 
Porém a condição da mulher na História Antiga se diferenciou conforme a cultura. No Egito a mulher fora tão respeitada que Hatsheput (1.508 a.C - 1.458 a.C.), viúva de seu marido e meio-irmão Tutmés II, reinou sozinha e foi a primeira rainha do Egito, digo rainha pois o termo “Faraó”, não era usado pelos egípcios como título de realeza, apesar de serem responsáveis pela criação da “monarquia absoluta” e das “dinastias reais”, mas o termo era empregado pelas pessoas do povo, que se referiam ao “palácio”, como “casa elevada”, sendo esse o significado da palavra Faraó, que só passou a ser usado como título no tempo em que Moisés redigiu o Pentateuco (Torá). Já próximo ao tempo de Jesus, outra rainha do Egito descendente da dinastias do general romano Ptlomeu, o mesmo que conquistara a Judéia, chamada Cleopatra ganhara notoriedade por seu casamento com Júlio Cesar, o primeiro imperador romano e depois de sua morte por seu romance que a levaria à morte com o general Marco Antonio, um dos assassinos de seu marido. Mesmo na Grécia, o glorioso século do estadista Perícles (495 a.C. - 429 a.C), que divorciado após 10 anos de casamento de sua esposa, não podendo contrair novo matrimonio segundo a lei de Atenas, tomou como amante e concubina a Aspásia, uma mulher de grandiosa sabedoria, que inaugurou a primeira escola para jovens mulheres de boas famílias e chegou a inventar novos métodos de aprendizado, inclusive foi referida pelo próprio Sócrates como uma das mais importantes personalidade a orientá-lo em seu desenvolvimento educacional e filosófico, principalmente na arte da retórica e na formulação do método socrático. Contudo, entre os judeus apesar do papel relevante de certas mulheres na história dos judeus, tal como Ruth, a cultura “misógina” que impregna os ensinamentos de Moisés, que chega ao ponto do absurdo ao não nomear o nome da mulher de Noé, para propositadamente não dar a ela nenhuma dignidade, eliminando um conceito de “segunda Eva”, ou mais precisamente, definindo como “invisível” o papel da mulher na história da Humanidade, a ponto que segundo as lei mosáica as mulheres eram destituídas de “alma” e, creiam-me, foi só graças à Igreja Cristã Romana, que no ano de 584 da nossa era, no Concílio de Macon, cidade próxima a Lion, na França, que oficialmente foi atribuída à Mulher a mesma dignidade que ao Homem, sendo-lhe reconhecido que ela portava também uma ALMA, tal como o Homem!
Tendo em vista, a miserável condição da mulher na cultura judaica, imagine-se o terrível destino que poderia ter uma mulher de espírito livre e dotada por Deus de uma inteligência incomum e brilhante, sem dúvida ela teria uma vida atormentada, principalmente se fosse bonita, rica e tivesse acesso ao conhecimento de uma realidade restrita só a uma elite de privilegiados. O nome hebreu, Miriã, vinha do egípcio de “mry” que quer dizer “amada”, esse era o nome da irmã mais velha de Moisés (Êxodo 2:1-10), que ajudou a salvar sua vida e era profetiza. O nome se tornou popular no tempo de Jesus por causa da rainha Mariana, filha de um grande sacerdote do Templo que foi casada com Herodes, o Grande. Por influência romana, veio a ser grafado como Maria, versão latina do nome Marius, que significa “rebelião” em referencia ao deus da guerra romano Marte. Assim esse nome era muito popular, e entre as mulheres que seguiam Jesus, tais como sua mãe, sua tia Maria Salomé mulher de Zebedeu e Maria, casada com Alfeu de Cleófas, mãe de Tiago, o menor.
Quando Jesus chegou através do mar da Galiléia com seus discípulos à Magdala (ou Magadã), que ficava próximo a Tiberíades cidade de Herodes, com o intuito de tomar o caminho que o levaria para Jerusalém, aconteceu que Jesus foi convidado por um fariseu a ir comer na casa dele *(porquanto Jesus era amigo de publicamos, cobradores de impostos e tantos outros, e não fazia distinção de pessoa quanto ao seu status social). Assim, Jesus entrou na casa do fariseu e tomou seu lugar à mesa. E, aconteceu que uma mulher que padecia de muito sofrimento na alma, apesar de ser rica e levar uma vida livre de convenções sociais, uma típica Aspásia judia, que buscava conhecer a Jesus, e estando na região sabendo que Jesus estaria na casa de um de seus amigos, correu até onde Jesus estava e entrando, pois era conhecida do anfitrião, portava um vaso rico de alabastro cheio do mais precioso perfume; e ela se colocou por detrás de Jesus aos pés dele e começou a chorar, como faz um cachorrinho de estimação desejoso da atenção de seu dono, e suas lágrimas começaram a cair banhando os pés de Jesus, e ela não conseguia contê-las pois elas vertiam de seus olhos como uma se fossem de uma nascente, e ela enxugava os pés de Jesus com seus cabelos e os ungia com o perfume. 
Ao presenciar a cena, o anfitrião dizia consigo mesmo em seu pensamento: “Se este homem fosse mesmo um profeta, bem saberia quem é e qual mulher o toca, pois é uma pecadora.” Assim, o fariseu julgava a mulher que apesar de ser sua amiga, era apenas para ele uma amizade de diversão, pois ela não se comportava como uma boa mulher judia deveria se comportar e estava sempre desafiando a submissão que fora imposta à mulher desde Eva, e não aceitava sobre ela o jugo de homem nenhum, portanto vê-la naquele estado de humilhação e prostração aos pés de Jesus era uma verdadeira afronta ao anfitrião que tanto a cortejava e a quem ela não cedia de maneira seus favores sexuais, não importando quanto ele oferecesse, pois a tratava como uma prostituta, quando ela não o era. E, Jesus sabedor disso tudo, lançou um olhar duro ao seu anfitrião e disse-lhe:
- Simão, tenho uma coisa para dizer-te.
- Fala mestre. - respondeu-lhe o fariseu.
- Um credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro, cinquenta. Não tendo nem um nem outro como pagarem as suas dívidas; o credor perdoou a divida de ambos. Qual deles o amará mais? - perguntou Jesus a Simão, e ele respondeu:
- A meu ver aquele a quem mais ele perdoou.
Jesus replicou-lhe:
- Julgaste bem.- e olhando com piedade a mulher, Jesus continuou falando a Simão -, vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para lavar os pés como sinal de tua atenção segundo manda a Lei e de que seria bem recebido por ti; mas esta mulher com suas lágrimas lavou-me os pés e enxugou-os com seus cabelos. Não me deste o beijo fraterno de amizade; mas ela não desde que entrou não cessou de beijar os meus pés. Tu não me ungiste a cabeça com óleo, mas ela com o melhor perfume ungiu-me os pés. Por isso eu te digo: SEUS NUMEROSOS PECADOS LHE FORAM PERDOADOS PORQUE ELA TEM DEMONSTRADO MUITO AMOR. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama.
E terminando de dizer isso Jesus perguntou à mulher:
- Qual é o teu nome, minha filhinha?
E, ela como os olhos ainda a verter lágrimas que banhavam suas faces, levantou sua face para encontrar os olhos de Jesus repletos de piedade e disse:
- Maria.
E Jesus disse à ela colocando sua mão direita sobre a cabeça dela:
- Magdalena, os teus pecados estão perdoados. TUA FÉ TE SALVOU; PERMANEÇA EM PAZ - e assim o disse pois a mulher era muito atormentada em sua alma e jamais tivera paz.
E, os que estavam com Jesus à mesa começaram a murmurar entre si:
- Quem é este homem que até perdoa os pecados? - e murmuravam assim, pois os pecados só podiam ser expiados e perdoados mediante ofertas ao templo de caros sacrifícios e vultuosas somas oferecidas aos sacerdotes. (Lc.7:36-50)
Assim se cumpria mais uma profecia: “Por amor a ela *(Sião), eu não me calarei, por amor a ela *(Jerusalém) não terei sossego, até que sua justiça brilhe como a aurora, e sua salvação como uma chama e todas as nações verão então a tua vitória e todos os reis o teu triunfo. RECEBERÁ ENTÃO UM NOVO NOME, DETERMINADO PELA BOCA DO SENHOR.” (Isaías 62 1-2)
O nome Magdalena de origem aramáica queria dizer “a que vive na torre de Deus”, ou simplesmente “Torre”, e Jesus deu esse nome a Maria em razão de sua missão, bem descrita pelo profeta Isaías com as seguintes palavras: “Sobre tuas torres *(muralhas), Jerusalém, coloquei vigias; nem de dia nem de noite devem calar-se. Vós que deveis manter desperta a memória do Senhor, não vos concedais descanso algum, não os deixeis em paz, até tenha restabelecido Jerusalém para dela fazer a glória da terra.” (62:6-7) E, será exatamente esse o papel desempenhado por Maria Madalena em sua missão de vida como a discípula mais amada de Jesus, aquela que Santo Agostinho bem disse que estava “no início de um movimento que transformaria o Ocidente” e que dói sem dúvida a “Apóstola dos Apóstolos” como bem ele atribuiu esse título honorífico a ela.
Foi assim que se deu o encontro de Maria com Jesus, chamada por ele Madalena, da qual fora-lhe tirado sete tormentos (* demônios, Lc. 8-2 ), a saber: as trevas, o desejo, a ignorância, o medo da morte, os desejos da carne, a vã sabedoria da carne e a sabedoria irada. O que subjugava a alma de Maria, tirando-lhe a paz e não lhe dando sossego fora eliminado, meu desejo foi consumido e a ignorância morrei. Num instante, de um mundo fui libertada para outro mundo, fui libertada para um mundo celestial e foi libertada também dos grilhões das memórias do mundo terreno e de suas coisas são transitórias em razão do perdão dos seus pecados (Evangelho de Maria Madalena - Codex Akhmim (Cairo-1896), publicado em 1955, de propriedade de Dr. Carl Rheinhardt).
Entende-se por costume da época não se queria atribuir a Maria Madalena o seu devido valor, mas é incompreensível o que fizeram à reputação dessa mulher atormenta, que era mais fácil ser uma virgem do que ser uma prostituta, como o papa Gregorio I , o Grande, em sua Homília XXXIII de 591, revelou uma discriminação só possível de ser perdoada por Deus, tal a injustiça praticada, escreveu ele:
“É claro, irmãos que a mulher (referindo-se a correlação entre as passagens 7:36-50 e 8:2 do Evangelho de São Lucas e a menção feita por João em 11:1-2: “Lázaro caiu doente na Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta. Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os cabelos”) em que previamente usou o ungüento para perfumar sua carne em atos proibidos. Porque o que ela dispusera mais escandalosamente, ela estava agora oferecendo a Deus numa maneira mais prazerosa. Ela tinha cobiçado com olhos terrenos, mas agora através da penitência estava consumida em lágrimas. Ela colocara os cabelos para cobrir sua face., mas agora suas lágrimas secavam suas lágrimas. Ela tinha falado coisas orgulhosas com sua boca, mas beijando os pés do Senhor, agora ela colocava seus lábios nos pés do Redentor. Por cada prazer voluptuoso que ela teve, agora ela imolava a si mesma. Ela tornou a massa de seus crimes em virtudes, a fim de servir inteiramente a Deus em penitência.”
É incompreensível, que se pense que pecados só se cometam em atos, quando tantos são cometidos em pensamentos, e talvez esses sejam os mais ignóbeis. Afinal, poucos anos antes, a Igreja Romana tinha admitido finalmente em 584 que a Mulher tinha alma, contudo isso permitiria que a mulher tendo a dignidade igual a de um Homem viesse a agir como se fosse um e exigir que fosse tratada como uma igual, o que era algo inadmissível para a época, Maria Madalena era um péssimo exemplo de rebeldia, de uma mulher que tivera uma vida livre - mas isso não quer dizer que fosse uma prostituta, muito menos uma devassa como pensou o papa Gregório I, a julgando pelos seus próprios pensamentos pecaminosos-, uma mulher que apesar de seus modos questionáveis fora perdoada por Jesus. Porém, pouca importância se dá ao que Jesus disse à pobre mulher que sofria dores em seu coração, dores de amor, de profundo e devastador amor: “SEUS NUMEROSOS PECADOS LHE FORAM PERDOADOS PORQUE ELA TEM DEMONSTRADO MUITO AMOR.”
Maria Madalena, se havia pecado fora porque amara demais, amara a quem não devia, a homens que não a mereciam e que usavam de seu bom coração para satisfazer seus desejos ulteriores e malditos, pois em cada homem dominado por seu falo habita um demônio. Sim, o pecado de Maria Madalena fora amar mais aos homens do que a Deus, e nisso ela pecou. Mas, quando ela renúncia a tudo em seu coração por amor a Jesus, e suas lágrimas, mais do que expiação por seus pecado, foram elas por renúncia de seus sonhos e de si mesma por amor à Jesus, seu estado de êxtase por ter encontrado o seu caminho, o seu destino, a razão de ser de sua vida, o propósito de existir, sentimentos que a comoveram de modo que seus olhos vertessem lágrimas de vida, lágrimas do mais profundo amor e êxtase.
Saibam, tudo o que foi escrito quanto a Maria Madalena foi uma mentira, coisa do demônio, a fim de confundir e perseguir a Mulher como tem sido feito desde a criação, quando Lucifer invejou a Adão por causa de Eva, e por ter sido ela a causa da desgraça de Adão, o Homem não cansa de perseguir a Mulher, para que ela não tenha graça aos olhos de Deus. Assim, ao perdoar Maria e lhe dar um novo nome, Jesus derrotou os propósitos malignos de Satanás, e deu poder à Mulher de pisar a cabeça do demônio e dominá-lo, chegando a dar a Mulher um papel até mais importante que do Homem durante o seu ministério na Terra Prometida, tal como veremos em próximos capítulos, nos quais Maria Madalena passará a desempenhar um papel cada vez mais grandioso na vida de Jesus.

  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

domingo, 10 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 33. O PODER DIVINO DA MULTIPLICAÇÃO


JESUS, AMOR & FÉ *

33. O PODER DIVINO DA MULTIPLICAÇÃO 

Estava Jesus em Cafarnaum quando seus 12 discípulos, que ele havia enviado para pregarem a boa nova e anunciarem a chegada do Reino dos céus, ao terem tomado conhecimentos da morte de João Batista retornaram imediatamente para junto de seu mestre. E, estando todos reunidos juntos com Jesus, contarem-lhe tudo o que haviam feito e ensinado. Jesus então disse-lhes para irem para um lugar deserto para conversarem melhor e poderem descansar, pois naqueles dias eram muitos que iam e vinham à casa onde Jesus estava hospedado que nem tinham tempo de comer. Partiram assim na barca para Betsaída, com o intuito de ficarem em um lugar a parte. Betsaída em hebráico quer dizer ‘casa de pesca’ e os discípulos pescadores Pedro, André, João e Tadeu viviam indo e vindo para aquela cidade, daí que a região lhes era muito familiar, além do que distava a poucos quilômetros de Cafarnaum, a cidade estava na região de Golan, e integrava os domínios de Filipe, o Tetrarca, o território de Traconítide. 

Mas, as pessoas que os viram partir e percebendo que eles tomavam o rumo de Betsaída dirigiram-se a pé para lá os seguindo, e vendo alguns partirem outros vieram atrás e logo uma multidão começou a se dirigir para onde se supunha que Jesus estaria. A multidão que ia a pé chegou primeiro do que eles a Betsaída. Assim quando Jesus chegou na barca com os discípulos a grande multidão os aguardava e Jesus se compadeceu dela, porque via a multidão como um rebanho, ovelhas que não possuíam um pastor. Jesus chamou a todos e caminhou a frente enquanto o povo o seguia até uma colina onde haveria lugar para todos se acomodarem. Jesus falava-lhes sobre o Reino de Deus e restabelecia a saúde dos doentes, mas como a tarde já começava cair Jesus disse a Filipe, que fora discípulo de João Batista junto com André, irmão de Pedro:
- Onde compraremos pão para que todos estes tenham o que comer? - Jesus falava assim só para experimentar Filipe pois bem já sabia o que haveria de fazer. 
Um dentre os discípulos ouvindo aconselhou:
- Despede a multidão, para que as pessoas possam voltar para suas aldeias e sítios da vizinhança e encontrem lugar para se alimentarem e se hospedarem, porque aqui estamos num lugar deserto.
Mas, Jesus respondeu para eles:
- Dai vós mesmos o que comer para elas. 
Mas Filipe replicou-lhe:
- Duzentos denários de pão não bastarão para que cada um receba um pedaço e sacie a sua fome...
Jesus sem dar ouvidos, perguntou a André, irmão de Pedro, e que também fora discípulo de João Batista:
- Quantos pães consegues ter aí André? Ide ver.
Depois de se informar, André disse a Jesus:
- Está aqui um menino que tem cinco pães de cevada e dois peixes…mas que é isso para tanta gente? 
Jesus então lhes disse:
- Fazei as pessoas se sentarem na relva em grupos de cem e de cinquenta. 
Depois que estavam todos assim sentados como Jesus queria, ele tomou os cinco pães e os dois peixes e erguendo os seus olhos para o céu os abençoou-os, partiu-os e deu a seus discípulos, para que fossem distribuídos entre as pessoas, depois repartiu também os dois peixes entre todos. Todos que ali estavam comeram e ficaram fartos. 
Jesus então disse aos discípulos:
- Recolhei os pedaços que sobraram para que nada se perca.
Foi recolhido do que sobrou doze cestos cheios de pedaços de pão e os restos de peixe. Ora os convivas foram cinco mil homens sem contar as mulheres e as criança.
A vista deste milagre de Jesus aquela gente dizia:
- Este é verdadeiramente o Profeta que há de vir ao mundo! 
Jesus, percebendo que queriam arrebatá-lo e fazê-lo “rei” tornou a retirar-se sozinho para o monte (Mt.14: 13-21; Mr 6: 14-29; Lc. 9:10-17 e Jo 6: 1-15).
Esse é uma das raras passagens que aparece de comum acordo nos quatro Evangelhos do Novo Testamento, portanto deve-se tomar esse milagre algo que causou muita impressão, porquanto foi um milagre testemunhado por milhares de pessoas. Ora, aqueles judeus como todos os judeus eram crentes num “Messias” político, um rei dos judeus segundo uma concepção terrena, que teria o poder de libertá-los do domínio romano e restituir os dias de glória e esplendor da realeza da casa de Israel, tal como fora há mil anos antes, ao tempo do rei Davi e do seu filho o rei Salomão, a essa altura quase um reino lendário, até difícil de acreditar que algum dia tenha existido, porém era assim que aquelas pessoas simples acreditavam, e buscavam pois esse rei messiânico prometido pelos profetas, como sendo o Profeta de quem falara Moisés.

No dia seguinte, mais barcas chegaram até vindas de Tiberíades do outro lado do mar da Galiléia, e aportaram perto do lugar onde tinham comido o pão, depois que Jesus ter dado graças. E vendo que nem Jesus e nem os discípulos estavam ali, pois tinham retornado à noite - quando se dera o milagre que Jesus andara sobre as águas e salvara Pedro de afogar-se -, pegaram suas barcas deixaram Betsaida e foram para Cafarnaum. E encontrando a Jesus na outra margem perguntaram-lhe:
- Mestre, quando chegaste aqui?
E Jesus respondeu àqueles que o procuravam:
- Em verdade, em verdade vos digo, buscais-me não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos. Trabalhai não pela comida que perece, mas pela que dura até à vida eterna, que o Filho do Homem vos dará. Pois nele Deus Pai imprimiu o seu sinal e o ungiu. (Jo. 6:22-27) O verdadeiro pão de Deus é o pão que desce do céu e dá vida ao mundo. (Jo 6:33)
Disseram-lhe então:
- Senhor dai-nos sempre desse pão!
Jesus lhes disse:
- Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede. Mas, já vos disse: Vós me vêdes e não credes… (Jo 6-34-36)
Naqueles dias, muito se fala de Jesus, e seus adversários tudo faziam para pegá-lo em erro e poderem acusá-lo. Se um dia era uma coisa no outro era outra.
Assim estando em Cafarnaum, os cobradores de impostos aproximaram-se de Pedro e perguntaram:
- Seu mestre não paga a didracma *(todo israelita pagava anualmente um imposto de duas dracmas - moeda grega- destinado às despesas do templo de Jerusalém, na Judéia.) ?
- Paga sim! - respondeu Pedro, e quando chegou à casa, Jesus o preveniu dizendo:
- Que te parece Simão? Os reis da terra de quem recebem os tributos ou os impostos? De seus filhos ou dos estrangeiros? - Pedro respondeu:
- Dos estrangeiros.
Jesus respondeu-lhe:
- Os filhos, então, estão isentos *(porquanto como filho de Deus, Jesus estaria isento do pagamento).
Mas, não convêm escandalizá-los. Vai ao mar, lança o anzol, e ao primeiro peixe que pegares, abrirás a boca, e encontrarás um estarte *(moeda de prata que valia quatro dracmas). Toma-o e paga os impostos por mim e por ti (Mt 17:24).
No outro dia alguns fariseus e hertzianos vindos de Tiberiades, aproximaram-se dele e disseram-lhe:
- Sabemos que és sincero e que não lisonjeias ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. ë permitido que se pague o imposto a César, ou não? 
Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: 
- Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário. *(moeda romana)
E mostraram um denário a ele. E Jesus perguntou-lhes:
- De quem é esta imagem e inscrição?
- De César! - responderam-lhe.
Jesus então lhes replicou com autoridade:
- “Dai, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. 
E todos se admiraram dele ( Mr. 12: 13-17). E assim, não puderam surpreender Jesus em nenhuma palavra diante do povo. Pelo contrário, admirados de sua resposta tiveram de calar-se.
Depois Jesus disse aos seus discípulos em particular:
- Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome o destino da sua vida e siga-me. Porque aquele que que quiser salvar a sua vida a perderá, mas aquele que tiver dado a sua vida por minha causa a recobrará. Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se isso é para prejudicar a sua vida? Ou seja, que dará um homem em troca da sua vida?
E o silêncio caiu sobre os seus discípulos e Jesus continuou dizendo: - Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai com seus anjos; e então recompensará a cada um segundo suas obras. Em verdade vos declaro, muitos destes que aqui estão não verão a morte, sem que tenham visto o Filho do Homem, voltar na majestade do seu reino (Mt.16:24-28; Mr. 8:34- - 9:1; Lc. 9:23-27 e Jo 12:25)”. De fato todos que ali estavam dos 12 discípulos, só Judas Iscariotes não veria a Jesus ressuscitado. 

Novamente estas palavras sobre a renúncia de si mesmo consta nos quatro Evangelhos, o que dá grande força a essas palavras de Jesus, mais no sentido de fazer a vontade de Deus e de renunciar às ambições do próprio ego.

Seis dias depois de ter dito essas palavras, Jesus pegou consigo Pedro, Tiago Menor, João e seu irmão Tiago Maior, e levou-os consigo ao alto de um monte para orar, contudo eles estavam cansados e dormiram vencidos pelo sono, e deixaram Jesus orando sozinho. Quando Pedro acordou ficou atemorizado e chamou seus companheiros para verem se o que ele via era verdade: O rosto de Jesus e todo o seu corpo tinha se tornado luz, e sua veste resplandecia de brancura. E, ele conversava com outros dois seres resplandecentes como ele. Pedro, não conseguiu se calar, e foi dizendo nervoso para Jesus:
- Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres farei aqui três tendas, uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias - pois Pedro pensou que fossem Moisés e Elias com Jesus, mas ainda falava quando uma nuvem luminosa surgiu e os envolveu e da nuvem ouviu-se uma voz poderosa que dizia:
- Eis o meu Filho muito amado em quem pus toda a minha afeição: ouvi-o. 
E ao ouvirem essa voz os discípulos forma tomados de êxtase e caíram com a face por terra e tiveram muito medo. Mas, Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: - Levantais e não temais.   E, disse a eles para não contarem sobre o que viram a ninguém até que a sua hora estivesse consumada e eles o vissem em sua glória (Mt.17:1-8; Mr. 9:2-13 e Lc. 9:28-36).

A GALILÉIA AO TEMPO DA PREGAÇÃO DE JESUS

Depois disso Jesus despediu-se da região de Cafarnaum e chamando os seus discípulos partiram para a região de Magadã (Mt. 15: 39), ou Magdala como alguns identificam essa aldeia às margens sudeste de Cafarnaum. Ora, estando em viagem os discípulos tinham esquecido de levar pão, e faziam grande alvoroço por isso, perguntando-se o que haveriam de comer numa viagem tão longa, e Jesus lhes disse os repreendendo: 
- Guardai-vos com cuidado do fermento dos fariseus e dos saduceus. 
Mesmo, assim eles pensavam, que Jesus ralhava porque tinham esquecido o pão. Jesus penetrando seus pensamentos disse-lhes:
- Homens de pouca fé! Por que julgais que vos falei, por não terdes pão? Ainda não compreendeis? Nem vos lembrais dos cinco pães e dos cinco mil homens, e de quantos cestos recolhestes das sobras? Por que não compreendeis que não é do pão que vos falava, quando vos disse: Guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus? 
Então, eles finalmente entenderam que Jesus não dissera que se guardassem do fermento do pão, mas da doutrina e dos fariseus e dos saduceus, da hipocrisia de suas doutrinas (Mt. 16: 5:12).

Jesus assim fala aos seus discípulos, pois não era fácil para eles apesar de todos os grandiosos milagres que testemunharam naqueles dias após a morte de João Batista, que tinham por objetivo consagrar Jesus como o Salvador, o Filho de Deus, e, exatamente em razão da convivência e da intimidade que tinham com Jesus, que tinham dificuldade em aceitar a divindade daquele homem tão humano em todos os aspectos, ao qual chamavam de Jesus e que os fazia sentirem-se como se fossem uma família que a concepção de Jesus ser divino não entrava em suas cabeças e, assim, deixavam-se levar a toda hora pelo o vicio de suas velhas, crenças que lhes endurecia os corações, em vez de aceitar docilmente as palavras que Jesus lhes semeava em seus corações, sobre a sabedoria das coisas celestiais, pois continuavam a compreender a tudo apenas com a mente. 
Foi assim, com essa viagem que Jesus partiu de Cafarnaum deixando aquele território para trás e iniciando sua trajetória em direção a Jerusalém, para cumprir a predestinação divina do seu grandioso destino.

  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 32. JESUS E A REVELAÇÃO DA VIDA ETERNA

JESUS, AMOR & FÉ *

32. JESUS E A REVELAÇÃO DA VIDA ETERNA 

Nós julgamos sem saber o que se passa realmente. Nós julgamos que algo é mau pois não analisamos as consequências, não conhecemos o enredo do destino por completo. Consideramos a morte uma coisa má porque desconhecemos o que acontece após a morte. Consideramos o sofrimento mau, pois não compreendemos a razão pela qual se deve sofrer. 
Eu devo o início da minha pesquisa sobre Jesus em razão da minha sobrevivência em 17 de novembro de 1984 das garras da morte, e me parece hoje que meu quase morrer foi um mal que resultou em um bem maior. Após alguns anos a esse traumático incidente, chegou às minhas mãos uma das primeiras versões do Evangelho de São Tomé, encontrado em 1945, cuja tradução para o português se deu em 1988,  sendo que a primeira tradução para o inglês se dera nos EUA, em 1977.  O  Evangelho de São Tomé era, então, um assunto delicado e foi classificado como um Evangelho gnóstico cuja data de sua primeira versão poderia ser de 40 d.C a 140 d.C., apesar de tudo, era de grande importância para os estudiosos de Jesus, sendo aquele um dos últimos documentos surgidos a respeito de Jesus no século XX. 
Foi através da leitura desse novo Evangelho que passei a empenhar-me numa pesquisa metódica sobre Jesus, o homem-deus que vivera sobre a terra, e mais do que isso passei a ambicionar a entender Deus, e a razão do destino trágico que dera a si mesmo em sua vinda à Terra. Naquele tempo sem Internet, não era tão fácil obter boas informações, além do que as igrejas cristãs não tinham interesse em questionamentos sobre a verdade de Jesus, isso não era lucrativo em nenhum sentido. Além do que o mundo vivia seu tempo final da Guerra Fria, e aquele era um outro mundo, onde liberdades individuais era um pensamento lúdico e bastante mais filosófico do que prático. 
“É maravilha que a carne tenha vindo à existência por causa do espírito; e maravilha das maravilhas que o espírito tenha vindo à existência por causa do corpo. Mas, eu me maravilho muito mais disto: Como é que essa grande riqueza pôde habitar nessa pobreza?”, Ao terminar de ler essas palavras de Jesus da passagem  29 de Tomé, que eu encontrei a mesma pergunta que rondava a minha cabeça há tanto tempo e que era causa constante da minha admiração: como Deus veio habitar nessa situação miserável que é o corpo? Como um ser superior como Ele em sã consciência ia querer viver prisioneiro de um corpo e conhecer a horrível experiência de se ser escravo das necessidades físicas? Por que sendo livre alguém se sujeitaria à uma escravidão tão poderosa que muitos não conseguem se libertar nunca durante a vida? Dizia-me isso porque o que eu mais testemunhava na vida era gente morrendo devido às necessidades que tinham criado para si mesmas. 
Assim foi com avidez que continuei a minha leitura de Tomé. Já na passagem 58, Jesus disse: “Feliz do homem que sofreu (penou); ele encontrou a Vida”. Ora, não é lá muito compreensível, mas é preciso perder para se reconhecer o valor do que se possui, e, queiramos ou não, essa é uma estranha realidade. Só o sofrimento nos leva a encontrar o valor e a razão da vida, mas seria necessário mesmo tal mal para se valorizar a vida? A resposta parece vir na passagem 69: Jesus disse: “Felizes daqueles que foram perseguidos em seus corações: foram eles que conheceram o Pai na verdade. Feliz do que tem fome, pois se encherá o ventre de quem o deseja.” Pois, sem dúvida, o sofrimento assola o coração e em dado momento só Deus pode dar o consolo à alma aflita, será tudo entre ela e Deus apenas. A alma que busca o conhecimento só encontra o alimento que a contente em Deus. Momento que compreende que está no Todo, e o Todo é Deus, e nada existe fora do Todo. E de certa maneira após esse encontro com Deus, o ente não pertence mais ao mundo e anseia por retornar ao Todo, pois conheceu a si mesmo. Por isso está escrito na passagem 80: Jesus disse “Aquele que conheceu o mundo encontrou (ou dominou) o corpo, mas o mundo não é digno de quem dominou o corpo.” Mas, a questão disso vem a seguir na passagem 81; Jesus disse “Quem enriqueceu, se torne rei, mas quem tem a força, que possa renunciar a ela.” Nada mais difícil nesse mundo do que tendo um status se renunciar a ele, por um motivo ou por outro, até a renuncia por causa de uma ética moral é um dilema difícil de ser decidido. 
Destarte, só aquele que já renunciou ao que tem por um bem maior, e que desapegou-se de suas necessidades é que pode compreender a passagem 84, em que Jesus disse: "Nos dias em que vedes vossa semelhança, vós vos rejubilais. Mas, quando virdes vossas imagens, produzidas antes de vós, que não morrem nem se manifestam, o quanto tereis de suportar!” Ora, que assombro é quem pode ver a si mesmo e descobrir que o corpo não passa de uma “casaca"! Saber que se é Espírito e não corpo, e, assim, adquirir a plena consciência disso e compreender o que quer dizer “conhece a ti mesmo”. Isso assusta! Pois este é o dia em que, então, se há de ver o filho do Vivente, e não ter medo! (Tomé 37) tal como está escrito na passagem 111 ; Jesus disse: “Em vossa presença os céus se desdobrarão e o Vivente (saído) do Vivente não verá a morte nem (terá medo) , porque eu disse: “O mundo não é digno daquele que se encontra a si mesmo.” Esse é o drama maior do que o medo da morte, é descobrir a imortalidade da alma, como está escrito na passagem 50 do Evangelho de São Tomé, onde Jesus disse: “Se eles vos dizem ‘De onde vindes?’, dizei-lhes: ’Nós viemos da luz, do lugar onde a luz nasceu dela mesma; ela (se ergueu) e revelou-se em sua imagem’. Se eles vos dizem ‘Quem sois vós?’, dizei: ’Nós somos seus filhos, pois nós somos os eleito do Pai vivo’. Se eles vos perguntam: ‘Qual é o sinal do vosso Pai que está em vós?’, dizei-lhes: ‘É movimento e repouso’.”
Ora, de fato, a vida é movimento e repouso! Por esse motivo Jesus disse “Vinde a mim, pois meu jugo é bom e meu domínio é suave; em mim encontrareis repouso”. Pois quando nos tornamos dignos de Deus, encontramos toda a grande força e a riqueza de onde saímos e passamos a agir de maneira magnânima, não só porque o mundo não pode nos oferecer maior riqueza ou força do que já possuímos quando Deus está conosco, como não é capaz de nos dar a paz do repouso da nossa consciência em Deus, estando a consciência doravante certa de sua eternidade em Deus. Ora, aquele que compreende a eternidade da vida e consegue aceitá-la sem vertigem, esse também aceita a presença de Deus em todas as coisas, e está em paz consigo mesmo, pois a ele foi revelado que a vida é eterna.
João Batista foi um sagrado instrumento de Deus, e viveu sua vida para aquilo que fora disposto por Deus, foi ele o mensageiro, aquele que preparou o caminho para o tempo da manifestação de Deus na Terra Prometida, na pessoa de Jesus, o homem-Deus, o avatar divino. Do mesmo modo que Deus gerou a Jesus, fez João descer dos céus, deixando o seu estado angelical para servir Deus na carne, nesse quesito podemos aventar a possibilidade de ele ter sido um avatar do Arcanjo Gabriel, aquele que anunciou a vida de Jesus a Maria, uma possibilidade provável para quem aceita que os anjos podem tomar forma humana para trabalharem para Deus sobre a face da Terra. 
Portanto, quando ao final daquele verão com o aproximar do outono, a vida de João Batista foi ceifada pelo rei Herodes, devemos ver como um mal praticado pelas mãos humanas por vezes pode estar concorrendo na grandiosidade do poder de Deus, exatamente por isso nada absolutamente significa, como bem disse Jesus “Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temais, sim, Aquele que pode precipitar a alma e o corpo no Inferno.” (Mt. 10:28) A vida humana existe para atender um propósito divino de atividade, atingido esse propósito tal vida é colhida do mundo para retornar ao todo divino a que pertence e ter seu merecido repouso. 
Conta a História, que o rei Herodes Antipas, era filho do Herodes, o Grande, que fora casado várias vezes, sendo que em uma delas com a filha de um alto sacerdote do Templo, que se envolveu numa conspiração com seu filho primogênito numa tentativa de envenená-lo em 4 a.C., mas acabou morrendo naquele ano mesmo aos 70 anos de idade, deixando o reino dividido entre Herodes Antipas,, Tetrarca da Galiléia, Herodes Arquelau, tetrarca da Judéia, e Filipe, o tetrarca de Traconítide. Ora, Herodes Antipas, foi para Roma e lá tomou a mulher do meio-irmão, Herodes Filipe, neto do sumo sacerdote e a trouxe a Herodiasde - que era também neta de Herodes o grande e irmã de Herodes Agripa, rei falecido da judéia - e sua filha Salomé para morarem com ele na Galiléia. O que era um tremendo escândalo moral, já que ambos não eram casados e não poderiam se casar pela lei, pois ela era casada. Por volta de 18 d.C, Herodes Arquelau, que tinha ficado como rei da Judéia faleceu, e o trono estava vago, havendo uma disputa política em andamento entre Herodes Antipas e seu irmão Filipe, o Tetrarca, pois Herodes Antipas queria ser o rei dos judeus.
No dia do seu aniversário, a situação se apresentou para que Herodes Antipas colocasse o fim desejado na vida de João Batista que estava aprisionado na masmorra de seu palácio em Tíberiades, pois como saduceu ele tinha medo de almas de outro mundo e de que João Batista ressuscitasse para o acusar de seus mal atos virando o povo contra ele. Assim, por artimanha de uma mulher devassa, que faz uso de sua filha para seduzir o rei e exigir a cabeça de João Batista numa bandeja de prata, esse homem hediondo é lembrado até os nossos dias, quando deveria ter sido esquecido, todavia que sirva para lembrar da sordidez da natureza humana e a que ponto uma pessoa pode descer tão baixo pelas necessidades de seu corpo inútil. Bom, João Batista, não foi o primeiro ser humano e nem mesmo seria o último a perder a própria cabeça, dir-se-ia que é uma morte rápida, há historiadores que a descrevam como uma “morte limpa”, se isso for possível!, tanto que só os cidadãos romanos mereciam a “dignidade” de serem decapitados. De qualquer forma o ato é sanguinolento, mas bem menos bárbaro do que as formas cruéis de morte que a mente humana era capaz de criar naqueles horríveis tempos de obscuridade (Mt. 14:1-12; Mr. 6:14-29 e Lc 9:7-9).
Jesus estava em Nazaré quando foi informado da triste notícia por antigos discípulos de João Batista, que tinham transladado o corpo do palácio e o enterrado. Jesus ficou muito entretecido, mas sendo quem era sabia que isso fazia parte do seu destino, que João Batista viera ao mundo seis meses antes dele e que partira de retorno aos céus seis meses antes dele também. A respeito de João Batista, disse Jesus:
- Em verdade vos digo, entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. No entanto o menor no reino dos céus é maior do que ele *(porque o estado celestial é superior ao terreno). Desde a época de João Batista até o presente, o reinos dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam *(o uso da força e da espada em nome de Deus para se ter atendida na terra as ambições humanas). Porque os Profetas e a Lei tiveram a palavra até João. E, se quereis compreender é ele o Elias que devia voltar. Quem tem ouvido ouça” (Mt. 11:11-15).
Depois disso Jesus desceu sozinho para Cafarnaum e lá aguardou o retorno dos seus apóstolos. Nesses dias o tetrarca Herodes Antipas ouviu falar de tudo o que Jesus fazia e ficou perplexo, tomando consciência de que fora inútil decapitar João Batista, a ameaça de um Messias ainda existia, como fora dito ao seu pai no passado. Uns diziam: “É João que ressurgiu dos mortos”; outros: “É Elias que apareceu”; e ainda outros: “É um dos antigos profetas que ressuscitou” e outros apenas diziam: “Ele é Aquele que esperamos de quem falava Moisés, Davi e Isaías.” Mas Herodes dizia:
- Eu degolei a João. Quem é pois, este, de quem ouço tantas coisas?
E Herodes procurava ocasião para ver a Jesus. (Lc. 9:7-9)
Naturalmente muitos criticaram Jesus por não ter salvo João Batista e ao que se saiba nem ter ido visitá-lo na prisão, dois enganos lamentáveis, prova de falta de Fé de quem não acredita que Jesus não é a manifestação de Deus na carne e concebe a vida apenas em conceitos limitados às coisas terrenas, esquecendo do quão são diferentes das coisas celestiais. Jesus sempre se retirava para um lugar isolado para rezar, sempre de uma maneira ou de outra estava orando. Ele ensinou aos seus discípulos dizendo:
- E, eu vos digo: Pedi e vos será dado, buscai e achareis; batei e vos abrirá. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, ser lhe abrirá… Se vós sendo maus sabeis dar coisa boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que pedirem-lhe. (Lc. 11:1-13)
Pois, creiam, Jesus não deixou João Batista desamparado no sofrimento nem por um único instante, seu Espirito Santo o reconfortou por todo o tempo dando força e coragem até o minuto derradeiro, até nesse momento Jesus estava com João Batista, pois Deus jamais abandona um dos seus servos, até mesmo os seus anjos são confortados na hora da provação quando estão a Seu serviço. Esse é o mistério da Fé que é dado por Deus a todos que nele acreditam.
  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.