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quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

APOSTE EM VOCÊ!

 APOSTE EM VOCÊ!


BIA BOTANA 


Nestes dias assisti uma reportagem sobre um aplicativo norte-americano que permite, em palavras claras, apostas em eventos futuros com base em um “sim” ou “não”, ou seja, uma bolsa de apostas como existe no Reino Unido, onde apostar em qualquer coisa é o exemplo perfeito do famoso “fair play” britânico. (Link ⬇️ em Referências)


Era comum os bookmakers britânicos receberem vultuosas somas em apostas sobre a cor do vestido que a rainha Elizabeth II, uma apaixonada criadora de cavalos de corrida, iria vestir na abertura da temporada de corridas em Ascot, o que era para ela  uma ótima diversão, já que gostava de fazer suspense estimulando a bolsa de apostas e acompanhando os resultados e, então, dava vazão ao seu espírito brincalhão e colocava no dia uma cor nem ao menos aventada. Não se fábrica mais rainhas como ela, pois a forma da qual Elizabeth II foi feita foi jogada fora, com certeza!


A história do mercado de apostas no Reino Unido remonta ao século XVIII e acompanha a elevação social da burguesia. Os jogos de cartas e de azar ganharam uma breve projeção glamurosa na corte de Luiz XIV, em seu majestoso palácio em Versailles, no século XVI, mas acabaram condenados tanto pelos católicos como pelos protestantes, nos tempos do movimento da Reforma. 


Mas, no século XVIII, com o advento da Revolução Industrial um clima de disputa se estabeleceu entre inventores, pesquisadores, estudiosos atiçando a sanha dos apostadores em eventos futuros e tendências futuras, exatamente como o aplicativo elitista que deu tanto o que falar após a reportagem no programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo. Portanto, é apenas mais uma velha prática em forma de novidade genial, e por ser um embuste ou engodo faço questão de não mencionar o nome do aplicativo, nem da empresa e nem dos pseudos-criadores de algo que nada vem a acrescentar de bom à sociedade. (Link ⬇️ em Referências)


Em termos institucionais o mercado de bookmakers britânicos teve início com as apostas em corridas de cavalos. O primeiro corretor de apostas (bookmaker) foi Harry Ogden, que abriu a primeira casa de apostas nas corridas de Newmarket, Suffolk, em 1795, oferecendo probabilidades fixas (fixed-odds) sobre os resultados das corridas. 


Com o estrondoso sucesso econômico e financeiro decorrente da Revolução Industrial, o governo britânico viu por bem implementar uma lei para regular a atividade de bookmaker, ou seja, corretor de apostas. A primeira lei aprovada no Parlamento foi o “Gaming Act” de 1845, que tornou ilegais as apostas que não ocorressem em locais específicos, como as pistas de corrida. A nova lei visava controlar o jogo ilegal, se conseguiu, eu não sei dizer já que não estava lá para conferir. 


Realmente, eu não sei dizer se foi ingenuidade ou malícia tentar freiar a obsessão britânica para apostar, pois todos sabem que os habitantes da bela Albion de Blake apostam até se o passarinho vai ou não fazer titica no chapéu coco britânico de quem está passando.  


O que me leva a pensar que o famoso “bowler hat, criado em 1849 pelos chapeleiros Thomas e William Bowler, a pedido do Lord Fitzwilliam (William Coke) para seus guarda-caças usarem em lugar das frágeis cartolas, não foi só teve uma utilidade prática como criou uma tendência de moda masculina. Pois em pouco tempo o chapéu foi adotado por trabalhadores da sociedade proletária emergente e de tão popular ao final do século XIX se tornou um ícone de elegância masculina britânico e frequentemente associado a trajes formais, como ternos, guarda-chuvas. A ponto do chapéu ter servido de inspiração ao ator de origem britânica Charles Chaplin criar seu personagem Carlito, no início do século XX, e que marcou o início do cinema mudo e da era de Hollywood. 


Na década de 1960, era comum ver homens no centro financeiro de Londres usando o chapéu-coco como parte de seu traje diário. A ponto do “bowler hat” ter virado uma marca dos corretores financeiros da Bolsa de Londres, a qual não deixa de ser uma poderosa casa de apostas vendendo e comprando ações das empresas nela listadas. 


Haha! 😃 Aposto que ninguém esperava que eu ligasse bookmakers e operadores de bolsa de valores através de um estiloso “bowler hat”, o que prova que quem aqui escreve e edita o texto não é uma inteligência artificial 🤖, mas uma criativa e inigualável consciência humana. 

Após este breve interlúdio, para colocar talvez um sorriso no seu rosto, caro leitor ou leitora, eu vou retomar a minha linha de raciocínio, contando que foi justamente em 1960, que o governo britânico estabeleceu o Betting and Gaming Act, ou seja, a lei de regulação ode apostas e jogos, que permitiu a abertura comercial de casas de apostas nas ruas do Reino Unido, as quais se proliferaram por todo canto, até na mais singela rua de uma longínqua pequenina vila bucólica britânica, daquelas eternizadas nas pinturas de John Constable (1776 - 1837). E, foi assim que a prática de apostas sendo devidamente institucionalizadas se tornou parte da cultura britânica. 


A primeira loteria de apostas online no Reino Unido foi a PLUS Lotto, que apareceu como grande novidade em 1995. Alguém se lembra como eram os computadores em 1995? Um verdadeiro trambolho com sua tela preta e letrinhas verdes neon, que era preciso ficar digitando comandos cifrados para estabelecer uma espécie de comunicação digital. Somente no século XXI, o negócio das apostas online passaram a crescer de maneira exponencial, pois surgiram os PCs (Personal Computer) depois vieram os celulares, em seguida os smartphones e surgiram os Apps, aplicativos de todos os tipos que oferecem entretenimento, acesso a serviços (bancos, redes sociais, jogos, e-mail) e JOGOS! 


Em 2005, o governo britânico estabeleceu uma nova lei para os jogos, o Gambling Act 2005, modernizando a lei anterior a adequando para a era digital e estabeleceu como principal órgão regulado a Comissão de Jogos de Azar do Reino Unido (UKGC - United Kingdom Gambling Commission). A lei visava garantir um mercado justo, seguro e livre de crimes, além de proteger os menores e os vulneráveis. Mas, sejamos sinceros, de boas intenções o inferno está cheio, e no que diz respeito a presente questão de jogos e apostas está com a lotação mais que esgotada!


Atualmente, o mercado de apostas online do Reino Unido é afamado não só como o maior da Europa, mas também por sua prática comercial altamente regulamentada e segura, que dá às empresas britânicas a liderança global no setor.


A larga experiência britânica no campo das apostas, ligou um sinal de alerta recentemente, com a percepção de que apostar em tudo pode se transformar num vício prejudicial à saúde das pessoas, tão danoso quanto ao tão condenado e proibido atualmente como o hábito de fumar. Tal constatação alarmante  fez com que o governo britânico há pouco tempo implementasse  uma taxa para financiar a pesquisa e tratamento de danos causados pelo jogo. Caso de se perguntar se há alguma lógica nisso, mas aqui não se trata de lógica, mas de ganhar fortunas estratosféricas com a oferta tentadora de dinheiro caído do céu. 


Os danos caudados pelo vício no jogo chama-se ludopatia, também conhecida como transtorno do jogo patológico, que é uma condição de obsessão viciante, podendo ser comparável ao alcoolismo ou dependência de drogas como cocaína, que pode devastar a vida financeira, social e emocional dos indivíduos afetados. Atualmente com a proliferação de jogos digitais e de aplicativos digitais de apostas online, os chamados “BETS”, evidência-se o crescente perigo da transtorno do jogo patológico (ludopatia ou ludomania) atingir um número crescente de indivíduos, especialmente os mais jovens que ainda estão em processo de formação cerebral. Porquanto, o o córtex pré-frontal do cérebro humano, a região cerebral responsável por planejar e tomar decisões, só termina de desenvolver-se próximo aos 25 anos, sendo que seu amadurecimento completo, segundo estudos recentes que a estrutura cerebral continuem se desenvolvendo ainda além dos 32 anos, desenvolvendo-se com atualizações de suas conexões neurais, um desenvolvimento que sob condições adequadas pode perdurar até a inteira maturidade ao longo da vida. Assim, pode-se dizer que o vício em jogos e apostas contribui para a formação de indivíduos “idiotizados”, com perdas severas significativas da capacidade intelectual e de raciocínio lógico, a ponto de comprometer o indivíduo em sua convivência social, em razão de suas atitudes e decisões erráticas. (Links ⬇️ em Referências)


Não bastasse o mal causado à saúde física, está sendo cada dia mais flagrante o prejuízo econômico que a prática de jogos e apostas não só causa ao indivíduo aficcionado como à atividade econômica de um país, já que recursos financeiros que poderiam estar gerando mais produtividade e crescimento econômico são desviados para um ralo que escoa fortunas para os cofres dos bookmakers, nem sempre com práticas de jogos lícitos, mas que com o uso de algoritmos visam enganar a percepção dos jogadores com truques mágicos, dificilmente comprováveis. 


Recentemente, a diretora de Relações Institucionais do Ieps, o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, Rebeca Freitas, detalhou um alerta sobre os efeitos nocivos da legalização da prática de jogos e apostas no Brasil. Avisando que se “a legalização é um caminho sem volta, ele precisa reduzir os danos causados, mudando o modelo de regulação”.


“A saúde dos brasileiros em jogo” afirmam as entidades civis ligadas à saúde e da Frente Parlamentar Mista para Promoção da Saúde Mental. As chamadas BETS, de jogos de azar e esportivos que promovem apostas online, legaliza das desde 2018, com nova regulação desde 2024, estão provocando perdas econômicas e sociais de R$ 38,8 BILHÕES ao ano. A saber, “20% do valor, R$ 8 bilhões, representam impactos associados a seguro-desemprego, perda de moradia e prisão por atividade criminal. E quase 80%, um pouco mais de R$ 30 bilhões, são danos ligados à saúde, como suicídios, perda da qualidade de vida e tratamento da depressão.” (Link ⬇️ em Referências) 


Estima-se que o mercado brasileiro de apostas online pode movimentar R$ 270 bilhões no total em 2025, que terá um faturamento líquido de R$ 36 bilhões, gerando R$ 9 bilhões em arrecadação de impostos. O Brasil ocupa a quinta posição no ranking mundial neste lucrativo negócio  O mercado mundial total de jogos de azar online (incluindo apostas esportivas) está projetado para crescer para aproximadamente US$ 117,5 bilhões (aproximadamente R$634,5 bilhões) em 2025. Valores impressionantes estes, considerando que são valores especulativos, pois o lucro líquido das empresas não disponibilizados para serem conferidos. (Link abaixo ⬇️ em Referências)


Uma lição que aprendi com a experiência da vida, e que gosto de levar comigo, é que dinheiro merece respeito, pois é difícil de ganhar e muito fácil de perder. E, onde se precisa se contar com os caprichos da boa fortuna para prosperar é melhor ser precavido, pois tudo que os outros SEMPRE querem é colocar as mãos no seu rico dinheirinho. Assim, siga meu conselho, se você quer apostar em algo aposte em você, na sua capacidade de chegar onde você almeja, na sua consciência, na sua inteligência e na sua força para escalar a montanha com passos curtos e firmes  para chegar ao topo. Eu já conheci muita gente que se perdeu neste caminho tortuoso de jogo e apostas, pois viviam de uma esperança traiçoeira e mentirosa, de que iriam ganhar riqueza num estalar de dedos, e não perceberam que o que faziam de fato era tornar os outros ricos, por conta de suas sandices crédulas. 


Cada vez mais nos dias de hoje, tem algo de errado com as pessoas, que são levadas a pensar que precisam de muita coisa para serem felizes, quando na realidade elas precisariam muito pouco,  se elas tivessem a consciência de que possuem muito mais valor nelas mesmas do que nas coisas que querem possuir para se sentirem valorizadas. 😃



Referências 


https://g1.globo.com/google/amp/fantastico/noticia/2025/12/07/como-funciona-o-negocio-criado-pela-brasileira-que-virou-a-bilionaria-mais-jovem-do-mundo-a-fazer-a-propria-fortuna.ghtml



https://www.facebook.com/share/v/1FkhLtYRn9/?mibextid=wwXIfr

Comentário no post da entrevista na GloboNews, nestes dias, que mostra que o processo de “idiotização” trazido com falsas narrativas da ideologia libertária do Vale do Silício não engana a todos:


“Adriana Lichtenfels Riccio • 1d

“ É fácil virar bilionária: Luana Lara.Pra começar, é preciso morar nos EUA (onde as leis permitem seu tipo de negócio), ter estudado nas melhores escolas graças ajuda inicial da família. Depois basta ter a boa ideia de vender apostas e dizer que não são apostas. São

"mercado"! E viva o American Way of Life! Neocapitalismo na veia!

"Self made woman"? Meritocracia existe mesmo? Nojento! Que beneficio essa empresa traz ealmente pra sociedade em geral?

Traz benefícios só para a própria empresa! Já que é uma casa de apostas de luxo. Essa é a verdade.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Jogo_patológico


Ludopatia: um alerta sobre os perigos do jogo patológico - Fundação São Francisco Xavier


https://www.bbc.com/portuguese/articles/ckgzk0g8317o.amp


Professor Noslen: Ludomania: o que significa a palavra que causou rebu na CPI das Bets | VEJA


https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/economia/audio/2025-12/bets-causam-perdas-economicas-e-sociais-de-r-388-bilhoes-ao-ano


https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2025/12/09/ao-menos-19percent-dos-usuarios-de-internet-no-brasil-fizeram-apostas-online-em-2025-diz-pesquisa.ghtml


Mercado de bets deve faturar R$ 36 bilhões no Brasil



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