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terça-feira, 8 de março de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 50. JESUS E O SACRIFÍCIO DO CORDEIRO DE DEUS

JESUS, AMOR & FÉ *

50. JESUS E O O SACRIFÍCIO DO CORDEIRO DE DEUS

Como era do procedimento da justiça romana Pilatos mandou escrever uma tabuleta com o crime pelo qual Jesus seria crucificado, já que apesar da crucificação dele ter sido pedida pelos sacerdotes dos judeus e do povo judeu que os acompanhavam, os judeus não podiam por eles mesmos darem andamento a execução da sentença, de forma que para atender aos judeus Pilatos ordenou aos soldados romanos que fizessem o procedimento da sentença, e ao final colocassem no alto da cruz a tabuleta onde estaria escrito a seguinte inscrição em hebraico, latim e em grego: JESUS DE NAZARÉ, REI DOS JUDEUS. Feito isso entregou a tabuleta nas mãos dos acusadores de Jesus. Os sacerdotes ao lerem a inscrição disseram a Pilatos:
- Não escreves “Rei dos Judeus”, mas sim: “Este homem se disse ser rei dos judeus”.
Pilatos respondeu a eles com desprezo:
- O que escrevi, escrevi.
E deu ordem aos seus homens que buscassem o madeiro para que o condenado o carregasse. 
Naquele tempo a morte por crucificação passara a ser adotada em lugar da morte por empalação considerada demasiadamente bárbara pelos romanos, mas que fora até então largamente usada na região pelo mais cruel de todos os povos, os assírios, e veio a ser adotada por muitos povos, que apreciavam assistir o sofrimentos humano, pois consistia em enfiar uma estaca por um orifício das partes baixas da vítima e remeter-lhe até sair pela boca ou por cima em qualquer lugar, e depois colocar a vítima estacada de pé na terra. Por sua vez em razão dos sucessivos atos de rebeldia dos judeus, as cruzes eram fabricadas em série e de boa madeira para que durassem, pois era costume a sua reutilização para reduzir os custos com as execuções. Jesus bem o sabia disso, pois vira o seu pai fabricar muitas cruzes para os romanos por ser marceneiro e ele por ironia também fabricara cruzes. 
Normalmente na pretoria sempre existia cruzes disponíveis para serem utilizadas, assim Pilatos mandou que se trouxesse uma cruz romana de boa madeira e foi feito conforme fora ordenado. A cruz foi posta no chão da pretoria em frente ao portão e foi dada aos sacerdotes judeus, por que eles não só tinha pedido pela sentença, como seriam os responsáveis pela supervisão do cumprimento da sentença, apesar que essa fosse executada por soldados romanos, os soldados Templo fariam a guarda, pois Jesus era prisioneiro dos sacerdotes judeus e não dos romanos. 
Ocorreu que já que os judeus não podiam entrar na pretoria para não se contaminarem, pois era o dia da preparação da Páscoa, assim como não podiam pegar na cruz e muito menos os romanos poderiam carregar a cruz, pois Jesus não era prisioneiro dos romanos, instalou-se uma discordância em razão de um dilema previsto por Pilatos, que não perdia uma oportunidade para se divertir com as questões das tais "impurezas" dos judeus, que a tudo discriminavam. Então, os sacerdotes obrigaram um homem forte que estava entre os que observavam, que pegasse e carregasse a cruz para fora da pretoria, pois em razão de sua cor de pele escura tinham deduzido erroneamente que ele não era judeu. E o nome desse homem era Simão de Cirene *(oriundo de uma comunidade judáica de uma cidade do norte da África, atual Líbia), pai de Alexandre e de Rufo - os quais eram discípulos de Jesus -, e que naquele dia tinha vindo do campo para a festa da Páscoa. E foi assim que um homem também chamado Simão, o mesmo nome de Pedro - que afirmara que daria a vida dele por Jesus, para depois negar o nome de Jesus por três vezes apesar de ter sido ele um dos primeiros a ser escolhido por Jesus-, este Simão que mal conhecera Jesus ao ver que o condenado era aquele que os seus filhos reputavam como o Mestre, o Messias, não por ordem dos sacerdotes, nem por ordem dos soldados romanos, mas por amor e misericórdia por Jesus, lançou mão da cruz e a colocou em seus ombros e saiu da pretoria a carregá-la sem temor que quem o visse o considerasse um criminoso culpado de qualquer crime por estar carregando uma cruz. Contudo, não carregou Simão a cruz por muito tempo, pois Jesus se aproximando dele e disse-lhe com um profundo olhar de agradecimento e repleto de benevolência:
- Simão já fizeste a tua parte, deixe-me agora cumprir a vontade de meu Pai, pois está escrito: Aprouve o Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer a sua vida em sacrifício expiatório… (Is. 53:10)
E, com muito contragosto, Simão de Cirene colocou a pesada cruz nos ombros de Jesus, temendo que ela pudesse esmagá-lo por conta dos ferimentos que tinha recebido quando fora açoitado, mas espantou-se Simão de ver que embaixo daquela aparência de carne dilacerada e repleta de chagas, brilhava no olhar de Jesus uma luz poderosa e por um momento Simão pensou ver toda a energia vital do mundo a vibrar dentro daquele corpo, como se fosse a própria energia da imortalidade divina. Ao ver isso, Simão não teve mais dúvida de que aquele homem que assemelhava-se a um castigado, ferido por Deus e humilhado, era realmente o Filho de Deus, o Messias!!! E sendo o Messias, nele a vontade de Deus seria realizada e nele o próprio Deus se glorificaria.
Quando Jesus começou a carregar a sua cruz, nenhum dos seus discípulos estavam no local nem para defendê-lo, nem para ajudá-lo e nem mesmo para serem meras testemunhas oculares de seu sofrimento. Eles também não estariam presentes em sua morte, pois todos teriam fugido e se escondido. Portanto, não foi de admirar que as únicas pessoas que testemunharam esse dia de profundo sofrimento público de Jesus, e que estiveram ao seu lado durante toda a sua humilhação aos olhos dos homens e glorificação aos olhos de Deus, fossem justamente as mulheres que o tinham seguido e que durante todo o tempo tinham zelado por seu bem-estar ao lado de sua mãe amada Maria, cuidando que suas roupas estivessem sempre limpas, que jamais lhe faltasse o que comer, que fosse sempre cuidado e perfumado com o amor delas e que não hesitaram em sustentá-lo com suas posses para que pudesse fazer a pregação da Boa Nova que ele trazia do Reino de Deus. As mulheres que no passado foram as primeiras a acreditar na sua vinda - nas pessoas de Isabel, mãe de João Batista, e Maria, sua mãe -, serão também as últimas a estarem com Jesus em seu momento de maior sofrimentos na vida, não por causa da morte física, mas pelo desamor daqueles a quem Ele tanto amara. Sendo assim, devemos mais confiar nos relatos da via dolorosa em que consta a presença das mulheres que o amavam, pois nenhum dos homens estava presente, mesmo que depois tenham desejado que assim não tivesse sido e tentassem fazer com que nos futuros testemunhos e depoimentos esta circunstância passasse desapercebida com alguns artifícios de retórica.
Não demorou para se espalhar a notícia que o rabi galileu que fizera tantos milagres fora preso e condenado a crucificação e que estava a descer a principal rua de Jerusalém, aquela onde estavam as tendas de comércio, carregando a própria cruz. O povo acorria de todo lado querendo ver, pois não acreditava que tal coisa fosse possível, e as pessoas diziam entre si incrédulas:
- A crucificação de um “rabi”?
- Como os romanos poderiam ter cometido tamanha crueldade na véspera da Páscoa?
- E os sacerdotes permitiram isso?
- De que crime fora aquele homem justo acusado?
- Não era ele o Filho de Deus?
- Se estava sendo crucificado não era!!! Era um mentiroso!
- Um mortal como nós! Merece morrer por ter mentido!
Mas, o seguia bem junto como se quisessem proteger Jesus da multidão as mulheres que o amavam, que batiam no peito, lamentavam e choravam sem parar por causa da compaixão imensa que sentiam em seus corações. Jesus então disse-lhes com voz firme e forte, mas piedosa e amorosa:
- Filhas de Jerusalém, não choreis sobre mim, mas chorais sobre vós mesmas e sobre vossos filhos. Porque virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram. Serão destruídos os altares pelos pecados de Israel, espinhos e abrolhos crescerão em seus altares. Dirão então às montanhas; Cobri-nos e as colinas: Cai sobre nós! (Oséias 10;8) Pois se assim fazem ao lenho do ramo verde *(ao jovem), que acontecerá ao seco *(velho)?
Disse isso às mulheres para alertá-las do perigo que correriam devido a desumanidade com que os sacerdotes judeus tratariam os mais fracos, de tal forma que não haveria nem mesmo mais respeito mais pelos anciãos. Dentre essas mulheres havia uma de nome Berenice, cujo nome macedônio queria dizer ‘portadora da vitória”. Vendo que a face de Jesus se cobria de sangue e estava impedindo a sua visão, arriscando que ele tropeçasse em alguma pedra do caminho, ela tirou o seu véu e o colocou sobre a face de Jesus, imediatamente ficou retratada imagem do rosto de Jesus no tecido. Jesus então ordenou a ela:
- Guarde-o com cuidado.
Em razão de ter se tornado o único retrato de Jesus, e dizia-se com poderes milagrosos, que chegara até a curar o imperador romano Tibério de uma doença que lhe dava chagas por todo o corpo e converter o próprio Imperador romano só de ver a imagem de Jesus, o precioso véu começou a ser chamado de “vera eikon” que quer dizer imagem da verdade, assim era chamada a imagem milagrosa de o “véu de Verônica”, e por esse motivo confundiu-se o nome de Berenice com o de Veronica. 
Era costume naqueles tempos bárbaros tanto dos romanos como de muitos outros povos antes deles, colocarem os condenados à morte exibidos na estrada que conduzia ao principal portão de entrada da cidade ou em seus muros como para dissuadir os criminosos, salteadores e ladrões pensassem que aquele era um local sem lei. Normalmente morriam ali e eram comidos pela aves de rapina ou animais, de forma que com o passar do tempo lhes restasse apenas os ossos. Ora, fora dos muros de Jerusalém, de acordo com este costume havia um lugar devidamente reservado para as execuções, que ficava num montículo escarpado que ficava bem a frente do portão da cidade, de modo que todos que fossem a Jerusalém vissem os castigados, e vendo tivessem temor. A esse local chamaram lugar da Caveira *(Calvário, ou Gólgota), pois a caveira sempre fora símbolo da morte, além do que os restos dos corpos dos que ali morriam eram jogados numa vala comum vizinha, pois os criminosos não tinham direito a um enterro, menos ainda a um túmulo. 
Jesus, assim foi conduzido com a sua cruz até o outeiro. Ali já estavam crucificados também dois ladrões. Os guardas romanos incumbidos da crucificação, que seriam supervisionados pelos guardas do templo.
A cruz foi tirada dos ombros de Jesus enquanto os soldados comentavam de sua surpreendente resistência para um homem tão abatido, admiravam-se da sua vontade estóica e da força sua energia por ter carregado a própria cruz apesar do estado lastimável do seu corpo, que de tão fragilidade parecia estar já cadavérico. Então eles, ofereceram a Jesus uma mistura de vinho com ópio, mistura usualmente oferecida aos supliciados antes da crucificação para que ficando atordoados não tivessem nem medo e nem se convulsionassem por causa da dor. Mas, Jesus não aceitou beber a mistura, demonstrando sua força e coragem frente ao sofrimento que o aguardava. Os guardas, então, o despiram de suas roupas ensanguentadas e as separaram para serem sorteadas entre eles, como sempre se fazia. E, então, deram início ao procedimento da crucificação. Por cima de sua cabeça pregaram a tabuleta com escritos ordenados por Pilatos, que dava a conhecer Jesus a quem passasse por ali como “rei dos judeus”, e, depois levantaram o madeiro, e dali Jesus contemplou com o coração sangrando, tomado de imensa tristeza Jerusalém e o povo que ali estava, enquanto pensava nas palavras do profeta que se cumpriam mais uma vez:
“Foi maltratado e resignou-se, não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro e uma ovelha muda nas mãos do tosquiados. Ele não abriu a boca. Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou defender sua causa quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado do meu povo?” (Is. 53:7-8)
Depois de o haverem crucificado os soldados romanos dividiram suas vestes entre si, tirando a sorte. Pois eram vestes dignas de um rei, pois tinham sido dadas a Jesus por Herodes, Antipas. Enquanto faziam isso os judeus passavam pela cruz de Jesus e diziam:
- Tu que destróis o Templo e o reconstrói em três dias, salva-te a ti mesmo agora!
- Se és mesmo o Filho de Deus desce da cruz agora, ó miserável!
Os escribas, sacerdotes e os anciãos que tinham conspirado a sua morte também zombavam dele:
- Ele salvou outros! Não pode salvar a si mesmo!
- Si és rei de Israel desças agora da cruz!
- Si te salvares creremos em ti˜
- Confiou em Deus, Deus que te livre agora!
- Tu disseste: sou Filho de Deus. Se Deus o ama onde está Ele agora?
E ouvindo os ultrajes que proferiam-lhe, Jesus levantou os olhos para o céu e contemplou o sol que finalmente chegava quase ao seu zênite e orou:
- Pai, perdoai-os porque não sabem o que realmente estão fazendo!
E era quase a hora sexta *(o meio-dia) daquele dia quando Jesus disse essas palavras.
Então chegaram junto a cruz a sua mãe, acompanhada da irmã  Maria Salomé (mãe dos filhos de Zebedeu, João e Tiago, e e que fora a parteira de Jesus) e sua discípula amada Maria de Magdala *(Madalena), e ali se ajoelharam ao pé da cruz e ficaram orando para Jesus com todo amor, rogando pela compaixão de Deus para que Jesus fosse poupado do sofrimento e fosse levado logo pela morte, pois este era o único bem que lhe poderia acontecer naquela hora que fora abatido pelo mal. Quando Jesus viu sua mãe e ao lado dela sua tão amada Maria Madalena, ele disse à sua mãe: “Mãe, aí está a sua filha. Maria, ai está a sua mãe.” E a partir daquele momento Maria de Magdala tomou Maria como sua mãe e cuidou dela pelo resto de sua vida.
Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado e que o sopro de vida de sua alma iria deixar o corpo, disse:
- Tenho sede de justiça.
Mas, o guarda do Templo que estava próximo pensando que Jesus dissera que estava com sede de água, embebeu uma esponja no vinagre, pois o vinagre tirava a sede, colocou numa vara e levou aos lábios de Jesus. Jesus tomou do vinagre e disse:
- MEU DEUS, MEU DEUS ABANDONES ESTE TEU SERVO! ARREBATA-ME PARA TI! EM TUAS MÃOS ENTREGO O MEU ESPÍRITO!
E dizendo isso sua cabeça se inclinou e do seu corpo ausentou-se o Santo Espírito de Deus, e então caiu sobre a terra uma profunda escuridão cobrindo o sol que chegara ao seu zênite, de tal modo que o dia virou subitamente noite.
Os judeus que conspiraram sua morte e que ali estavam pensaram ouvir que Jesus dizia que Deus o tinha abandonado, ou que chamava pelo profeta Elias, pois dissera "Eli, Eli.." *(mas Eli em hebreu quer dizer Pai), mas então a escuridão total caiu sobre a terra. E eis que o véu do Templo que separava o altar do Santo Sanctorum *(ou Santo dos Santos, local da presença divina de Javé, onde só os sacerdotes levitas tinham acesso) se rasgou em duas partes de alto a baixo, a terra tremeu, fenderam-se as rochas. Os sepulcros se abriram e os corpos de muitos justos ressuscitaram. Do céu ecoou um trovão ensurdecedor e um raio cruzou do Oriente para o Ocidente. Os acusadores de Jesus fugiram apavorados temendo que a ira de Deus caísse sobre eles, corriam gritando, tropeçavam e caiam como moscas, muitos foram pisoteados pela multidão que corria para dentro dos muros da cidade na busca de refúgio e de um lugar seguro, pois temiam que aquele fosse o fim do mundo.
O centurião e seus homens que montavam guarda a Jesus, diante do estremecimento da terra e de tudo o que se passava disseram entre si, possuídos de grande temor:
-Verdadeiramente, este homem era um justo. Ele era o Filho de Deus! (Mt. 27:32-56; Mr. 15:21-41: Lc. 23:26-49 e Jo. 19:17:30)
  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

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