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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A LIBERDADE DE OFENSA


Como escritora e jornalísta por ofício, eu sou uma defensora da “liberdade de expressão” há décadas, e de tanto ter tomado censura resolvi me tornar uma blogueira, e para meu total desencanto constatei após quase um ano desse ofício, que a tal “liberdade de expressão” é aqui na Internet, também, um direito apenas dos poderosos da mídia mundial. Mesmo assim, seja pela perseverança ou pela teimosia que me fazem uma perseverante teimosa demais, eu prefiro me ver cada vez mais como uma “ombudswoman” das notícias que circulam na Internet e que são lidas pelos internautas de todo o mundo.

Na última semana a minha indignação foi aos píncaros das alturas com a tendência da mídia mundial de defender o video anti-islã postado no You Tube como um caso de “liberdade de expressão” equanto é um caso típico de “liberdade de ofensa”. Se o personagem alvo da agressão gratuita de injúria pornográfica fosse o presidente dos EUA, Barack Obama, ou o papa Bento XVI é certo que também seria um “caso de polícia” que levaria o veículo de divulgação a retratar-se judicialmente, tal como vem ocorrendo com o caso do “topless real”, apesar do personagem alvo desse caso ter dado motivo ao escândalo sofrido, e como bem falou ontem a jornalista da Globo, Monica  Waldvogel: “–…Se ela não queria ser alvo de escândalo que não tirasse a parte de cima do biquiní… Eu vou falar a verdade, eu estou farta da pose de “ofendida” dela!” Está mais uma vez certa, Monica!

Mas, o que importa e é realmente relevante nesses dois casos, que surgiram praticamente juntos nas manchetes há uma semana, é que o primeiro recebeu um destaque mínimo e ridículo na mídia, apresentando muitas vezes a reação do protesto islâmico como um nonsense, demasiadamente exagerada, fanática  e descabida para um filmeco de quinta categoria que poderia ter passado ignorado ou ser ignorado. “– Uma reação muito oportunista por conta do 11 de setembro de 2001...”, disseram alguns comentaristas, destilando seu próprio desprezo pelos islâmicos.  Enquanto que o segundo caso, o do “topless real”, extrapolava em dezenas de milhares da manchetes por todo o mundo, segundo o buscador do Google. Isso sim é um absurdo de “nonsense”!!!

É sabido que desde que Rupert Murdoch inaugurou na década de 1980 o jornalismo de escândalos para vender seus tablóides e jornais e erguê-lo como barão da mídia mundial, a tendência da “liberdade de ofensa” tem feito escola entre os jornalistas macaquinhos de imitação de todo o planeta, a ponto que atualmente o jornalismo não pode ser mais levado realmente a sério e o olhar do público sobre as notícias publicadas é sempre de desconfiança.

O primeiro dever do jornalismo de reportagem é transmitir a informação completa e sem ser tendenciosa e a função do jornalismo de opinião é analisar a notícia e fornecer os aspectos e consequência de um fato noticiado e fornecer informações sobre as implicâncias e os desdobramento que a notícia possa ter. Nos dias de hoje essas práticas jornalistas raramente acontecem, porquanto há um abuso em usar o jornalismo como um meio de formação da opinião pública, de modo que ao influenciá-la o público venha a reagir aos fatos segundo os interesses ulteriores dos grupos poderosos do momento, estabelecendo um clara manipulação da notícia, sem nenhum compromisso com a ética jornalística, o que é inteiramente lamentável.

O problema que se observa é que tanto entre os jornalistas, ou meio jornalístico, quanto no que diz respeito ao público a quem a informação é dirigida, a linha imaginária que antes separava o bom jornalismo do mau simplesmente desapareceu, e ninguém parece mais saber distinguir o que é  a prática da “liberdade de expressão” e o que é a prática de “liberdade de ofensa”. O que nós vemos hoje em dia é que esse padrão do jornalismo anti-ético se tornou tão constante que consagrou-se como “normalidade”, e que de maneira generalizada ninguém lembra-se mais das sábias palavras do filósofo libera inglês Herbert Spencer (1820 ­– 1903) de que "a liberdade de cada um termina onde começa a do outro."

Por conta de não ter perdido, ainda!, a minha capacidade de indignar-me com a estupidez humana – que insiste em fazer da vida da maioria das pessoas um inferno na Terra –, foi que  ao ler hoje com o pronunciamento de ontem do  secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre o video ofensivo ao profeta Maomé, eu senti um certo alívio e até esperança, quando ele disse que: "A liberdade de expressão pode e deve ser garantida e protegida, quando é usada para a justiça comum, um propósito comum, (...) Quando algumas pessoas usam essa liberdade de expressão para provocar ou humilhar os valores e crenças de algumas outras pessoas, então ela não pode ser protegida dessa forma. (…) Minha posição é de que a liberdade de expressão, embora seja um direito e um privilégio fundamentais, não deve ser abusada por tais pessoas, por um ato tão lamentável e vergonhoso."

Finalmente, após uma semana, uma voz representativa da elite da comunidade mundial levanta-se para condenar a prática da “liberdade de ofensa” vigente! Eu espero que outras vozes se unam a ela para que assim a verdadeira “liberdade de expressão” volte a ter vez no mundo, assegurando o direito democrático ao acesso de informações confiáveis livres des manipulações tendenciosas, monitoramento ou censura, e que cada um nós possamos pensar por nossas próprias cabeças e sermos capazes de formular as nossas próprias opiniões. Como bem disse Churchil sobre Hitler – e aqui as mesmas palavras cabem como uma luva para os meios de comunicação contemporâneos –, é bom lembrar aos interessados na opinião pública: "Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos por todo tempo."

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29/09/2012

9h26


Gente, esse artigo é muito bom!!! Não deixem de ler.
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28/09/2012

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21/09/2012

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