Como escritora e jornalísta por ofício, eu sou uma defensora da “liberdade de expressão” há décadas, e de tanto
ter tomado censura resolvi me tornar uma blogueira, e para meu total desencanto
constatei após quase um ano desse ofício, que a tal “liberdade de expressão” é
aqui na Internet, também, um direito apenas dos poderosos da mídia mundial. Mesmo
assim, seja pela perseverança ou pela teimosia que me fazem uma perseverante
teimosa demais, eu prefiro me ver cada vez mais como uma “ombudswoman” das notícias
que circulam na Internet e que são lidas pelos internautas de todo o mundo.
Na última semana a minha indignação
foi aos píncaros das alturas com a tendência da mídia mundial de defender o
video anti-islã postado no You Tube como um caso de “liberdade de expressão”
equanto é um caso típico de “liberdade de ofensa”. Se o personagem alvo da
agressão gratuita de injúria pornográfica fosse o presidente dos EUA, Barack
Obama, ou o papa Bento XVI é certo que também seria um “caso de polícia” que
levaria o veículo de divulgação a retratar-se judicialmente, tal como vem
ocorrendo com o caso do “topless real”, apesar do personagem alvo desse caso
ter dado motivo ao escândalo sofrido, e como bem falou ontem a jornalista da
Globo, Monica Waldvogel: “–…Se ela
não queria ser alvo de escândalo que não tirasse a parte de cima do biquiní… Eu
vou falar a verdade, eu estou farta da pose de “ofendida” dela!” Está mais uma
vez certa, Monica!
Mas, o que importa e é realmente
relevante nesses dois casos, que surgiram praticamente juntos nas manchetes há
uma semana, é que o primeiro recebeu um destaque mínimo e ridículo na mídia, apresentando
muitas vezes a reação do protesto islâmico como um nonsense, demasiadamente
exagerada, fanática e descabida
para um filmeco de quinta categoria que poderia ter passado ignorado ou ser
ignorado. “– Uma reação muito oportunista por conta do 11 de setembro de 2001...”,
disseram alguns comentaristas, destilando seu próprio desprezo pelos islâmicos.
Enquanto que o segundo caso, o do “topless
real”, extrapolava em dezenas de milhares da manchetes por todo o mundo,
segundo o buscador do Google. Isso sim é um absurdo de “nonsense”!!!
É sabido que desde que Rupert
Murdoch inaugurou na década de 1980 o jornalismo de escândalos para vender seus
tablóides e jornais e erguê-lo como barão da mídia mundial, a tendência da “liberdade
de ofensa” tem feito escola entre os jornalistas macaquinhos de imitação de
todo o planeta, a ponto que atualmente o jornalismo não pode ser mais levado
realmente a sério e o olhar do público sobre as notícias publicadas é sempre de
desconfiança.
O primeiro dever do jornalismo de
reportagem é transmitir a informação completa e sem ser tendenciosa e a função
do jornalismo de opinião é analisar a notícia e fornecer os aspectos e consequência
de um fato noticiado e fornecer informações sobre as implicâncias e os desdobramento
que a notícia possa ter. Nos dias de hoje essas práticas jornalistas raramente acontecem,
porquanto há um abuso em usar o jornalismo como um meio de formação da opinião
pública, de modo que ao influenciá-la o público venha a reagir aos fatos segundo os interesses
ulteriores dos grupos poderosos do momento, estabelecendo um clara manipulação da notícia, sem nenhum compromisso com a ética jornalística, o que é inteiramente lamentável.
O problema que se observa é que
tanto entre os jornalistas, ou meio jornalístico, quanto no que diz respeito ao público a quem a
informação é dirigida, a linha imaginária que antes separava o bom jornalismo do
mau simplesmente desapareceu, e ninguém parece mais saber distinguir o que é a prática da “liberdade de expressão” e
o que é a prática de “liberdade de ofensa”. O que nós vemos hoje em dia é que
esse padrão do jornalismo anti-ético se tornou tão constante que consagrou-se como “normalidade”, e que de maneira generalizada ninguém
lembra-se mais das sábias palavras do filósofo libera inglês Herbert Spencer
(1820 – 1903) de que "a liberdade de cada um termina onde começa a do outro."
Por conta de não ter perdido, ainda!, a minha capacidade de indignar-me com a estupidez humana – que insiste em fazer
da vida da maioria das pessoas um inferno na Terra –, foi que ao ler hoje com o pronunciamento de ontem do secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, sobre o
video ofensivo ao profeta Maomé, eu senti um certo alívio e até esperança, quando ele disse que: "A liberdade
de expressão pode e deve ser garantida e protegida, quando é usada para a justiça
comum, um propósito comum, (...) Quando
algumas pessoas usam essa liberdade de expressão para provocar ou humilhar os
valores e crenças de algumas outras pessoas, então ela não pode ser protegida
dessa forma. (…) Minha posição é de que a liberdade de expressão, embora seja
um direito e um privilégio fundamentais, não deve ser abusada por tais pessoas,
por um ato tão lamentável e vergonhoso."
Finalmente,
após uma semana, uma voz representativa da elite da comunidade mundial levanta-se para condenar a prática da “liberdade de ofensa” vigente! Eu espero que
outras vozes se unam a ela para que assim a verdadeira “liberdade de expressão”
volte a ter vez no mundo, assegurando o direito democrático ao acesso de informações
confiáveis livres des manipulações tendenciosas, monitoramento ou censura, e
que cada um nós possamos pensar por nossas próprias cabeças e sermos capazes
de formular as nossas próprias opiniões. Como bem disse Churchil sobre Hitler – e aqui as mesmas palavras cabem como uma luva para os meios de comunicação contemporâneos –,
é bom lembrar aos interessados na opinião pública: "Pode-se enganar a todos por algum tempo;
pode-se enganar alguns por todo
o tempo; mas não se pode enganar
a todos por todo tempo."
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