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terça-feira, 22 de setembro de 2015

JESUS, AMOR & FÉ - 3. A ENCARNAÇÃO PERSEGUIDA

JESUS, AMOR & FÉ *

3. A ENCARNAÇÃO PERSEGUIDA

Ao mesmo tempo que Jesus nascia numa gruta do caminho entre Belém e Jerusalém, chegava ao palácio do rei Herodes, o Grande, três príncipes vindos do Oriente, sacerdotes de Zoroastro que tinham tomado conhecimento em suas consultas às estrelas que um rei nasceria aos judeus e reinaria sobre toda a terra. E assim os três príncipes se dirigiram ao rei da Judéia, crentes que o novo rei seria filho de Herodes, o Grande. Então foram eles à corte transmitir tão fantástica notícia ao rei, certos que ele se alegraria com a notícia, mas eles nada sabiam de Herodes, pois se soubessem jamais teriam ido lá dar tal notícia a esse ímpio rei judeu.

Herodes nasceu em 73 a.C. na Iduméia (região ismaelita, que deu origem aos árabes) ao sul da Judéia, que fora no passado anexada pelos judeus, que obrigaram forçosamente a todos idumeus a se converterem ao judaísmo e serem circuncisos. Quando o general romano Pompeu conquistou a Judéia em 63 a.C, a região se tornou tributária de Roma. Aos 25 anos, em 49 a.C., Herodes foi feito governador da Galiléia e posteriormente foi colocado no trono da Judéia por César Augusto, em 37 a.C. e ganhou o título de "rei da Judéia" como cliente de Roma.

Herodes I queria tornar seu reino tão esplendoroso quanto se contava ter sido um dia o reino de Salomão, assim ele foi responsável pela reconstrução do segundo templo, que ficou conhecido como o Templo de Herodes, também construiu o seu palácio em Jerusalem e embelezou toda a cidade com grandes obras, construiu cidades como Cesaréia e a fortaleza de Massada. Herodes I, o Grande, instalou uma corte helenizada, e trouxe sacerdotes da Alexandria e da Babilônia para ocuparem cargos do alto sacerdócio do templo, caindo no desagrado dos fariseus e dos saduceus, as duas correntes sacerdotais levitas da época.

Herodes I era repudiado tanto pela classe sacerdotal judáica como pelo o povo judeu, pois esses consideravam um usurpador, um impuro, que para satisfazer sua megalomania impunha altos impostos e uma dura submissão à Roma. Por sua vez, Herodes I, tinha um ego insuflado e não podia suportar a idéia que um dia alguém viesse a ocupar seu trono, ou pior, o destronar.  Jesus conta que "Satanás apresentou a sugestão a Herodes, o Grande (…), para que ele procurasse encontrá-lo para tirar-lhe a vida , pensando que o reino de Jesus fosse deste mundo.” (do Livro São José e o menino Jesus, capítulo VII). Herodes I, ardiloso, ao ouvir a notícia que lhe foi dada pelos príncipes do Oriente, ele pediu para que eles fossem à região de Belém e encontrando a criança predestinada a ser rei dos judeus voltassem para contar à ele, para que ele também pudesse ir lá adorar o recém-nascido. 

E, os três príncipes foram em busca do recém-nascido real, seguindo uma estrela que brilhava mais que todas no céu noturno, até que chegaram à gruta onde um menininho repousava numa manjedoura sob olhar encantado dos seus pais. E vendo a criança eles se maravilharam tocados em seus corações e ofereceram ao recém-nascido ouro, incenso e mirra. Em conversa com José, pai de Jesus, os príncipes tiveram conhecimento da real situação política da Judéia e preocuparam-se por terem ido à corte de Herodes, o Grande, para contar o que lhes pareceu ser uma "boa nova" ao povo judeu.

Conta, a tradição que quando estavam retornando para Jerusalém, os três sacerdotes receberam a visita de um anjo, que os alertou para não voltassem ao palácio de Herodes, o Grande, e não contassem para ele o paradeiro da criança que tinham acabado de conhecer e ouvindo o conselho do anjo Melchior, Baltazar e Gaspar retornaram à Pérsia. Após a partida dos príncipes do Oriente, Jesus conta em seu relato que José também foi avisado numa visão dada por Deus, que Herodes planejava matar seu filho e que eles deviam fugir para o Egito o quanto antes (São José e o menino Jesus Capítulo VIII). Sem perda de tempo, José retornou com Maria e o menino Jesus para Nazaré, onde arrumou suas coisas para a fuga, se fazendo acompanhar do seu filho pequeno Tiago e de Maria Salomé, que ajudaria Maria a cuidar da criança durante a longa viagem. E assim a família desceu até o Egito, por onde permaneceu pelo tempo de apenas um ano. 

O aviso angelical salvou assim a vida de Jesus. Porquanto, como os sacerdotes do Oriente tardavam a retornar para dar o paradeiro do nascimento da criança predestinada, Herodes, o Grande, tomado de furor editou a ordem para que todas as crianças abaixo de dois anos de idade nascida na região de Belém fosse morta. Considerasse que em razão de à época não serem mais de 20 crianças na pequena Belém e arredores, o triste episódio chamado "o massacre dos inocentes", não recebeu nenhum registro histórico, não sendo considerado tão relevante quanto o fato de Herodes ter mandado matar seus dois filhos e sua mulher, pois a crueldade de Herodes era digna de Satanás. Mas tal medonho ato foi devidamente castigado por Deus, como contado por Jesus "... o corpo de Herodes se tornou um pasto de vermes, morreu como justo castigo pelo sangue dos meninos inocentes que ele derramara." (São José e o Menino Jesus VIII-3). A morte de Herodes por putrefação da sua carne e devorado por vermes à olho nu, está confirmada em textos históricos, e um de seus filhos veio a morrer da mesma estranha doença. Com a morte de Herodes em 4 a.C, foi estabelecida uma tetrarquia por Roma com seus três filhos: Herodes Arquelau, Herodes Antipas e Felipe, com a destituição de Arquelau o reino ficou dividido entre Herodes Antipas ,em Jerusalem, e Felipe, em Cesaréia.

Foi assim que Jesus narrou seu retorno à Galiléia: "Quando morreu o ímpio Herodes, voltamos a Israel e fomos viver numa cidade da Galiléia, de nome Nazaré. Meu pai José, o ancião bendito, continuou exercendo a profissão de carpinteiro e , assim, com o trabalho de suas mãos, pudemos manter-nos. Jamais se poderá dizer que comeu seu pão sem trabalhar. Conformava-se, desse modo, ao que prescreve a lei de Moisés." Pois, diz a lei mosáica, que o homem deve viver do trabalho de suas próprias mãos e todo pai deve ensinar uma profissão ao filho para que ele não se desvie do caminho da correção. 

E foi desse modo que começou a vida de Jesus na Terra, sendo perseguido desde o seu nascimento pelo mal, mas protegido por aqueles que conservavam o bem como o tesouro precioso de seus corações.

* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

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