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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

JESUS, AMOR & FÉ - 5. JESUS, SENHOR DA VIDA E DA MORTE

JESUS, AMOR & FÉ *

5. JESUS, SENHOR DA VIDA E DA MORTE.

Jesus, o menino-Deus, não via nada de mais no que fazia, ele agia na Terra como se estivesse no Céu, na naturalidade da sua divindade. Podemos imaginar o constrangimento de José ao ver o filho terreno se expor de maneira descuidada aos olhares de todos os seus poderes, sem dar a menor importância ao que outros pensariam dele, afinal Ele era Deus e nunca teve que se preocupar com mesquinharias alheias, além do que não via como "pecado" os seus próprios atos. Mas, para seu pai terreno José os problemas estavam apenas começando...

Pobre José, que tarefa árdua teria ele pela frente para educar Jesus, o menino-Deus!!! Não bastara Jesus ter dado vida aos seus passarinhos de de barro causando o maior alvoroço na vizinhança, que mal aqueles que testemunharam o acontecimento nunca antes visto saíram para falar aos principais do vilarejo o que tinham visto, que outro episódio ainda mais espantoso se deu.

"Encontrava-se ali perto o filho de Anás, o escriba. Com uma vara de vime o menino fez sair as águas que Jesus represara. Vendo aquilo, Jesus indignou-se e disse-lhe: 
- Malvado, ímpio, insensato!!! Por acaso te faziam mal as poças e a água? Agora ficarás seco como uma árvore e não produzirás nem folhas, nem raiz, nem frutos.
No mesmo instante, o menino ficou completamente seco. Jesus retirou-se para a cada de José.

Os pais do menino que ficara seco o tomaram e, chorando por causa de sua tenra idade, o levaram a José, a quem censuraram asperamente, pelo fato de seu filho fazer tais coisas." (Evangelho Pseudo-Tomé Cap. III)

Eu imagino que a reação de vocês ao lerem essa passagem é de assombro que Jesus, o menino-Deus, tenha sido assim tão...tão... vingativo. Ora, vocês esqueceram quem era Jesus? Ele estava apenas agindo como Deus e não como o Jesus humano! Ele estava  apenas aprendendo a ser humano. Apesar de estar no corpo de uma criança Ele continuava sendo o ser superior que era, o que devia ter sido bastante complicado para ele. Sendo Ele o próprio Deus, Ele sabia exatamente o que se passava na consciência do menino, e se irritou com ele, com a maldade que havia nele, a mesma maldade  apresentada pelos seres humanos ao destruir as obras de Deus (ou seja, as "suas"" obras), sem uma justificativa plausível além do prazer manifesto de um ego mesquinho.

Curiosamente, Anás era não só o nome do pai do menino como viria a ser o nome do sacerdote responsável pela prisão e julgamento de Jesus. A segunda curiosidade é que essa passagem está intimamente ligada maldição da figueira, que ocorre quando Jesus estava indo para Jerusalém: "De manhã, voltando à cidade, teve fome. Vendo uma figueira, à beira do caminho, aproximou-se dela, mas só achou folhas, e disse-lhe: "Jamais nasça fruto de ti!" E imediatamente a figueira secou. " (Mt. 21:18-20) 

Compreende-se, portanto, que o Vaticano sentiu a necessidade dar uma explicação de tal comportamento do menino Jesus, e segundo o Códice PA de São Lorenzo de Genova, foi introduzido o seguinte trecho em algumas versões deste texto, que diz assim: "Depois de solicitado por todos, Jesus o curou, deixando um membro um pouco inerte, como sinal para eles" e ligam esse fato a cura feita por Jesus do homem que tinha a mão seca (Mt. 12: 9-14) Uma cura que se dera justamente num sábado e que suscitou a pergunta " É permitido curar no dia de sábado?", pois afinal era ainda o dia de sábado quando esse fato se deu, tal como vimos no capítulo anterior. E Jesus já adulto antes de curar o homem da mão seca arguiu: "É permitido, pois, fazer o bem no dia de sábado?” Disse, então, ao homem que tinha mão seca: "- Estende a mão." Ele a estendeu e ela tornou-se sã. Os fariseus ao verem isso, após esse milagre que demonstrou o poder unilateral de Jesus, passaram a conspirar para o matar, ele bem o sabendo se afastou daquele lugar. Possivelmente, os dois fatos podem estar ligado, pois como bem sabemos Deus não dá ponto sem nó. 

Hoje podemos compreender melhor que Deus, mesmo sendo o Todo-Poderoso, ou exatamente por isso mesmo, encontrava dificuldade de adaptar-se a uma corporificação num estado físico tão limitativo ao seu ser, acostumado a liberdade incorpórea do espírito   jamais antes contido e limitado em suas ações por um processo longo de estado físico corpóreo, o qual dada as limitações se apresenta ao ser divino como uma forma de aprisionamento, o que  não Lhe era agradável de forma nenhuma. O texto apócrifo conta que , de outra vez, Jesus caminhava no meio de um povoado, quando um menino, veio correndo por trás e o empurrou pelas costas. Todos nós passamos por isso em algum momento da nossa infância enfrentando a valentia de outra criança. Mas, quando se tratava de Jesus, bom... as consequências poderiam ser inesperadas!!!! Irritado, Jesus lhe disse: "- Não continuarás teu caminho." Imediatamente o menino caiu morto. Algumas pessoas, que presenciaram aquilo, disseram:
- Donde saiu este menino? Todas as suas palavras se transformam em realidade!
Os pais do morto acercaram-se de José e o censuraram, dizendo:
"- Desde que tens um filho assim, não podes viver conosco no povoado, a não ser que o ensines a abençoar e não a amaldiçoar. Ele causa a morte dos nossos filhos.
José chamou o menino à parte e o admoestou dizendo:
- Por que fazes estas coisas? Por causa disto, nos odeiam e nos perseguem.
Respondeu-lhe Jesus: "- Sei que estas palavras não vêm de ti. Por tua causa me calarei. Os outros, porém, receberão seu castigo.
Na mesma hora seus acusadores ficaram cegos. 
Os que presenciaram aquilo assustaram-se e encheram-se de medo. A respeito de Jesus diziam que todas as palavras que ele pronunciava, fossem boas ou más, se convertiam em realidade e em prodígios.

Vendo o que Jesus fizera, José o agarrou pela orelha e a torceu com força. O menino se aborreceu e disse-lhe: 
- A ti basta procurar sem encontrar. Procedes com pouca sabedoria. Não sabes que sou teu? Não me maltrates!" (Evangelho Pseudo-Tomé Capítulos III a V)
Pobre José, era natural que ele se desesperasse com um garotinho de cinco anos que não só pensava que era Deus, mas, sim, ele era o próprio Deus. E realmente, puxá-lo pelas orelhas era o mínimo que José poderia ter feito para chamá-lo à realidade, que na forma humana Ele não era Deus, mas uma criança aprendendo a se tornar homem e era dever dele como pai ensinar-lhe. 

Nessa travessura divinal de Jesus, o Vaticano também introduziu algumas palavras aqui e ali para defender o procedimento de Jesus, como se tivesse dificuldade de aceitar o poder de vida e morte sobre os seres vivos que Jesus detinha como uma criança, como ser criança o impedisse de ser quem era, a incorporação de Deus. 

Ora, para quem já teve oportunidade de conviver com várias crianças, e além disso já observou o comportamento de uma que tenha qualidades tais que a destaque das outras, já percebeu que essa genialidade a mais pode causar muitos problemas de relacionamento. Logo as dificuldades de Jesus em aprender a limitar e lidar com seus poderes de maneira adequada a uma criança humana da sua idade, em verdade, foi um tremendo desafio principalmente para alguém tão poderoso como ele, o mais poderoso de todos os seres. 

* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

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