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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A BELEZA INCOMODA?

Desde 25 de julho último eu já assisti a 7 espisódios do programa "Saia Justa" (quarta-feira, às 22 hs, com reapresentação domingo às 20 hs) no canal GNT/Globo e não consegui ver nenhum deles até o fim. Telespectadora do "Saia Justa" desde o primeiro episódio em 2002, eu pude ver muita gente interessante participar dos debates informais de assuntos mais variados com a coordenação da competente apresentadora e jornalista Mônica Waldvogel – nem é preciso dizer que este é um dos meus programas favoritos da telinha –, mas nunca constatei o absurdo que eu venho observando nos últimos tempos após a entrada da atriz global Maria Fernanda Cândido para integrar a turma do "Saia Justa", o qual parece até que perdeu o rumo, pior, virou um tédio de dar sono.

Nos primeiros episódios eu atribuí o fato à necessidade de ajustamento de Maria Fernanda ao formato do programa e principalmente em relação ao grupo e vice-versa. Afinal, quando um elemento novo passa a integrar um grupo coeso permeado de afinidades é preciso dar um tempo para a adaptação, mas nem sempre ela vem a ocorrer, como tem sido o presente caso, onde a cada apresentação a falta de química da Maria Fernanda com os outros integrantes se faz mais e mais patente.

Mais de um mês já se passou e Maria Fernanda permanece como um ET (Extra Terrestre) na realidade do "Saia Justa". Talvez seja em razão da beleza madura da atriz aos seus 38 anos, estonteante, sempre recordando Sophia Loren – mas sem o mesmo brilho carismático da mais famosa atriz italiana, que hoje com seus 78 anos continua arrazadora apesar de sua beleza ser apenas um vestigio do passado. Talvez seja essa beleza que esteja fazendo as jornalistas Teté Ribeiro e Mônica Waldvogel transpirarem tanta ansiedade por todos os poros, sendo tomadas a todo momento de risos nervosos e levadas a se expressarem com vozes estridentes em comentários por vezes incoerentes.

Enquanto as jornalistas se agitam em gestos , poses e bocas, assemelhando-se a a galinhas cacarejantes, a atriz sustenta a pose estudada – estática e sem emoção digna de qualquer estátua de um deusa grega –, expressando-se com frazes feitas em sua voz monocórdica, apresentando um intelectualismo politicamente correto tão raso quanto um pires. Possivelmente, Maria Fernanda que estudou no famoso e elitista colégio paulistano dos jesuítas, o São Luiz, e depois formou-se em Terapia Ocupacional pela USP (Universidade de São Paulo), tenha adquirido esse personagem de falso brilho intelectual por ser co-fundadora e conselheira da "Casa do Saber" desde 2004, também apelidada de "Daslusp" (em referência a famosa casa de luxo Daslu e a melhor universidade brasileira a USP). A "Casa do Saber"  para quem ainda não sabe é um pretencioso "centro cultural" para os novos milionários paulistanos, que vindos do nada  adquirirem um verniz cultural para que não passem vergonha pela ignorância. O negócio de vender cursos caríssimos, com aulinhas chegando a custar quase R$ 5.000,00 fez a festa da Ana Diniz, filha do Abílio Diniz, uma das principais fundadoras da "Casa do Saber", demonstrando ser um negócio bastante lucrativo, e na verdade, cá entre nós, era apenas isso que importava.

Por outro lado, os participantes masculinos do programa Leo Jaime, Xico Sá, Dan Stulbach e Eduardo Moscovis estão espremidos na estranha situação trazida por Maria Fernanda ao "Saia Justa". Eles parecem  divertir-se com a "saia justa" das meninas, dada a experiente sensibilidade masculina para notar a eterna disputa feminina pela atenção dos homens, o que eles simplesmente adoram! Um comportamento feminino tão instintivo e viceral que mesmo mulheres de inteligência brilhante como Teté e Mônica sucumbem à ele sem se darem conta disso.

Mônica é uma experiente e competente jornalista com uma carreira que fala por si só, sempre hábil na condução dos mais variados assuntos e acostumada a sair de qualquer "saia justa", ao menos até agora. Teté Ribeiro (38) não fica atrás. Ela nasceu numa família de jornalistas, basta dizer que o pai dela é o premiado José Hamilton Ribeiro, da Globo, e é casada com o Sergio Dávila, diretor-executivo do jornal "Folha de São Paulo", conceituadíssimo por suas reportagens em Washington, Bagdá e New York. Foi estudando Filosofia na USP que Teté descobriu-se jornalista e escritora, ela morou num tempo na Austrália e noutro em New York. Teté é cheia de idéias e opiniões, ela sempre fala de maneira apaixonada e irreverente, ela fala de coisas sérias brincando, mas o que ela fala sempre instiga ao pensar mais profundo. Teté é vivaz, ela não precisa ficar citando frases dos outros, pois o conhecimento nela sedimentado já se traduz nas suas próprias palavras. A experiência tanto de Mônica como de Teté no campo cultural é patente e indiscutível. É bem provável, que em razão de sua natural espontaniedade e franqueza, Teté tenha deixado transparecer inadvertidamente alguma impaciência irritadiça com o "show-off" intelectualóide de Maria Fernanda no último episódio dessa semana, o qual era entitulado "Caráter" –apesar desse tema ter sido pouco abordado e o programa ter versado mais sobre o tema de onde está o "Sagrado" no indivíduo contemporâneo, questão sobre a qual Eduardo Moscovis pontuou dando de dez a zero em todos com o seu pensamento sensível e sábio. Eu por minha vez, aos 30 minutos do "Saia Justa", usei do meu controle remoto para dar um "Cala a boca, Magda!" na Maria Fernanda e fui buscar vida mais inteligente na telinha.

Infelizmente, para os fãs fiéis do "Saia Justa", a entrada da Maria Fernanda tem pouco abrilhantando ou contribuído, ao contrário, ela tornou o programa pra lá de aborrecido. Fato esse que comprova mais uma vez a idéia de que não basta a beleza apenas, é preciso algo há mais além da atração sedutora da aparência de alguém, para que ela seja realmente uma pessoa "interessante", capaz de captar a atenção e se fazer ouvir. Quem sabe se a Maria Fernanda Cândido descer do salto alto, parar tanto de representar um personagem para granjear a simpatia de todos como de ficar dando uma de pseudo-intelectual, de modo que  ela possa vir a mostrar mais para o que veio ao apresentar um pouco mais do que existe realmente dentro dela, aí, quem sabe, a coisa toda possa vir a funcionar. Sinceramente, eu preferia muito mais o programa antes, quando Teté e Mônica com suas idéias ricas passavam um clima de camaradagem com os rapazes, sem demonstrarem nenhum traço de concorrência entre elas e faziam de cada episódio do "Saia Justa" o melhor estilo de papo-cabeça de "conversa de botequim", onde toda filosofia por mais séria que seja acaba sendo simplesmente hilária, refletindo a caótica utopia humana.

Conclusão: Maria Fernanda Cândido incomoda um pouco com a sua beleza, mas o que incomoda deveras mais é a sua postura a soar falsa falsa, sem conteúdo e, principalmente, fútil e superficial. Maria Fernanda está parecendo mesmo um belo elefante branco na sala do Saia Justa.  Nos salve dessa, ó São George! (Para aqueles que não assistem o programa no cenário há uma bela estátua do santinho bem atrás da Mônica Waldevogel).

2 comentários:

  1. Concordo plenamente com tudo. Só acrescentaria que a saia anterior Camila Morgado era muito apagada, cheia de não-me-toques e vivia em um mundo paralelo criado por ela. Não chegava a prejudicar o programa, porque muitas vezes aproveitava a chance de ficar calada. Acredito na volta de Christine Fernandes ao programa, com suas idéias de conteúdo e muito mais centradas.

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  2. Obrigada pela atualização, eu não tenho visto o programa em razão da mudança de horário e também por falta de tempo mesmo. A notícia é boa e nesta próxima quarta-feira preciso não perder o programa, sem dúvida vai estar melhor!!! Valeu!!!

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