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domingo, 2 de setembro de 2012

HIPOCRISIA POLÍTICA


Em tempo de eleições está aberta a temporada de hipocrisia política, seja aqui no Brasil ou e qualquer outro país democrático do globo. Em outra época o Estado democrático merecia mais respeito e a “política” era uma assunto sério para gente séria. Hoje em dia o exercício democrático virou algo patético e o político tornou-se um profissional na arte da mentira, um marionete dos índices das pesquisas de opinião pública e de “marketeiros” – aqueles sujeitos encarregados de vender a imagem de um sujeito como se fosse "ouro de tolo" para aqueles que são capazes de torná-lo um digno “representante do povo”.

Aqui no Brasil o exercício da hipocrisia política democrática conseguiu o feito de eleger para o Congresso Nacional um “palhaço” profissional – e não há aqui nenhum desmérito por esta secular profissão –, o qual infelizmente não possuía uma grama sequer da inteligência sagaz e sábia dos consagrados bufões shakespearinianos. O nosso palhaço mal sabia escrever e nem mesmo fazia idéia de suas atribuições como deputado federal, mesmo assim foi o candidato mais votado que já se ouviu falar. Na época da candidatura e da posse do tal palhaço uma questãozinha de direitos democráticos estabeleceu uma censura “politicamente correta” impedindo qualquer tipo de descriminação: o palhaço votava e tinha direito de ser votado.  Afinal, tudo bem, se os políticos parecem mesmo mais uns palhaços, nada demais ter-se um palhaço de verdade no Congresso Nacional. Todavia, passados dois anos no exercício do cargo de deputado federal o tal palhaço deu agora para dizer que está entediado de sua função e que foi “engolido pelo Congresso Nacional”. Ora, ora, o que ele pensava? Que o plenário da Câmara era um picadeiro de circo?

Mas, neste ano, o primeiro lugar no podium da hipocrisia política ficou para nada menos do que do queridinho da Nação, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que conseguiu deixar de boca aberta e falando sozinho uma montanha de gente, que não conseguia acreditar nos próprios olhos ao ver o senhor Lula de salamaleques e rapapés com o político que se fez com fama de ladrão do herário público, detentor do mote “rouba, mas faz”, o senhor Paulo Maluf. Isto porque o candidato do PT, senhor Roberto Haddad possui laços firmes de amizade com Maluf dada a origem de alhures do Oriente Médio. Foi a maior cena de “esqueçam o que eu falei” ao melhor estilo de outro ex-presidente: Fernando Henrique Cardoso.

Possivelmente, após vencer a ameaça do câncer  o Lula despirocou de vez para alegria de seus opositores, o que o levou a cometer o maior suicídio político que já se ouviu falar na história da democracia brasileira. Paricularmente, eu creio que o senhor Lula foi mordido pela temida “mosca azul”.  Em anos idos quando uma pessoa começava a se comportar com ares de quem “pode tudo”, considerando-se acima da lei e da moral vigente, superior a todos, dizia-se: “Fulano foi picado pela mosca azul.” Eu não sei por qual razão ultimamente tem gente demais sendo picada pela tal “mosca azul” e até parece que virou moda jogar-se a reputação na lama, como se reputação fosse uma coisa que se pode mandar para a lavanderia e ficar novinha em folha de novo. Sinto informar aos que se acham “intocáveis” que reputação é um rótulo que fica grudado na testa e não sai mais, já que em sociedade nada se esquece e quando se finge esquecimento se deve a um interesse ulterior.

Atualmente, nós esquecemos por exemplo que os tais “direitos humanos” entraram em voga nos anos de 1980 mais como ferramenta política dos EUA e aliados para derrubar as ditaduras implantadas durante a Guerra Fria do que por seus meroitórios valores. Assim, os EUA e seus aliados do chamado Primeiro Mundo, que antes gastaram rios de dinheiro para implantarem as tais ditaduras nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, passaram a  investir fortunas na bandeira dos “direitos humanos” em nome de um mundo democrático. Assim, o Estado de direita que antes defendiam foi satanizado em favor de um Estado de esquerda, não vermelho, mas cor-de-rosa,  e permitindo a manipulação por interesses externos da política interna de países inteiramente despreparados institucionalmente para o exercício democrático. Nada muito diferente do que está acontecendo presentemente com alguns países do Oriente Médio.

Do mesmo modo nós esquecemos convenientemente que a onda de “presevação ambiental” iniciada ao final da década de 1980, focada novamente nos países em desenvolvimento e  subdesenvolvidos,  em verdade, visava mais monitorar o uso do ricos recursos naturais desses países – de forma a supervisionar com olhos de ave de rapina o progresso e o desenvolvimento dessas nações, para que elas não viessem a ameaçar o “satus quo” de privilégios das ditas nações desenvolvidas –, do que em razão de um desejo sincero de preservar o meio ambiente para as gerações futuras.  Tanto as idéias que norteiam os direitos humanos como as de preservação ambiental são de tal maneira justas que nada se pode dizer contra elas. Contudo, não se pode dizer o mesmo daqueles que as promovem e as patrocinam, pois eles são em sua maioria de uma hipocrisia chocante, pregando uma coisa e fazendo outra bem diferente. Assim como o senhor Lula os arautos dos direitos humanos e da preservação ambiental estabelecem “alianças” políticas com pessoas que praticam claremanete exatamente o que elas enchem a boca para tanto condenar. Assim não dá, não é verdade?

Não é de espantar que cada vez mais olhemos as pessoas públicas pertencentes ao quadro político de uma nação com mais e mais desconfiança. Quando, por ventura nós encontramos alguém no cenário mundial ou nacional que razoavelmente consegur ter alguma coerência na prática política e no próprio comportamento pessoal, demonstrando uma postura profissional impecável no exercício de sua função pública e que não tenta resolver problemas sérios com tapinhas nas costas e nem empurrando com a barriga, mas, sim, mostrando-se consciente da responsabilidade que sobre si pesa, então, nós nos agarramos a ela na esperança que essa pessoa venha a ser um exemplo para ser seguido e nós rezamos fervorosamente para que ela não venha a ser picada com a maldição da mosca azul. O problema é que pessoas assim confiáveis, seja no cenário nacional ou internacional, são por demais raras e a mosca azul sempre acaba vencedora. Mas, de quem é a culpa?

A culpa é nossa. Isso mesmo, apenas nossa! Nós que estamos nos tornando por demais indulgentes e começamos a aceitar a hipocrisia política como um fato natural, um mal necessário à democracia e apenas comentamos com alguma indignação “– Que palhaçada!” e não fazemos nada. Gente acorde! Palhaçada é coisa de palhaço e quem vem sendo feito de palhaço somos nós! Nós é que damos o nosso voto alegremente para esses falastrões que se divertem às nossas custas, sempre nos enganando com seus discursos politicamente corretos tão hipócritas, falando o que pensam que nós gostaríamos de ouvir, prometendo uma coisas e fazendo outra e eles vão ficando cada vez mais milionários, como se o dinheiro caísse do céu só para eles.

Há uma maneira de mudar essa situação e restaurar a seriedade perdida: a prática do voto consciente. Na ausência de candidatos dignos – a exemplo do que está ocorrendo nas eleições deste ano para a Prefeitura da cidade de São Paulo –, que se vote em peso nas legendas partidárias como forma de protesto, a fim de dar aos partidos políticos maior responsabilidade nas escolha de seus candidatos – que no caso de São Paulo pareceu até um desrespeito à inteligência do eleitor paulistano.  Um Estado democrático forte precisa de partidos políticos fortes e comprometidos com os ideais que defendem. Essa picaretagem de partidos nânicos, de coligações partidárias espúrias e da prática de uma política interna partidária de “cartolas” – que não dá espaço para o renovamento político de seus quadros e nem chance ao surgimento de novos líderes políticos –, está minando o exercício democrático brasileiro. O voto é a nossa única arma, precisamos aprender a usar o voto estrategicamente, usá-lo a nosso favor e não jogá-lo na lata de lixo. É preciso colocar um paradeiro na hipocrisia política, pois de tanto esquecimento nós acabaremos por esquecer o valores que devem nortear uma verdadeira democracia.

2 comentários:

  1. Cara Bia,
    Ao indicar o "voto em legenda" não se esqueça que para os cargos dos Poderes Executivos estaremos votando nos candidatos indicados.
    Serra

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    1. Caro Serra,

      É certo que votando na legenda se elegerá indiretamente para o Executivo o candidato da coligação partidária, mas não estará se votando no nome de candidatos nenhum ao votar-se apenas na legenda para o Legislativo. A proposta é fazer um protesto silencioso, pois o uso do voto em branco ou do voto nulo é o mesmo que jogar o voto na lata de lixo, pior, é eleger alguém que jamais se pensou em eleger.

      Bia

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