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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

JESUS, AMOR & FÉ - 23. JESUS E O CENTURIÃO DE CAFARNAUM

JESUS, AMOR & FÉ *

23. JESUS E O CENTURIÃO DE CAFARNAUM

Todo segredo está oculto sob camadas e mais camadas de verdade. Por esse motivo a rosa, a rainha das flores, foi sempre a escolhida para representar o mistério, o segredo bem guardado, porquanto sua corola só é visível ao seu completo desabrochar.
Aqueles que se dedicam à pesquisa da História sabem que um simples e pequeno fato desconsiderado em sua importância, dito quase como insignificante, pode ser na realidade um segredo muito bem guardado, mencionado apenas de passagem para ser encoberto por outros acontecimentos convenientemente destacados como mais importantes e relevantes. A “pedra” rejeitada, a dada como insignficante esta pode ser a mais importante, aquela cujo valor seja incalculável, por ser não só o marco, a pedra angular, mas a base sólida sobre a qual toda uma obra se erguerá.
Uma vez ouvi uma história que contava que um homem encontrara uma pedra preciosa de grande valor, e com medo de salteadores a escondera. A prudência se mostrou valorosa, um dia acolhendo viajantes esses entraram na casa do homem e exigiram que lhe dessem algo de valor, mas o homem disse que nada tinha, os malfeitores reviraram a casa e nada encontraram e partiram. Depois, que eles se foram o homem respirou aliviado e com num sorriso de satisfação pegou a pedra que estava como calço para segurar a porta e o vento não a fechasse e ela reluziu brilhante à luz da vela. Assim é a pessoa prudente guarda seu maior tesouro onde ninguém vai se dar conta que esteja, a maior riqueza se oculta na pobreza. Por isso, no passado um rei quando queria saber o que o povo falava sobre ele se vestia pobremente para ocultar sua identidade, e era comum e fácil ao nobre ocultar a sua nobreza, já que raramente lhe conheciam sua real fisionomia, apenas a sua aparência de riqueza.  Nesse ponto o pensamento de Deus não se distância do pensamento do homem prudente e sábio.
Quem poderia imaginar tal coisa? Quem poderia acreditar que isso fosse possível? Quem poderia esperar que quem nunca ouvira falar do Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus dos Exércitos de Moisés, de Davi e de Salomão e que nunca lera a Lei e desconhecia as profecia de glória lançada ao imaginário judeu por Davi (Sl. 2), o ignorante, o pagão, o que não era crente, aquele que carregava a espada da opressão sob o povo judeu, fosse justo ele o único a demonstrar tão grande fé?
Já ouviram falar que num único coração humano pode existir toda uma nação? Quando o Senhor arrependera-se de ter criado o homem na terra, e teve o coração ferido de intima dor (Gên. 6:6), Deus encontrou um homem de coração puro que não esquecera de seus ensinamentos e andava no caminho da justiça e da bondade, Deus comoveu-se e teve compaixão de Noé salvando toda a sua criação do extermínio, inclusive o ser humano, mas fez as águas cobrirem o mundo, para purificar o mundo e dar origem a um mundo novo, estabelecendo uma nova aliança com as gerações dos descendentes de Noé, colocando o arco-íris nos céus após as tempestades para sermos lembrados que Deus não mais amaldiçoaria a terra por causa do homem e seus pensamentos maus (Gên:9:17), mas, ordenou a Noé que não seria permitido comer a carne com a sua alma, com seu sangue, de nenhum outro ser vivo, que seria pedida conta das almas de todo ser vivo e ao homem que matar o seu irmão pediria conta da alma do homem (Gên. 9:3-6). Devemos nossas vidas ao bom coração de Noé, contudo é a Moisés, a quem se deve uma organização política, social e religiosa, que os judeus reverenciam e respeitam. Ninguém fala no Deus de Noé, nem que Noé é o Salvador da humanidade. Tremenda injustiça!!!
Se a Humanidade tem um “pai” em comum, esse se chama Noé, é a esse que Jesus vai se referir chamando a si mesmo como “Filho do Homem”, como “Filho de Noé”, o HOMEM SALVADOR DA HUMANIDADE E DA CRIAÇÃO DE DEUS. Noé renovou a aliança filial com Deus, foi o “filho bem-aventurado” de Deus, com ele os tempo do pecado da desobediência de Adão e Eva foi perdoado. Somos pois descendentes de Noé e sua esposa sem nome, mas que se manteve ao seu lado e acreditou nele, o obedeceu e, foi-lhe fiel, sendo do agrado do seu esposo e de Deus, como uma “segunda Eva”, em tudo ela foi diferente da primeira. Sim, bastou uma pessoa com fé para transformar o mundo num mundo novo e sem pecado!
Por esse motivo Jesus diria aos príncipes do Templo, aos fariseus e anciãos: “Nunca lestes nas Escrituras: ‘A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular: isto é obra do Senhor e á admirável aos nossos olhos (Salmo 117:22) ? Por isso vos digo: SER-VOS-A TIRADO O REINO DE DEUS, E SERÁ DADO A UM POVO QUE PRODUZIRÁ FRUTOS DELE. Aquele que tropeçar nesta pedra, far-se-á em pedaços e aquele sobre quem ela cair, será esmagado.” (Mt. 21:42-44)
Se alguém me perguntar onde e quando foi tomada esta decisão eu arrisco dizer, que foi quando Jesus encontrou-se com um certo centurião romano. No dia em que Jesus fizera seu sermão memorável na montanha em Cafarnaum, esse centurião também  estava entre os que o ouviam. O centurião  fora ali com a tarefa de ouvir com os próprios ouvidos e ver com os próprios olhos as tantas maravilhas que o Rabi de Nazaré vinha fazendo naquelas plagas. Cuidadosamente vestira uma roupa comum e ninguém diria que ele era o responsável por manter a ordem naquela região, sendo o representante do próprio Tibério César, o imperador de Roma, tendo poder de vida e morte sobre aqueles que viviam naquela região. 
O militar romano se posicionara sob a sombra de uma árvore, mas de onde estava podia divisar bem a fisionomia fascinante daquele judeu que atraia para si multidões. Quando Jesus terminara seu discurso ele descera a montanha e sua face estava pálida e translúcida, mas seus olhos brilhavam como se fossem luzes, e notava-se que ele estava rejubilante de alegria. O centurião notou que o Rabi tinha uma estranha beleza, a qual ele jamais antes tinha visto, parecia que uma paz que não era deste mundo repousava sobre ele. Quando o Rabi fez seu caminho passando por ele, o homem forte sentiu uma estranha sensação tomar conta dele, e apesar de todo o seu vigor seus músculos fraquejaram e os seus joelhos se dobraram de fraqueza, tanto que teve que se apoiar no tronco de uma árvore para se sustentar de pé enquanto seus olhos seguiam o Rabi que estava sendo rodeado por outros rabis e sábios que entravam em alguma discussão com ele.
Ele querendo compreender o que lhe acontecera dizia-se a si mesmo: “Eu, o Centurião de Cafarnaum, esqueci a minha dignidade, minha identidade, eu esqueci inteiramente quem eu mesmo sou. Eu me envergonho de assumir, mas é a verdade, eu estou tomado do mesmo entusiasmo que tomou a multidão, eu me sinto parte de alguma coisa maior do que tudo nesse mundo, e as palavras daquele sermão tocaram o meu coração também. Eu estou maravilhado!!!”
Aquele homem símbolo do poder romano, acostumado à rígida disciplina das legiões romanas, que moldava um perfeito caráter, acostumado ao uso da força e de se impor pelo poder, tinha aprendido uma profunda lição de humildade e docilidade, uma lição de fé! Naqueles anos baseado em Cafarnaum tomara interesse pela religião ensinada pelos Rabis e se tornara amigo deles. Destarte, que ele não podia frequentar suas casas, por causa das leis de purificação, que proibiam os judeus de conviver no mesmo lugar com um pagão, Mas, ele os encontrava nas ruas da cidade e chegara até a construir uma sinagoga para eles (Lc. 7:4), a qual costumava frequentar ocultamente para receber lições e instruções religiosas dos Rabis. Mas, naquele dia, ele recebera uma nova lição que tirara-lhe inteiramente a sua paz mental, pois ele não conseguia parar de pensar nas palavras de Jesus. 
Já havia alguns dias que o seu servo de confiança, a quem ele tinha se afeiçoado, vinha estando seriamente adoentado. Naquela noite ao visitá-lo em seu leito tocando-lhe a testa viu que ele ardia em febre e estava paralisado, então mandou chamar o físico *(um médico) da região, mas ao amanhecer o servo estava ainda pior já apresentando sinais de morte iminente. O centurião abalado de aflição e cheio de angustia em seu coração correu a procurar Jesus pelas ruas de Cafarnaum e o encontrou caminhando, e o vendo correu até ele e lhe fazendo uma reverência respeitosa lhe fez esta súplica:
- Senhor, meu servo está em casa de cama paralítico, e sofre muito.”
Disse-lhe Jesus;
- Eu irei e o curarei.
Respondeu-lhe o centurião:
- SENHOR, EU NÃO SOU DIGNO DE QUE ENTREIS EM MINHA CASA. DIZEI UMA SÓ PALAVRA E MEU SERVO SERÁ CURADO. Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem e ele vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz… A vós que sois o Senhor do mundo, bastará mandar a doença do meu servo se afastar e ela desaparecerá.
Ouvindo isso, cheio de admiração, Jesus voltando-se aos que estavam presentes disse à eles:
- EM VERDADE VOS DIGO; NÃO ENCONTREI SEMELHANTE FÉ EM NINGUÉM DE ISRAEL! Por isso eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no reino dos céus com Abraão, Isaac e Jacó, ENQUANTO OS FILHOS DO REINO SERÃO LANÇADOS NAS TREVAS EXTERIORES, ONDE HAVERÁ CHÔRO E RANGER DE DENTES.
Assim, Jesus profetizou que os judeus chamados em primeiro lugar por Deus a participar do Reino dos Céus viriam a ser rejeitados por Ele em razão de sua falta de fé.
Depois, dirigindo-se ao centurião, Jesus disse: “VAI, SEJA FEITA CONFORME A TUA FÉ!
Na mesma hora o servo do centurião ficou curado. (Mt. 8:5-13) E ao voltar para a sua casa o centurião encontrou o seu servo curado o esperando à porta, e ambos se abraçaram jubilosos com a graça que haviam recebido do Filho de Deus.
Ora, eis ai o homem bom, com o coração trasbordante de FÉ, que tal como Noé decidiu aos olhos de Deus o novo destino da Humanidade, ao acreditar inteiramente no poder do Messias que fora descrito há mil anos pelo rei Davi:
“Por que tumultuam as nações? Por que tramam os povos vãs conspirações? Erguem-se juntos os reis da terra, e os príncipes se unem para conspirar contra seu Messias *(Cristo, que quer dizer Ungido em grego).
Quebremos seu jugo, disseram eles, e sacudam para longe de nós as suas correntes!” Aquele, porém, que mora nos céus, se ri, o Senhor os reduz ao ridículo. Dirigindo-se a eles em cólera ele o aterra com o seu furor. “Sou eu, diz, que me sagrei um rei em Sião, minha montanha santa.
Vou publicar um decreto do Senhor: Disse-me o Senhor: “Tu és o meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me; dar-te-ei por herança todas as nações; tu possuirás os confins do mundo. Tu as governará com cetro de ferro, tu as pulverizarás como um vaso de argila.”
Agora, ó reis, compreendei isto, instruí-vos, ó juízes da terra. Servi o Senhor com respeito e exultai em sua presença; prestai-lhe homenagem com tremor. Para que não se irrite e não pereçais, quando em breve, se acenderá a sua cólera. Felizes, entretanto, todos os que nele confiam.” (Salmo 2).
Esse homem, o centurião de Cafarnaum, foi a pedra angular desprezada, nem lhe sabemos o nome, desconhecemos quem era ou a história da sua vida, mas é a ele que devemos a instituição  religiosa humana mais poderosa da terra; a Santa Igreja Católica Apostólica Romana, cuja formação institucional se deveu aos romanos, com o Primeiro Concílio de Nicéia em 326 d.C., perdurando a 1689 anos sem interrupção em sua atividade institucional, feito de longevidade que nenhuma instituição político-social-religiosa alcançou antes na História. Isso, nos permite acreditar que apesar de ser uma instituição humana sujeita às falhas e imperfeições, inegavelmente é "santa" e conta com os favores e bênçãos de Deus.
Com os cálculos atualizados mais aceitos entre os estudiosos, que Jesus teria nascido entre 7a.C e 4 a.C., assim foi entre 1994 e 1997 que se completaram 2.000 anos do nascimento de Jesus, desse modo calcula-se do mesmo modo que será entre 2027 e 2030 que se completarão 2.000 anos da morte e ressurreição de Jesus, ou seja, em apenas 12 ou 15 anos. Logo esse tempo chegará, resta ver quantos terão realmente seus corações convertidos a uma fé tão digna e verdadeira quanto a demonstrada por esse centurião de nome desconhecido, cujo nome não foi escrito na História dos homens, mas que certamente está escrito no Livro da Vida de Deus. Um homem que selou o destino da Humanidade com a sua FÉ inigualável, causa de admiração até ao próprio Jesus, e que levou desde então até hoje com seu exemplo um número imenso de pessoas a se afeiçoarem em suas almas a Jesus e a dizerem com a mesma sinceridade de propósitos e com corações puros: “SENHOR, EU NÃO SOU DIGNO(a) QUE ENTREIS NA MINHA MORADA (* em mim), MAS DIZEI UMA SÓ PALAVRA E SEREI SALVO(a)”.

* Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

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