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domingo, 14 de fevereiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 43. JESUS E O BANQUETE EM BETÂNIA

JESUS, AMOR & FÉ *

43. JESUS E O BANQUETE EM BETÂNIA

Estava próxima a Páscoa dos judeus, e muita gente de todo o país subia a Jerusalém para se purificar *(das impurezas legais para que pudessem comer a Páscoa em Jerusalém). Procuravam a Jesus e falavam uns com os outros no Templo:
- Que vos parece? Achais que ele virá a festa?
Mas, o sumo-sacerdote Caifás, seus pares e os fariseus tinham dado ordem para que todo aquele que soubesse onde Jesus estava o denunciasse, para que eles o prendessem. (Jo 11: 55-57)
Ora, a instituição da Páscoa fora feita quando os judeus ainda estavam no Egito e buscavam se libertar da escravidão a qual estavam sujeitos. Segundo Moisés, Deus teria lhe dito o seguinte:
“Este mês será para vocês o princípio dos meses: tê-lo eis como o primeiro mês do ano. Dizei a toda assembléia de Israel: No décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa. Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer. O ANIMAL SERÁ SEM DEFEITO, MACHO DE UM ANO; podereis tomar tanto um cordeiro como um cabrito. E o guardareis até o DÉCIMO-QUARTO DIA DESTE MÊS ; então toda a assembléia de Israel o IMOLARÁ NO CREPÚSCULO. Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta das casas em que o comerem. Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas. Nada comereis dele que seja cru ou cozido, mas será assado no fogo completamente com a cabeça pernas e entranhas. Nada deixareis dele até pela manhã; se sobrar alguma coisa, queimá-lo-eis no fogo. Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Come-lo-eis apressadamente: É A PÁSCOA DO SENHOR.” Naquela noite, passarei através do Egito, E FERIREI OS PRIMOGÊNITOS no Egito, tanto dos homens como dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. EU SOU O SENHOR. O sangue sobre a casa que habitais vos servirá de sinal de proteção: pois vendo o sangue eu passarei adiante e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor quando eu ferir o Egito. CONSERVAREIS A MEMÓRIA DAQUELE DIA, CELEBRANDO-O COMO UMA FESTA EM HONRA DO SENHOR: FAREIS ISSO DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO, POIS É UMA INSTITUIÇÃO PERPÉTUA.” (Êxodo 12:1-14) 
Foi instituído junto com a Páscoa, palavra que quer dizer “passar por cima” e mais especificamente “poupar”, esse ritual da Páscoa portanto simbolizava a "libertação" alcançada após comer o cordeiro pascal que fora sacrificado, seguindo-se a ele o jejum do pão sem fermento que deveria durar desde a tarde do décimo quarto dia desse primeiro mês até o vigésimo primeiro dia (Êx. 12:18), logo no primeiro dia desse jejum da festa dos ázimos o fermento todo deveria ser retirado da casa, e durante sete dias não se deve fazer trabalho algum além da preparação de alimentos. E com a Páscoa a festa dos ázimos também se tornou uma instituição perpétua. para recordar que Deus os retirou do Egito, e libertou o povo de Israel da escravidão. Ora, depois Deus teria dito a Moisés: “Vós sais do Egito no MÊS DAS ESPIGAS (* de trigo)” (Êxo. 13:4), chamado na época de “Adib”, o qual veio a ser chamado mais tarde mês de NISSAN, que começava com o equinócio de primavera (março/abril) sendo este o início do ano determinado por Deus. Entenda-se que apesar do calendário judaico ser regido pelas fases da lua, por sua vez o equinócio, ponto da rotação da Terra em que se registra igual duração do dia e da noite, também é variável, e a comemoração da Páscoa ocorrerá na primeira lua cheia após o equinócio. Ora sendo assim, não importa qual dia seja da semana, importa que toda primeira lua cheia após o equinócio, será o dia 14 de Nissan do calendário judaico. 
Naquele ano de 3789 do calendário judeu, correspondente ao ano de 29 d.C. do calendário gregoriano, a celebração da Páscoa ocorreria num dia de sábado, porém em lei posterior do Senhor dada a Moisés ao renovar a aliança com o povo judeu, novas regras foram ordenadas, manteve-se a festa de ázimos *(mês das espigas); a lei do primogênito que devia ser consagrado a Deus e das oferendas; do trabalho por seis dia e o descanso do sétimo; celebração da festa das semanas, da ceifa do trigo e da colheita do ano; três vezes por ano os varões deveriam se apresentar à Deus; a festa da Páscoa e outras. Contudo, foi nessa aliança que foi institucionalizada a ordenação do sábado, em que estabeleceu que todo que trabalhar nesse dia seria morto. (Êxo 33:1-3). Foi por conta disso que a celebração da Páscoa naquele ano se deu num sábado, e o Sabá desse sábado, quando isso ocorria era transferido para o sábado anterior, tomando a forma de um Grande Sabá, onde nada poderia ser feito de maneira nenhuma. Um outro aspecto a ser considerado é que o dia judaico inicia-se ao por de sol e não na meia-noite a maneira romana, por isso a primeira hora do novo dia se dava após o por do sol, essa consideração se faz importante porque a Páscoa teve seu início ao fim do crepúsculo do dia anterior, sexto dia, 13 de Nissan, e na primeira hora do sábado, dia 14 de Nissan do ano judaico de 3789, logo Jesus tinha sido crucificado no sexto dia *(sexta-feira), véspera da Páscoa, estando já morto na primeira hora do sábado, quando o “cordeiro do sacrifício pascal” deveria estar pronto para ser “consumido” naquela noite da sábado da celebração da Páscoa.
Sem esse esclarecimento sobre os costumes religiosos dos judeus se torna praticamente impossível entender todo o significado divino da Imolação do “cordeiro de Deus”, do avatar de Deus, Jesus, representando também a personificação e encarnação do filho primogênito de Deus. Uma falta de entendimento que marcou a cristandade até muito recentemente, que pouco ou nada compreendia do "sacrifício pascal" feito por Jesus.
Foi a partir do milagre da ressurreição de Lázaro praticado por Jesus, que o que parece ser uma série de eventos desafortunados, serão na verdade os primeiros passos para a glorificação de Deus na terra, aos olhos dos seres humanos. Sendo assim, não podemos esquecer doravante, nem por um instante que o personagem principal dessa história não é um personagem comum, por assim dizer, o nosso HERÓI é um ser poderoso, a encarnação do próprio Deus na condição humana, onde seu corpo lhe é apenas um veículo de manifestação, ao qual constituiu como sua forma para manifestar-se entre as pessoas como um “igual”, ou seja, "um semelhante". A partir desse momento essa narrativa tomará um tom dramático e impressionante, que exigirá um pouco mais da atenção de vocês que o habitual para compreender a verdadeira dimensão dos acontecimentos, os quais influenciam as nossas vidas até os dias de hoje de maneira impressionante.
Retomando o curso dos acontecimentos, Jesus tinha ressuscitado Lázaro no sexto dia da semana (sexta-feira) dia 6 de Nissan de 3789, no dia seguinte era o dia 7, e seria comemorado o Grande Sabá, ao descanso completo do sétimo dia. Então, no primeiro dia da semana *(domingo), dia 8 de Nissan, foi oferecido na casa de Lázaro um grande banquete para comemorar o seu retorno a vida. Faltavam seis dias para a Páscoa e Jesus estava mais uma vez hospedado na casa de Lázaro. Marta como sempre estava atarefada em bem servir aos convivas, gerenciando os servos para que nada faltasse. Jesus estava deitado num divã como era costume na época entre as famílias abastadas e de boa educação e Maria Madalena pegou uma libra de bálsamo de nardo de alta qualidade e muito caro e ungiu os pés de Jesus, e repetindo o gesto de quando o conhecera, enxugou os pés de Jesus com seus cabelos externando a dedicação do seu amor por ele. A casa toda se encheu do perfume do bálsamo.
Estava no banquete também os discípulos de Jesus, e entre eles Judas Iscariotes, que era o responsável pela bolsa de dinheiro, eu contabilizava os ganhos e os gastos com dinheiro da comitiva de Jesus, e ele disse para Maria Madalena:
- Por que não vendeste esse bálsamo por trezentos denários e não deu o dinheiro aos pobres?
Ora, Judas Iscariotes não estava dizendo isso porque se interessava pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa furtava o que nela se lançava.
Ao ouvir isso Jesus irritou-se e disse a Judas Iscariotes:
- Deixai-a! E não a aborreça! Ela me faz uma ação boa. Ela guardou este perfume para me embalsamar antes do dia da minha sepultura. Pois sempre tereis os pobres convosco, mas a mim nem sempre me tereis. Podereis fazer bem sempre que quiseres aos pobres, mas a mim não me tereis sempre. (Jo. 12: 1-8; Mt. 26:6-13 e Mr. 14:3-9)
Jesus firmando o seu olhar em Judas Iscariotes começou a contar uma parábola:
- Havia um homem que tinha uma vinha. Ele a arrendou a lavradores e deixou o país. Vindo o tempo da colheita ele enviou três dos seus servos aos lavradores para recolher a produção da vinha. Mas, os lavradores agarraram os servos feriram um, apedrejaram outro e mataram o terceiro. Então o senhor da vinha enviou mais servos em maior número e os lavradores fizeram o mesmo que antes. Enfim, o dono da vinha decidiu enviar o seu filho, acreditando que que os lavradores o respeitariam. Mas ao verem o herdeiro, os lavradores o levaram para fora da vinha e o assassinariam sem nenhuma piedade para poderem ficar com sua herança. Pois bem: quando voltar o senhor da vinha, que fará ele àqueles lavradores?
Responderam a Jesus:
- Mandará matar sem piedade aqueles miseráveis e arrendará sua vinha a outros lavradores que lhe pagarão o produto da vinha a seu tempo. (Mt. 21:33-41)
- Disseste bem. - acordou Jesus.
Então, Jesus acrescentou, mantendo seu olhar em Judas Iscariotes:
- Miserável do corpo que depende de um corpo e da alma que depende dos dois. (To. 87) Infeliz da carne que depende da alma; infeliz da alma que depende da carne. (To.112)
Jesus assim falava pois sabia do apego de Judas Iscariotes às coisas desse mundo e que não conseguia entender nada sobre as coisas celestiais. Alguém poderia considerar que naquele momento Satanás ganhou domínio sobre o espírito de Judas Iscariotes, se aproveitando do ódio que ele sentira de Jesus por tê-lo humilhado na frente de todos os presentes por causa daquela mulher que teimava de tratar como se fosse um dos seus discípulos, a ponto de confidenciar-lhe ensinamentos e segredos que não falava com ninguém mais. A situação era tão escandalosa aos olhos dos discípulos que tinham ciúmes e inveja de Maria Madalena, que um dia Simão Pedro aproveitando-se da ausência dela, disse a Jesus:
- Que Maria saia do meio de nós, pois as mulheres não são dignas da Vida.”
Jesus, ficou pasmo com as palavras injustas de Pedro e respondeu com dureza:
- Eis que eu a atrairei para que ela se faça como um homem. Para que ela também possua espírito vivo *(de inteligência) semelhante a vós homens. Pois, toda mulher que se fizer espírito vivo como o homem entrará no Reino dos Céus. (To. 114)
Essa declaração de Jesus sobre a futura condição das mulheres acirrou naquele momento ainda mais a discriminação dos homens judeus sobre as mulheres, as quais tratavam como se fossem objetos ou animais, não possuindo nenhum direito à vida, e caso se rebelassem eram condenadas à morte, fosse sob acusações muitas vezes falsas de feitiçaria ou de adultério. Em razão disso Judas Iscariotes fez o seu pensamento contra Jesus, tomado de ciúmes e inveja de Jesus por causa de Maria Madalena, e agiu do mesmo modo que Lúcifer quando por ciúmes e inveja de Adão com Eva, tomou a forma de uma serpente para atrair Eva e Adão para o pecado. Ora, Lúcifer ao ter semeado a discórdia foi também castigado por Deus junto com Adão e Eva, expulso das hordas celestes tornou-se Satanás a fim de atormentar Adão e Eva e assim poder ser para eles sempre uma pedra de tropeço, condenando a raça humana ao sofrimento em razão de seus pecados contra Deus. 
Não se pode atribuir a Satanás a atitude de Judas Iscariotes, mas pode-se dizer que Judas Iscariotes foi vítima da maldade já existente no seu ego, facilitando que Satanás exercesse sobre ele um fácil influência. Jesus não se cansava de ensinar aos discípulos que tinham que aprender a resistir ao pecado, pois Satanás se aproveitava das pessoas desprevenidas e descuidadas, incapazes de defenderem tanto a integridade física de seu corpo contra os ladrões das coisas materiais como a integridade de sua alma ficando sempre dependentes de seus desejos, abertas aos pecados e servindo aos propósitos de Satanás. Sim, Satanás é um aproveitador de situações a espera de dar o bote, mas a pessoa forte tem poder para lhe pisar a cabeça e impedir o seu mal. Mas, Judas Iscariotes não era um homem forte, ao contrário era um homem de caráter fraco e mesquinho. Assim, saiu sorrateiramente do banquete e foi ter com os príncipes dos sacerdotes no Templo e perguntou-lhes:
- Que quereis dar-me para que eu o entregue a vós?
E os sacerdotes acertaram com ele a quantia de 30 moedas de prata, o preço estipulado na Lei pago geralmente por um escravo ferido (Êx. 21:32). Assim, desde aquele instante Judas Iscariotes passou a procurar uma ocasião para entregar Jesus. (Mt. 26:14-16)
Ora para se ter idéia da insignificância do valor que Judas Iscariotes aceitou para vender Jesus, considere-se que a moeda de prata mais comum naqueles dias, era o denário romano, portanto Jesus foi vendido pelo valor de 30 denários. Como vimos na parábola dos operários da vinha (Mt. 20:2), o salário de um dia de trabalho era de um denário, ou seja 30 denários seria o salário de um mês de um camponês. Por sua vez, o próprio Judas Iscariotes calculou que a uma libra (* aproximadamente 450 gramas) de bálsamo usado por Maria Madalena para perfumar Jesus renderia caso vendido 300 denários, uma verdadeira fortuna. Portanto, Judas Iscariotes vendeu Jesus por um décimo do valor do perfume, tal era a inveja, o ódio e a raiva que ele estava sentindo de Jesus, por ele o ter preterido e humilhado em favor de uma mulher! Mas, Jesus, que como sabemos era o próprio Deus em pessoa, sabia muito bem o que acontecia com Judas Iscariotes, que afinal não passava de um bode expiatório para fazer o que podemos dizer o necessário “trabalho sujo”. 
Ora, se há uma coisa que Jesus ensinava, e que não deve pairar dúvida, é que nem todas as desgraças são sempre castigo, muitas desgraças acontecem como aconteceu a Jó, que foi avassalado pelo infortúnio só para provar a Satanás quão grande era a sua integridade e sua fidelidade a Deus, portanto a provação muitas vezes vem para o bem, é o caso da doença de Lázaro, cuja morte veio para glorificar Jesus como Filho de Deus.
Naquela noite ainda, uma grande multidão de judeus veio a saber que Jesus estava na residência de Lázaro, e chegaram até lá não só para verem a Jesus, mas para verem a Lázaro que por Jesus fora ressuscitado com os próprios olhos. (Jo 12-9). Assim, Jesus levou Lázaro com ele para cumprimentar as pessoas que estavam a esperá-los fora da casa. E Lázaro seguiu atrás de Jesus à sua direita, caminhando lentamente e com gestos vagarosos, mas seu rosto era altivo e uma expressão de agradecimento enfeitava o seu semblante. Seus olhos ainda estavam encovados e traziam resquícios do estado mortal pelo qual passara, todavia eles não expressavam de maneira nenhuma algum terror, nem pareciam que tinham em algum momento sido fechados pela morte, não, seus olhos brilhavam e pareciam plenos de felicidade. O sorriso nos seus lábios absolutamente não era de um idiota, ou de alguém que falte vontade ou espírito, ao contrário, seu sorriso era pleno de gentileza, como quem tinha penetrado no mais alto segredo da vida e encontrado toda a paz e a sabedoria que nela podia existir. Seu sorriso era tanto como de quem tinha olhado a cara da Morte e sido vitorioso, resolvendo o maior dos mistérios da Vida e alcançado a compreensão do significado completo do que está além da vida e do que significa a vida eterna, como de quem após o fracasso, a vergonha e a humilhação de um adoentado, caiu chegando à beira do túmulo e dando um vislumbre rápido à cova a que está destinado, milagrosamente retorna a vida. Lázaro ainda estava tomado por um estado de perplexidade e maravilhado com o que tinha lhe acontecido. E Jesus tomando a mão de Lázaro o amparou para que todos o vissem e o contemplassem em seu estado de redivivo. Contudo, a crescente devoção que Jesus estava a despertar com o milagre de Lázaro, levou os os sacerdotes a conspirarem para a morte de Lázaro também, de modo que logo que se viu mais fortalecido foi convencido pelo próprio Jesus a partir. Lázaro foi levado embora de Jerusalém e ficou se convalescendo na propriedade da família em Magdala, cidade onde Jesus e Maria Madalena se conheceram, não acompanhando os últimos acontecimentos na vida terrena de Jesus, pois a missão de Lázaro na vinda de Jesus já estava cumprida.
  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

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