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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 32. JESUS E A REVELAÇÃO DA VIDA ETERNA

JESUS, AMOR & FÉ *

32. JESUS E A REVELAÇÃO DA VIDA ETERNA 

Nós julgamos sem saber o que se passa realmente. Nós julgamos que algo é mau pois não analisamos as consequências, não conhecemos o enredo do destino por completo. Consideramos a morte uma coisa má porque desconhecemos o que acontece após a morte. Consideramos o sofrimento mau, pois não compreendemos a razão pela qual se deve sofrer. 
Eu devo o início da minha pesquisa sobre Jesus em razão da minha sobrevivência em 17 de novembro de 1984 das garras da morte, e me parece hoje que meu quase morrer foi um mal que resultou em um bem maior. Após alguns anos a esse traumático incidente, chegou às minhas mãos uma das primeiras versões do Evangelho de São Tomé, encontrado em 1945, cuja tradução para o português se deu em 1988,  sendo que a primeira tradução para o inglês se dera nos EUA, em 1977.  O  Evangelho de São Tomé era, então, um assunto delicado e foi classificado como um Evangelho gnóstico cuja data de sua primeira versão poderia ser de 40 d.C a 140 d.C., apesar de tudo, era de grande importância para os estudiosos de Jesus, sendo aquele um dos últimos documentos surgidos a respeito de Jesus no século XX. 
Foi através da leitura desse novo Evangelho que passei a empenhar-me numa pesquisa metódica sobre Jesus, o homem-deus que vivera sobre a terra, e mais do que isso passei a ambicionar a entender Deus, e a razão do destino trágico que dera a si mesmo em sua vinda à Terra. Naquele tempo sem Internet, não era tão fácil obter boas informações, além do que as igrejas cristãs não tinham interesse em questionamentos sobre a verdade de Jesus, isso não era lucrativo em nenhum sentido. Além do que o mundo vivia seu tempo final da Guerra Fria, e aquele era um outro mundo, onde liberdades individuais era um pensamento lúdico e bastante mais filosófico do que prático. 
“É maravilha que a carne tenha vindo à existência por causa do espírito; e maravilha das maravilhas que o espírito tenha vindo à existência por causa do corpo. Mas, eu me maravilho muito mais disto: Como é que essa grande riqueza pôde habitar nessa pobreza?”, Ao terminar de ler essas palavras de Jesus da passagem  29 de Tomé, que eu encontrei a mesma pergunta que rondava a minha cabeça há tanto tempo e que era causa constante da minha admiração: como Deus veio habitar nessa situação miserável que é o corpo? Como um ser superior como Ele em sã consciência ia querer viver prisioneiro de um corpo e conhecer a horrível experiência de se ser escravo das necessidades físicas? Por que sendo livre alguém se sujeitaria à uma escravidão tão poderosa que muitos não conseguem se libertar nunca durante a vida? Dizia-me isso porque o que eu mais testemunhava na vida era gente morrendo devido às necessidades que tinham criado para si mesmas. 
Assim foi com avidez que continuei a minha leitura de Tomé. Já na passagem 58, Jesus disse: “Feliz do homem que sofreu (penou); ele encontrou a Vida”. Ora, não é lá muito compreensível, mas é preciso perder para se reconhecer o valor do que se possui, e, queiramos ou não, essa é uma estranha realidade. Só o sofrimento nos leva a encontrar o valor e a razão da vida, mas seria necessário mesmo tal mal para se valorizar a vida? A resposta parece vir na passagem 69: Jesus disse: “Felizes daqueles que foram perseguidos em seus corações: foram eles que conheceram o Pai na verdade. Feliz do que tem fome, pois se encherá o ventre de quem o deseja.” Pois, sem dúvida, o sofrimento assola o coração e em dado momento só Deus pode dar o consolo à alma aflita, será tudo entre ela e Deus apenas. A alma que busca o conhecimento só encontra o alimento que a contente em Deus. Momento que compreende que está no Todo, e o Todo é Deus, e nada existe fora do Todo. E de certa maneira após esse encontro com Deus, o ente não pertence mais ao mundo e anseia por retornar ao Todo, pois conheceu a si mesmo. Por isso está escrito na passagem 80: Jesus disse “Aquele que conheceu o mundo encontrou (ou dominou) o corpo, mas o mundo não é digno de quem dominou o corpo.” Mas, a questão disso vem a seguir na passagem 81; Jesus disse “Quem enriqueceu, se torne rei, mas quem tem a força, que possa renunciar a ela.” Nada mais difícil nesse mundo do que tendo um status se renunciar a ele, por um motivo ou por outro, até a renuncia por causa de uma ética moral é um dilema difícil de ser decidido. 
Destarte, só aquele que já renunciou ao que tem por um bem maior, e que desapegou-se de suas necessidades é que pode compreender a passagem 84, em que Jesus disse: "Nos dias em que vedes vossa semelhança, vós vos rejubilais. Mas, quando virdes vossas imagens, produzidas antes de vós, que não morrem nem se manifestam, o quanto tereis de suportar!” Ora, que assombro é quem pode ver a si mesmo e descobrir que o corpo não passa de uma “casaca"! Saber que se é Espírito e não corpo, e, assim, adquirir a plena consciência disso e compreender o que quer dizer “conhece a ti mesmo”. Isso assusta! Pois este é o dia em que, então, se há de ver o filho do Vivente, e não ter medo! (Tomé 37) tal como está escrito na passagem 111 ; Jesus disse: “Em vossa presença os céus se desdobrarão e o Vivente (saído) do Vivente não verá a morte nem (terá medo) , porque eu disse: “O mundo não é digno daquele que se encontra a si mesmo.” Esse é o drama maior do que o medo da morte, é descobrir a imortalidade da alma, como está escrito na passagem 50 do Evangelho de São Tomé, onde Jesus disse: “Se eles vos dizem ‘De onde vindes?’, dizei-lhes: ’Nós viemos da luz, do lugar onde a luz nasceu dela mesma; ela (se ergueu) e revelou-se em sua imagem’. Se eles vos dizem ‘Quem sois vós?’, dizei: ’Nós somos seus filhos, pois nós somos os eleito do Pai vivo’. Se eles vos perguntam: ‘Qual é o sinal do vosso Pai que está em vós?’, dizei-lhes: ‘É movimento e repouso’.”
Ora, de fato, a vida é movimento e repouso! Por esse motivo Jesus disse “Vinde a mim, pois meu jugo é bom e meu domínio é suave; em mim encontrareis repouso”. Pois quando nos tornamos dignos de Deus, encontramos toda a grande força e a riqueza de onde saímos e passamos a agir de maneira magnânima, não só porque o mundo não pode nos oferecer maior riqueza ou força do que já possuímos quando Deus está conosco, como não é capaz de nos dar a paz do repouso da nossa consciência em Deus, estando a consciência doravante certa de sua eternidade em Deus. Ora, aquele que compreende a eternidade da vida e consegue aceitá-la sem vertigem, esse também aceita a presença de Deus em todas as coisas, e está em paz consigo mesmo, pois a ele foi revelado que a vida é eterna.
João Batista foi um sagrado instrumento de Deus, e viveu sua vida para aquilo que fora disposto por Deus, foi ele o mensageiro, aquele que preparou o caminho para o tempo da manifestação de Deus na Terra Prometida, na pessoa de Jesus, o homem-Deus, o avatar divino. Do mesmo modo que Deus gerou a Jesus, fez João descer dos céus, deixando o seu estado angelical para servir Deus na carne, nesse quesito podemos aventar a possibilidade de ele ter sido um avatar do Arcanjo Gabriel, aquele que anunciou a vida de Jesus a Maria, uma possibilidade provável para quem aceita que os anjos podem tomar forma humana para trabalharem para Deus sobre a face da Terra. 
Portanto, quando ao final daquele verão com o aproximar do outono, a vida de João Batista foi ceifada pelo rei Herodes, devemos ver como um mal praticado pelas mãos humanas por vezes pode estar concorrendo na grandiosidade do poder de Deus, exatamente por isso nada absolutamente significa, como bem disse Jesus “Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma; temais, sim, Aquele que pode precipitar a alma e o corpo no Inferno.” (Mt. 10:28) A vida humana existe para atender um propósito divino de atividade, atingido esse propósito tal vida é colhida do mundo para retornar ao todo divino a que pertence e ter seu merecido repouso. 
Conta a História, que o rei Herodes Antipas, era filho do Herodes, o Grande, que fora casado várias vezes, sendo que em uma delas com a filha de um alto sacerdote do Templo, que se envolveu numa conspiração com seu filho primogênito numa tentativa de envenená-lo em 4 a.C., mas acabou morrendo naquele ano mesmo aos 70 anos de idade, deixando o reino dividido entre Herodes Antipas,, Tetrarca da Galiléia, Herodes Arquelau, tetrarca da Judéia, e Filipe, o tetrarca de Traconítide. Ora, Herodes Antipas, foi para Roma e lá tomou a mulher do meio-irmão, Herodes Filipe, neto do sumo sacerdote e a trouxe a Herodiasde - que era também neta de Herodes o grande e irmã de Herodes Agripa, rei falecido da judéia - e sua filha Salomé para morarem com ele na Galiléia. O que era um tremendo escândalo moral, já que ambos não eram casados e não poderiam se casar pela lei, pois ela era casada. Por volta de 18 d.C, Herodes Arquelau, que tinha ficado como rei da Judéia faleceu, e o trono estava vago, havendo uma disputa política em andamento entre Herodes Antipas e seu irmão Filipe, o Tetrarca, pois Herodes Antipas queria ser o rei dos judeus.
No dia do seu aniversário, a situação se apresentou para que Herodes Antipas colocasse o fim desejado na vida de João Batista que estava aprisionado na masmorra de seu palácio em Tíberiades, pois como saduceu ele tinha medo de almas de outro mundo e de que João Batista ressuscitasse para o acusar de seus mal atos virando o povo contra ele. Assim, por artimanha de uma mulher devassa, que faz uso de sua filha para seduzir o rei e exigir a cabeça de João Batista numa bandeja de prata, esse homem hediondo é lembrado até os nossos dias, quando deveria ter sido esquecido, todavia que sirva para lembrar da sordidez da natureza humana e a que ponto uma pessoa pode descer tão baixo pelas necessidades de seu corpo inútil. Bom, João Batista, não foi o primeiro ser humano e nem mesmo seria o último a perder a própria cabeça, dir-se-ia que é uma morte rápida, há historiadores que a descrevam como uma “morte limpa”, se isso for possível!, tanto que só os cidadãos romanos mereciam a “dignidade” de serem decapitados. De qualquer forma o ato é sanguinolento, mas bem menos bárbaro do que as formas cruéis de morte que a mente humana era capaz de criar naqueles horríveis tempos de obscuridade (Mt. 14:1-12; Mr. 6:14-29 e Lc 9:7-9).
Jesus estava em Nazaré quando foi informado da triste notícia por antigos discípulos de João Batista, que tinham transladado o corpo do palácio e o enterrado. Jesus ficou muito entretecido, mas sendo quem era sabia que isso fazia parte do seu destino, que João Batista viera ao mundo seis meses antes dele e que partira de retorno aos céus seis meses antes dele também. A respeito de João Batista, disse Jesus:
- Em verdade vos digo, entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. No entanto o menor no reino dos céus é maior do que ele *(porque o estado celestial é superior ao terreno). Desde a época de João Batista até o presente, o reinos dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam *(o uso da força e da espada em nome de Deus para se ter atendida na terra as ambições humanas). Porque os Profetas e a Lei tiveram a palavra até João. E, se quereis compreender é ele o Elias que devia voltar. Quem tem ouvido ouça” (Mt. 11:11-15).
Depois disso Jesus desceu sozinho para Cafarnaum e lá aguardou o retorno dos seus apóstolos. Nesses dias o tetrarca Herodes Antipas ouviu falar de tudo o que Jesus fazia e ficou perplexo, tomando consciência de que fora inútil decapitar João Batista, a ameaça de um Messias ainda existia, como fora dito ao seu pai no passado. Uns diziam: “É João que ressurgiu dos mortos”; outros: “É Elias que apareceu”; e ainda outros: “É um dos antigos profetas que ressuscitou” e outros apenas diziam: “Ele é Aquele que esperamos de quem falava Moisés, Davi e Isaías.” Mas Herodes dizia:
- Eu degolei a João. Quem é pois, este, de quem ouço tantas coisas?
E Herodes procurava ocasião para ver a Jesus. (Lc. 9:7-9)
Naturalmente muitos criticaram Jesus por não ter salvo João Batista e ao que se saiba nem ter ido visitá-lo na prisão, dois enganos lamentáveis, prova de falta de Fé de quem não acredita que Jesus não é a manifestação de Deus na carne e concebe a vida apenas em conceitos limitados às coisas terrenas, esquecendo do quão são diferentes das coisas celestiais. Jesus sempre se retirava para um lugar isolado para rezar, sempre de uma maneira ou de outra estava orando. Ele ensinou aos seus discípulos dizendo:
- E, eu vos digo: Pedi e vos será dado, buscai e achareis; batei e vos abrirá. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, ser lhe abrirá… Se vós sendo maus sabeis dar coisa boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que pedirem-lhe. (Lc. 11:1-13)
Pois, creiam, Jesus não deixou João Batista desamparado no sofrimento nem por um único instante, seu Espirito Santo o reconfortou por todo o tempo dando força e coragem até o minuto derradeiro, até nesse momento Jesus estava com João Batista, pois Deus jamais abandona um dos seus servos, até mesmo os seus anjos são confortados na hora da provação quando estão a Seu serviço. Esse é o mistério da Fé que é dado por Deus a todos que nele acreditam.
  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

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