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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

JESUS, AMOR & FÉ - 34. JESUS E MARIA MADALENA - UM AMOR SEM MEDIDAS

JESUS, AMOR & FÉ *

34. JESUS E MARIA MADALENA - UM AMOR SEM MEDIDAS

Na época de Jesus, duas condições eram lamentáveis: a das crianças e a das mulheres. Só uma condição possuía dignidade a do homem, a contar de quando saia da dependência de sua mãe até o final de seus dias o homem com as oportunidades certas seria digno de um status superior na sociedade. No passado o poder da mulher foi perdido quando o homem descobriu que ele era o responsável pela gravidez da mulher e pela geração de novos seres para perpetuar a espécie. Não seria errado dizer que a partir desta descoberta o órgão sexual masculino, o “falo” subiu à cabeça do homem, e com prazer desmedido passou a usar seu membro sexual para dominar a mulher, tal como a “serpente” enganara a Eva, o falo masculino levaria a mulher à perdição, à servidão, à escravidão e por ele seria dominada e subjugada à força. Não é por acaso que a principal arma criada pelo homem, a espada, em tudo remete a idéia do falo masculino e assim seria até a descoberta da pólvora, quando seria substituída pelas armas de fogo, às quais também possuem a forma do membro sexual masculino, tal como as bombas e foguetes contemporâneos. 
Porém a condição da mulher na História Antiga se diferenciou conforme a cultura. No Egito a mulher fora tão respeitada que Hatsheput (1.508 a.C - 1.458 a.C.), viúva de seu marido e meio-irmão Tutmés II, reinou sozinha e foi a primeira rainha do Egito, digo rainha pois o termo “Faraó”, não era usado pelos egípcios como título de realeza, apesar de serem responsáveis pela criação da “monarquia absoluta” e das “dinastias reais”, mas o termo era empregado pelas pessoas do povo, que se referiam ao “palácio”, como “casa elevada”, sendo esse o significado da palavra Faraó, que só passou a ser usado como título no tempo em que Moisés redigiu o Pentateuco (Torá). Já próximo ao tempo de Jesus, outra rainha do Egito descendente da dinastias do general romano Ptlomeu, o mesmo que conquistara a Judéia, chamada Cleopatra ganhara notoriedade por seu casamento com Júlio Cesar, o primeiro imperador romano e depois de sua morte por seu romance que a levaria à morte com o general Marco Antonio, um dos assassinos de seu marido. Mesmo na Grécia, o glorioso século do estadista Perícles (495 a.C. - 429 a.C), que divorciado após 10 anos de casamento de sua esposa, não podendo contrair novo matrimonio segundo a lei de Atenas, tomou como amante e concubina a Aspásia, uma mulher de grandiosa sabedoria, que inaugurou a primeira escola para jovens mulheres de boas famílias e chegou a inventar novos métodos de aprendizado, inclusive foi referida pelo próprio Sócrates como uma das mais importantes personalidade a orientá-lo em seu desenvolvimento educacional e filosófico, principalmente na arte da retórica e na formulação do método socrático. Contudo, entre os judeus apesar do papel relevante de certas mulheres na história dos judeus, tal como Ruth, a cultura “misógina” que impregna os ensinamentos de Moisés, que chega ao ponto do absurdo ao não nomear o nome da mulher de Noé, para propositadamente não dar a ela nenhuma dignidade, eliminando um conceito de “segunda Eva”, ou mais precisamente, definindo como “invisível” o papel da mulher na história da Humanidade, a ponto que segundo as lei mosáica as mulheres eram destituídas de “alma” e, creiam-me, foi só graças à Igreja Cristã Romana, que no ano de 584 da nossa era, no Concílio de Macon, cidade próxima a Lion, na França, que oficialmente foi atribuída à Mulher a mesma dignidade que ao Homem, sendo-lhe reconhecido que ela portava também uma ALMA, tal como o Homem!
Tendo em vista, a miserável condição da mulher na cultura judaica, imagine-se o terrível destino que poderia ter uma mulher de espírito livre e dotada por Deus de uma inteligência incomum e brilhante, sem dúvida ela teria uma vida atormentada, principalmente se fosse bonita, rica e tivesse acesso ao conhecimento de uma realidade restrita só a uma elite de privilegiados. O nome hebreu, Miriã, vinha do egípcio de “mry” que quer dizer “amada”, esse era o nome da irmã mais velha de Moisés (Êxodo 2:1-10), que ajudou a salvar sua vida e era profetiza. O nome se tornou popular no tempo de Jesus por causa da rainha Mariana, filha de um grande sacerdote do Templo que foi casada com Herodes, o Grande. Por influência romana, veio a ser grafado como Maria, versão latina do nome Marius, que significa “rebelião” em referencia ao deus da guerra romano Marte. Assim esse nome era muito popular, e entre as mulheres que seguiam Jesus, tais como sua mãe, sua tia Maria Salomé mulher de Zebedeu e Maria, casada com Alfeu de Cleófas, mãe de Tiago, o menor.
Quando Jesus chegou através do mar da Galiléia com seus discípulos à Magdala (ou Magadã), que ficava próximo a Tiberíades cidade de Herodes, com o intuito de tomar o caminho que o levaria para Jerusalém, aconteceu que Jesus foi convidado por um fariseu a ir comer na casa dele *(porquanto Jesus era amigo de publicamos, cobradores de impostos e tantos outros, e não fazia distinção de pessoa quanto ao seu status social). Assim, Jesus entrou na casa do fariseu e tomou seu lugar à mesa. E, aconteceu que uma mulher que padecia de muito sofrimento na alma, apesar de ser rica e levar uma vida livre de convenções sociais, uma típica Aspásia judia, que buscava conhecer a Jesus, e estando na região sabendo que Jesus estaria na casa de um de seus amigos, correu até onde Jesus estava e entrando, pois era conhecida do anfitrião, portava um vaso rico de alabastro cheio do mais precioso perfume; e ela se colocou por detrás de Jesus aos pés dele e começou a chorar, como faz um cachorrinho de estimação desejoso da atenção de seu dono, e suas lágrimas começaram a cair banhando os pés de Jesus, e ela não conseguia contê-las pois elas vertiam de seus olhos como uma se fossem de uma nascente, e ela enxugava os pés de Jesus com seus cabelos e os ungia com o perfume. 
Ao presenciar a cena, o anfitrião dizia consigo mesmo em seu pensamento: “Se este homem fosse mesmo um profeta, bem saberia quem é e qual mulher o toca, pois é uma pecadora.” Assim, o fariseu julgava a mulher que apesar de ser sua amiga, era apenas para ele uma amizade de diversão, pois ela não se comportava como uma boa mulher judia deveria se comportar e estava sempre desafiando a submissão que fora imposta à mulher desde Eva, e não aceitava sobre ela o jugo de homem nenhum, portanto vê-la naquele estado de humilhação e prostração aos pés de Jesus era uma verdadeira afronta ao anfitrião que tanto a cortejava e a quem ela não cedia de maneira seus favores sexuais, não importando quanto ele oferecesse, pois a tratava como uma prostituta, quando ela não o era. E, Jesus sabedor disso tudo, lançou um olhar duro ao seu anfitrião e disse-lhe:
- Simão, tenho uma coisa para dizer-te.
- Fala mestre. - respondeu-lhe o fariseu.
- Um credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro, cinquenta. Não tendo nem um nem outro como pagarem as suas dívidas; o credor perdoou a divida de ambos. Qual deles o amará mais? - perguntou Jesus a Simão, e ele respondeu:
- A meu ver aquele a quem mais ele perdoou.
Jesus replicou-lhe:
- Julgaste bem.- e olhando com piedade a mulher, Jesus continuou falando a Simão -, vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para lavar os pés como sinal de tua atenção segundo manda a Lei e de que seria bem recebido por ti; mas esta mulher com suas lágrimas lavou-me os pés e enxugou-os com seus cabelos. Não me deste o beijo fraterno de amizade; mas ela não desde que entrou não cessou de beijar os meus pés. Tu não me ungiste a cabeça com óleo, mas ela com o melhor perfume ungiu-me os pés. Por isso eu te digo: SEUS NUMEROSOS PECADOS LHE FORAM PERDOADOS PORQUE ELA TEM DEMONSTRADO MUITO AMOR. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama.
E terminando de dizer isso Jesus perguntou à mulher:
- Qual é o teu nome, minha filhinha?
E, ela como os olhos ainda a verter lágrimas que banhavam suas faces, levantou sua face para encontrar os olhos de Jesus repletos de piedade e disse:
- Maria.
E Jesus disse à ela colocando sua mão direita sobre a cabeça dela:
- Magdalena, os teus pecados estão perdoados. TUA FÉ TE SALVOU; PERMANEÇA EM PAZ - e assim o disse pois a mulher era muito atormentada em sua alma e jamais tivera paz.
E, os que estavam com Jesus à mesa começaram a murmurar entre si:
- Quem é este homem que até perdoa os pecados? - e murmuravam assim, pois os pecados só podiam ser expiados e perdoados mediante ofertas ao templo de caros sacrifícios e vultuosas somas oferecidas aos sacerdotes. (Lc.7:36-50)
Assim se cumpria mais uma profecia: “Por amor a ela *(Sião), eu não me calarei, por amor a ela *(Jerusalém) não terei sossego, até que sua justiça brilhe como a aurora, e sua salvação como uma chama e todas as nações verão então a tua vitória e todos os reis o teu triunfo. RECEBERÁ ENTÃO UM NOVO NOME, DETERMINADO PELA BOCA DO SENHOR.” (Isaías 62 1-2)
O nome Magdalena de origem aramáica queria dizer “a que vive na torre de Deus”, ou simplesmente “Torre”, e Jesus deu esse nome a Maria em razão de sua missão, bem descrita pelo profeta Isaías com as seguintes palavras: “Sobre tuas torres *(muralhas), Jerusalém, coloquei vigias; nem de dia nem de noite devem calar-se. Vós que deveis manter desperta a memória do Senhor, não vos concedais descanso algum, não os deixeis em paz, até tenha restabelecido Jerusalém para dela fazer a glória da terra.” (62:6-7) E, será exatamente esse o papel desempenhado por Maria Madalena em sua missão de vida como a discípula mais amada de Jesus, aquela que Santo Agostinho bem disse que estava “no início de um movimento que transformaria o Ocidente” e que dói sem dúvida a “Apóstola dos Apóstolos” como bem ele atribuiu esse título honorífico a ela.
Foi assim que se deu o encontro de Maria com Jesus, chamada por ele Madalena, da qual fora-lhe tirado sete tormentos (* demônios, Lc. 8-2 ), a saber: as trevas, o desejo, a ignorância, o medo da morte, os desejos da carne, a vã sabedoria da carne e a sabedoria irada. O que subjugava a alma de Maria, tirando-lhe a paz e não lhe dando sossego fora eliminado, meu desejo foi consumido e a ignorância morrei. Num instante, de um mundo fui libertada para outro mundo, fui libertada para um mundo celestial e foi libertada também dos grilhões das memórias do mundo terreno e de suas coisas são transitórias em razão do perdão dos seus pecados (Evangelho de Maria Madalena - Codex Akhmim (Cairo-1896), publicado em 1955, de propriedade de Dr. Carl Rheinhardt).
Entende-se por costume da época não se queria atribuir a Maria Madalena o seu devido valor, mas é incompreensível o que fizeram à reputação dessa mulher atormenta, que era mais fácil ser uma virgem do que ser uma prostituta, como o papa Gregorio I , o Grande, em sua Homília XXXIII de 591, revelou uma discriminação só possível de ser perdoada por Deus, tal a injustiça praticada, escreveu ele:
“É claro, irmãos que a mulher (referindo-se a correlação entre as passagens 7:36-50 e 8:2 do Evangelho de São Lucas e a menção feita por João em 11:1-2: “Lázaro caiu doente na Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta. Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os cabelos”) em que previamente usou o ungüento para perfumar sua carne em atos proibidos. Porque o que ela dispusera mais escandalosamente, ela estava agora oferecendo a Deus numa maneira mais prazerosa. Ela tinha cobiçado com olhos terrenos, mas agora através da penitência estava consumida em lágrimas. Ela colocara os cabelos para cobrir sua face., mas agora suas lágrimas secavam suas lágrimas. Ela tinha falado coisas orgulhosas com sua boca, mas beijando os pés do Senhor, agora ela colocava seus lábios nos pés do Redentor. Por cada prazer voluptuoso que ela teve, agora ela imolava a si mesma. Ela tornou a massa de seus crimes em virtudes, a fim de servir inteiramente a Deus em penitência.”
É incompreensível, que se pense que pecados só se cometam em atos, quando tantos são cometidos em pensamentos, e talvez esses sejam os mais ignóbeis. Afinal, poucos anos antes, a Igreja Romana tinha admitido finalmente em 584 que a Mulher tinha alma, contudo isso permitiria que a mulher tendo a dignidade igual a de um Homem viesse a agir como se fosse um e exigir que fosse tratada como uma igual, o que era algo inadmissível para a época, Maria Madalena era um péssimo exemplo de rebeldia, de uma mulher que tivera uma vida livre - mas isso não quer dizer que fosse uma prostituta, muito menos uma devassa como pensou o papa Gregório I, a julgando pelos seus próprios pensamentos pecaminosos-, uma mulher que apesar de seus modos questionáveis fora perdoada por Jesus. Porém, pouca importância se dá ao que Jesus disse à pobre mulher que sofria dores em seu coração, dores de amor, de profundo e devastador amor: “SEUS NUMEROSOS PECADOS LHE FORAM PERDOADOS PORQUE ELA TEM DEMONSTRADO MUITO AMOR.”
Maria Madalena, se havia pecado fora porque amara demais, amara a quem não devia, a homens que não a mereciam e que usavam de seu bom coração para satisfazer seus desejos ulteriores e malditos, pois em cada homem dominado por seu falo habita um demônio. Sim, o pecado de Maria Madalena fora amar mais aos homens do que a Deus, e nisso ela pecou. Mas, quando ela renúncia a tudo em seu coração por amor a Jesus, e suas lágrimas, mais do que expiação por seus pecado, foram elas por renúncia de seus sonhos e de si mesma por amor à Jesus, seu estado de êxtase por ter encontrado o seu caminho, o seu destino, a razão de ser de sua vida, o propósito de existir, sentimentos que a comoveram de modo que seus olhos vertessem lágrimas de vida, lágrimas do mais profundo amor e êxtase.
Saibam, tudo o que foi escrito quanto a Maria Madalena foi uma mentira, coisa do demônio, a fim de confundir e perseguir a Mulher como tem sido feito desde a criação, quando Lucifer invejou a Adão por causa de Eva, e por ter sido ela a causa da desgraça de Adão, o Homem não cansa de perseguir a Mulher, para que ela não tenha graça aos olhos de Deus. Assim, ao perdoar Maria e lhe dar um novo nome, Jesus derrotou os propósitos malignos de Satanás, e deu poder à Mulher de pisar a cabeça do demônio e dominá-lo, chegando a dar a Mulher um papel até mais importante que do Homem durante o seu ministério na Terra Prometida, tal como veremos em próximos capítulos, nos quais Maria Madalena passará a desempenhar um papel cada vez mais grandioso na vida de Jesus.

  • Da coletânea de crônicas diárias publicadas no meu  perfil do Facebook  de dezembro/2014 a abril/2015.

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